Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

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VIENA


UZI NAVOT SABIA como revistar uma pessoa. Klaus Halder era
muito bom no seu trabalho. Começou no colarinho da camisa de Navot e
terminou nos canhões das suas calças
Armani. Em seguida virou a atenção para a pasta. Trabalhou
lentamente, como um homem com todo o tempo do mundo, e com uma
atenção de monge para todos os detalhes. Quando a revista terminou
finalmente, ele ajeitou o conteúdo com cuidado e colocou os trincos de
volta no sítio.
— Herr Vogel vai vê-los agora — disse. — Sigam-me, por favor.
Caminharam pelo corredor central, depois passaram por um par de portas
duplas e entraram numa sala de visitas. Erich Radek, num casaco de linho
grosso e gravata cor de ferrugem, estava sentado perto da lareira. Acolheu
os convidados com um simples aceno da sua alongada cabeça, mas não se
esforçou por levantar-se. Radek, pensou Navot, é um homem que costuma
receber visitas sentado.
O guarda-costas deslizou suavemente para fora da sala e fechou as
portas.
Becker, sorrindo, aproximou-se e apertou a mão de Radek. Navot
não desejava tocar no assassino, mas dadas as circunstâncias não tinha
outra escolha. A mão oferecida era fria e seca, o aperto firme e sem tremor.
Era um aperto de mão para o testar. Navot sentia que tinha passado.
Radek estalou os dedos em direção às cadeiras vazias, em seguida a
sua mão voltou para o apoio de copo no braço da cadeira. Começou a girá-
lo para a frente e para trás, duas voltas para a direita, duas para a esquerda.
Havia qualquer coisa no movimento que fazia azia ao estômago de Navot.
— Ouvi coisas muito boas sobre o seu trabalho, Herr Lange disse
Radek subitamente. — Tem uma excelente reputação perante os seus
colegas em Zurique.
— É tudo mentira, asseguro-lhe, Herr Vogel.

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