Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

— É disso que tenho medo — disse Lev acidamente.
O primeiro-ministro levantou-se; os outros seguiram o gesto.
— Traga Radek para Israel. E faça o que fizer, nem sequer pense em
armar confusão em Viena. Traga-o limpo, sem sangue, sem ataques de
coração — e voltou-se para Lev. — Garante que eles tenham todos os
recursos que precisem para fazer o trabalho. Não penses que estás a salvo
da merda porque votaste contra o plano. Se Gabriel e Shamron se
queimarem, tu também te queimas. Portanto nada de merdas burocráticas.
Estão todos juntos nisto. Shalom.


O PRIMEIRO-MINISTRO agarrou o cotovelo de Shamron enquanto
saía porta fora e encurralou-o num canto. Colocou uma mão na parede, por
cima do ombro de Shamron, e bloqueou-lhe qualquer hipótese de escapar.
— Este rapaz está à altura disso, Ari?
— Ele não é um rapaz, primeiro-ministro, já não é mais.
— Eu sei, mas consegue? Será que consegue mesmo convencer
Radek a vir?
— Leu o testemunho da mãe dele?
— Li, e sei o que faria se estivesse no lugar dele. Poria uma bala no
cérebro do animal, como Radek fez com muitos outros, e acabava ai.
— Seria essa atitude justa, em sua opinião?
— Há a justiça dos homens civilizados, o tipo de justiça que é ditada
em tribunais por homens de toga, e há a justiça dos profetas. A justiça de
Deus. Como prover justiça a crimes tão hediondos? Que castigo seria
apropriado? Prisão perpétua? Uma execução indolor?
— A verdade, primeiro-ministro. Às vezes, a melhor vingança é a
verdade.
— E se Radek não aceitar o acordo?
Shamron encolheu os ombros.
— Está me dando instruções?
— Eu não quero outro caso Demjanuk. Eu não preciso de um
julgamento espetáculo do Holocausto transformado num circo
internacional. Seria melhor que Radek desaparecesse simplesmente.
— Desaparecesse, primeiro-ministro?
O primeiro-ministro expirou vagarosamente para o rosto de
Shamron.
— Tem certeza que é ele, Ari?
— Disso não há dúvida.

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