Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Convencer Radek a ir a Israel voluntariamente.
Carter olhou com cepticismo para Gabriel sobre a fornilha do seu
cachimbo.
— E como pensa que podemos convencer um merdas de primeira
como Erich Radek a fazer isso?


FALARAM PELA NOITE adentro. O plano era de Gabriel, e
consequentemente seu para delinear e defender. Shamron acrescentou
algumas sugestões valiosas. Carter, resistente no inicio, em breve se passou
para o lado de Gabriel. A simples audácia do plano já lhe era apelativa. O
seu próprio serviço teria provavelmente morto um funcionário que se
chegasse à frente com uma ideia tão pouco ortodoxa.
Todos os homens têm uma fraqueza, disse Gabriel. Radek, através
das suas ações, mostrou ser possuidor de duas: o seu desejo pelo dinheiro
escondido na conta de Zurique; e o de ver o filho tornar-se chanceler da
Áustria. Gabriel defendia que fora a segunda que o fizera avançar contra Eli
Lavon e Max Klein.
Radek não queria o filho pintado com as cores do seu passado e
tinha provado que tomaria praticamente qualquer medida para protegê-lo.
Envolvia ter de fazer um amargo compromisso — um acordo com um
homem que não tinha qualquer direito de exigir concessões —, mas era
moralmente justo e produziria o resultado desejado: Erich Radek atrás das
grades por crimes contra o povo judaico. O tempo seria uma dificuldade a
mais. As eleições seriam em menos de três semanas. Radek tinha que estar
em mãos israelenses antes do primeiro voto ser colocado na urna. Caso
contrário a pressão sobre se perderia.
Com o dia prestes a despontar, Carter colocou a questão que o
corroía desde que o primeiro relatório da investigação de Gabriel caíra em
sua mesa. Por quê? Por que Gabriel, um assassino do Escritório, estaria tão
determinado a levar Radek à justiça depois de tantos anos?
— Quero-lhe contar uma história, Adrian — disse Gabriel, com uma
voz subitamente distante, assim como o olhar. — Aliás, talvez seja melhor
se ela própria lhe contar a história.
Entregou a Carter uma cópia do testemunho da sua mãe. Carter,
sentado junto ao fogo quase extinto, leu do principio ao fim sem pronunciar
uma palavra. Quando finalmente levantou o olhar da última página, os seus
olhos estavam úmidos.
— Presumo que Irene Allon seja a sua mãe.

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