Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

antigos como os nossos. Antes da guerra, os nossos serviços de espionagem
dentro da União Soviética consistiam num par de tipos formados em
Harvard e um telégrafo. Quando, de repente, nos encontramos de nariz
colado com o papão russo, não sabíamos nada sobre ele. As suas forças, as
suas fraquezas, as suas intenções. E, pior do que isso, não sabíamos como
descobrir. Que outra guerra estava iminente, era uma conclusão
precipitada. E o que é que tínhamos? Nada. Sem redes, sem agentes. Nada.
Estávamos perdidos, vagueando pelo deserto. Precisávamos de ajuda.
Então um Moisés apareceu no horizonte, um homem que nos guiou através
de Sinai para a terra prometida. Shamron ficou parado por um momento
para poder fornecer o nome deste Moisés: o General Reinhard Gehlen,
chefe da seção Oriental de Estado-Maior Alemão de Exércitos Estrangeiros,
o espião chefe de Hitler na frente russa.
— Dá um charuto a esse homem. — Carter inclinou a cabeça na
direção de Shamron.
— Gehlen foi um dos poucos homens que teve tomates para dizer a
Hitler a verdade sobre a campanha russa. Hitler costumava ficar tão furioso
com ele que ameaçou interná-lo num asilo para loucos. Quando o fim se
aproximava, Gehlen decidiu salvar a própria pele. Ordenou à sua equipe
que microfilmasse o arquivo do Estado-Maior na União Soviética e selasse o
material em tambores estanques. Os tambores foram enterrados nas
montanhas da Bavária e da Áustria; então, Gehlen e a sua comitiva
renderam-se a uma equipe de contraespionagem.
— E vocês acolheram-no de braços abertos — disse Shamron.
— Terias feito o mesmo Ari — Carter entrelaçou os dedos e ficou
um momento olhando para o fogo. Gabriel quase conseguia ouvi-lo contar
até dez para desanuviar a sua fúria. — Gehlen era a resposta às nossas
preces. O homem passou uma vida espionando a União Soviética, e agora ia
nos mostrar o caminho. Nós o trouxemos para este país e colocamos a
alguns quilômetros daqui, em Forte Hunt. Ele tinha todo o sistema de
segurança americano na mão. Disse o que queríamos ouvir. O stalinismo
era um mal sem paralelo na história da humanidade. Stalin queria
subverter os países da Europa Ocidental partindo de dentro e depois atacá-
los militarmente. Stalin tinha ambições globais. Não tenham medo, disse
Gehlen. Eu tenho redes, eu tenho espiões inativos e células infiltradas. Eu
sei tudo o que há para saber sobre Stalin e os seus homens de confiança.
Juntos, vamos esmagá-los.
Carter levantou-se e foi até o aparador para aquecer o seu café.
— Gehlen cortejou-nos durante dez meses em Forte Hunt.

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