Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

palestinos e a destruição da entidade sionista. Ameaças à continuação de
ataques contra alvos judaicos na Europa até a libertação da Palestina.
— O escritório de Lavon era uma fortaleza. Como é que um grupo
que normalmente usa cocktail Molotov e latas de spray conseguiu pôr uma
bomba no Escritório de Investigação e Reclamações do Tempo da Guerra?
Shamron aceitou uma xícara de Chiara.
— A Staatspolizei austríaca ainda não tem certezas, mas acredita
que talvez estivesse escondida num computador que fora entregue no
escritório de manhã cedo.
— As Células de Combate Islâmicas têm capacidade para esconder
uma bomba num computador e infiltrá-lo num edifício seguro em Viena?
Shamron mexeu o açúcar violentamente no café e negou abanando
a cabeça lentamente.
— Então quem foi?
— É óbvio que gostaria de ter a resposta a essa pergunta.
Shamron tirou o casaco e arregaçou as mangas da camisa. A
mensagem era inequívoca. Gabriel desviou o olhar do semblante carregado
e fixo de Shamron e recordou a última vez que o velho o enviara a Viena.
Fora em Janeiro de 1991. O Departamento descobrira que um agente
secreto iraquiano a operar na cidade planeava dirigir uma série de ataques
terroristas contra alvos israelenses para coincidir com a primeira guerra
no Golfo Pérsico. Shamron ordenara a Gabriel que vigiasse o iraquiano e, se
necessário, tomasse ações preventivas. Pouco disposto a suportar outra
longa separação da sua família, Gabriel levara consigo a mulher, Leah, e o
jovem filho, Dani. No entanto, não se apercebera que estava a caminhar
para uma armadilha preparada por um terrorista palestino chamado Tariq
Hourani.
Perdido em pensamentos por um momento, Gabriel finalmente
olhou para Shamron.
— Já esqueceste que Viena é a cidade proibida para mim?
Shamron acendeu um dos seus malcheirosos cigarros turcos e
colocou um fósforo apagado no pires ao lado da colher. Prendeu os óculos
na testa e cruzou os braços.
Ainda eram poderosos, como aço temperado debaixo de uma fina
camada de pele velha e bronzeada. como as mãos. Gabriel observara o
gesto muitas vezes. Shamron, o inabalável. Shamron, o indomável.
Adoptara a mesma pose quando tinha despachado Gabriel para Roma para
matar pela primeira vez. Já era um homem velho nessa altura.
De fato, ele nunca tinha sido novo. Em vez de conquistar miúdas na

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