Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

VINTE MINUTOS MAIS TARDE, Herr Zigerli estava na recepção
quando reparou num dos americanos, Shelby Somerset, a caminhar ansioso
na parte de fora da entrada. Um momento mais tarde, um Mercedes
prateado parou e uma pequena figura careca saiu do banco de trás.
Mocassins indianos polidos, uma pasta à prova de choque. Um banqueiro,
pensou Zigerli. Apostava o seu ordenado nisso. Somerset fez ao recém-
chegado um sorriso amigável e deu uma palmada firme no ombro. O
pequeno homem, apesar da calorosa recepção, parecia no entanto estar a
caminhar para a sua própria execução. Mesmo assim, Herr Zigerli achou
que as conversações estavam a correr bem. O homem do dinheiro tinha
chegado.


— BOA TARDE, HERR BECKER. É um prazer vê-lo. Eu sou Heller.
Rudolf Heller. Este é o meu sócio, senhor Keppelmann. Aquele homem ali é
o nosso parceiro americano, Brad Cantwell. É obvio que você e o senhor
Somerset já se conhecem. O banqueiro piscou os olhos várias vezes e
depois fixou o seu pequeno olhar astuto em Shamron, como se estivesse a
tentar calcular o seu valor liquido. Segurou a pasta sobre os genitais, em
antecipação de um ataque iminente.
— Os meus associados e eu estamos prestes a embarcar numa
joint-venture. O problema é que não conseguimos fazê-lo sem a sua ajuda. É
isso que fazem os banqueiros, não é, Herr Becker? Ajudam a lançar grandes
empreendimentos? Ajudam as pessoas a realizar os seus sonhos e o seu
potencial?
— Depende do empreendimento, Herr Heller.
— Estou a ver — disse Shamron, sorrindo. — Por exemplo, há
muitos anos atrás, um grupo de homens foi ver você. Alemães e austríacos.
Queriam lançar um grande empreendimento também. Confiaram-lhe uma
grande soma de dinheiro e deram-lhe o poder de transformar numa soma
ainda maior. Você se saiu extraordinariamente bem. Transformou-a numa
montanha de dinheiro. Presumo que se lembre desses cavalheiros?
Presumo que também saiba onde conseguiram o dinheiro?
O olhar do banqueiro suíço endureceu. Tinha concluído o cálculo
sobre o valor líquido de Shamron.
— É israelense, não é?
— Prefiro pensar em mim mesmo como um cidadão do mundo —

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