Shamron interrompeu-o.
— Não tencionamos levar armas para dentro da casa.
— Klaus está sempre armado.
— Tem a certeza?
— Uma Glock, penso eu. — O banqueiro deu uma palmadinha no
lado esquerdo do seu peito. — Usa-a aqui. Não faz muito esforço em
escondê-la.
— Um pormenor encantador, Herr Becker.
O banqueiro aceitou o elogio com uma inclinação da cabeça.
— Pormenores são a minha vida, Herr Heller.
— Perdoe a minha insolência, Herr Heller, mas como é que se rapta
alguém que está protegido por um guarda-costas, se o guarda-costas está
armado e o raptor não?
— Herr Vogel vai abandonar a casa voluntariamente.
— Um rapto voluntário? — o tom de Becker era incrédulo. — Que
peculiar. E como é que se convence um homem a deixar-se raptar
voluntariamente ?
Shamron cruzou os braços.
— Preocupe-se em levar o Oskar para dentro da casa e deixe o resto
connosco.
32
MUNIQUE
NO BONITO PEQUENO bairro de Lehel em Munique havia um velho
apartamento, com um portão para a rua e um bem arranjado pátio na
entrada principal. O elevador era instável e indeciso, e eram mais as vezes
que subiam a escada em caracol até o terceiro andar. O mobiliário tinha o
anonimato de um quarto de hotel. Havia duas camas no quarto, e o sofá da
sala de estar era um davenport. Na arrecadação havia quatro camas extras
de abrir. A despensa estava cheia de produtos não deterioráveis e os
armários continham louça e talheres para oito. As janelas da sala de estar