agente duplo seria muito justo. Adrian Carter solicitou autorização para
interrogar Radek mal os historiadores tivessem terminado o seu trabalho.
Shamron prometeu considerar o assunto com seriedade. O PRISIONEIRO
DE Abu Kabir estava bastante alheio à tempestade criada à sua volta. A sua
prisão era solitária, apesar de não ser demasiado árdua. Mantinha a cela e
as roupas limpas, aceitava comida e pouco reclamava. Por muito que os
guardas quisessem odiá-lo, não conseguiam. No fundo ele era um polícia e
os seus carcereiros pareciam ver nele algo familiar. Tratava-os com
cortesia e, como reação, era tratado com cortesia. Ele era, também, uma
espécie de curiosidade. Eles haviam lido sobre homens como ele na escola e
passavam à frente da sua cela a qualquer hora, apenas para o ver. Radek
começou aos poucos a sentir-se como se fosse uma peça de exposição de
um museu.
O seu único pedido foi o de lhe ser autorizado o acesso a um jornal
todos os dias para se manter a par dos assuntos da atualidade. A questão
foi levada até Shamron, que deu a sua autorização, desde que fosse um
jornal israelense e não uma qualquer publicação alemã. Todas as manhãs o
Jerusalém Post era-lhe entregue com a travessa do pequeno-almoço.
Normalmente saltava as histórias sobre si mesmo — eram, aliás, muito
incorretas — e dirigia-se diretamente à seção das notícias internacionais
com a finalidade de acompanhar os desenvolvimentos das eleições
austríacas.
Moshe Rivlin visitou Radek várias vezes para se preparar para o
seu iminente depoimento. Foi decidido que as sessões seriam filmadas e
transmitidas à noite na televisão israelense. Radek parecia estar cada vez
mais agitado com a aproximação do dia da sua primeira aparição em
público. Discretamente, Rivlin pediu ao chefe da prisão para manter o
prisioneiro sob vigilância de suicídio. Foi plantado um guarda no corredor,
junto às barras da cela de Radek. Ao princípio, Radek criou atritos com a
vigilância adicional, mas passou rapidamente a apreciar a companhia.
Rivlin surgiu uma última vez na véspera da primeira sessão de
depoimento de Radek. Passaram uma hora juntos; Radek estava
preocupado e, pela primeira vez, nada cooperante. Rivlin arrumou os seus
documentos e notas e pediu ao guarda para abrir a porta.
— Quero vê-lo — disse Radek de repente. — Pergunte se me daria a
honra de me fazer uma visita. Diga-lhe que há algumas perguntas que eu
quero fazer.
— Não posso prometer nada — disse Rivlin. — Não tenho ligações
a...
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1