lhe boa sorte; Shamron deu-lhe um beijo na cara e mandou-o descer.
Shamron abriu as cortinas e olhou para a rua escura. Gabriel
apareceu no passeio e dirigiu-se à janela do condutor. Após um momento
de discussão, a porta abriu e Chiara saiu. Circundou a van e foi brevemente
iluminada pelos faróis da frente antes de entrar para o lugar do passageiro.
A van afastou-se da borda do passeio. Shamron acompanhou até as
luzes vermelhas da traseira desaparecerem numa curva. Não se moveu. A
espera. Sempre a espera.
O seu isqueiro acendeu, uma nuvem de fumaça formou-se contra o
vidro.
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ZURIQUE
KONRAD BECKER E Uzi Navot saíram dos escritórios da Becker &
Puhl precisamente quatro minutos depois da uma da tarde de sexta-feira.
Um vigilante do Escritório chamado Zalman, posicionado do outro lado da
Talstrasse num Fiat sedã cinza, registrou a hora assim como o tempo, um
aguaceiro torrencial, em seguida enviou as noticias a Shamron no
apartamento seguro de Munique. Becker estava vestido para um funeral,
num terno cinza de risquinhas e uma gravata cor de carvão. Navot,
imitando o estilo de vestir de Oskar Lange, usava um blazer Armani com
uma camisa e gravata azul elétrica a condizer. Becker tinha pedido um táxi
para os levar ao aeroporto.
Shamron teria preferido um carro particular, com um motorista do
Escritório, mas Becker viajava sempre de táxi para o aeroporto e Gabriel
não queria que a rotina fosse quebrada. Então foi um normal táxi de cidade,
conduzido por um imigrante turco, que os levou do centro de Zurique até o
aeroporto Kloten por um vale enevoado, com o vigilante de Gabriel sempre
a reboque.
Foram em breve confrontados com a primeira falha técnica. Uma
frente fria tinha passado por Zurique, transformando a chuva em neve e