Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Não, nunca ouvi falar dela.
— Falou com ela?
— Não, deixou uma mensagem no meu gravador.
— O que queria?
— Falar.
— Deixou algum contato?
— Sim, eu tomei nota. Espere só um minuto. Sim, aqui está. Renate
Hoffmann, cinco-três-três-um-nove-zero-sete.
STOP. REWIND. PLAY.
— Renate Hoffmann, cinco-três-três-um-nove-zero-sete.

STOP.


6


VIENA


A COLIGAÇÃO para Uma Áustria Melhor tinha todas as
caraterísticas de uma causa nobre sem esperança. Estava localizada no
segundo andar de um velho armazém em ruínas do Vigésimo Bairro, com
janelas cobertas de fuligem e vista para a gare dos caminhos-de-ferro. O
espaço de trabalho era aberto, amplo e impossível de aquecer devidamente.
Gabriel, ao chegar lá na manhã seguinte, encontrou grande parte do jovem
staff usando camisolas grossas e gorros de lã.
Renate Hoffmann era a diretora jurídica do grupo. Gabriel
telefonou-lhe de manhã cedo, fazendo-se passar por Gideon Argov de
Jerusalém, e falou-lhe do encontro que tivera na noite anterior com Max
Klein. Renate Hoffmann concordou imediatamente em encontrar-se com
ele, em seguida desligou, como se estivesse reticente em discutir o assunto
via telefone.
Tinha um cubículo como escritório. Quando Gabriel apareceu,
estava ao telefone. Apontou para uma cadeira vazia com a ponta de uma
caneta mastigada. Um momento mais tarde, concluiu a conversa e
levantou-se para o cumprimentar. Era alta e mais bem vestida que o resto
do staff: camisola e saia pretas, meias pretas, sapatos rasos pretos. O cabelo
era aloirado e não chegava a tocar nos ombros largos e atléticos. De risca ao
lado, caia naturalmente pelo rosto, segurava uma incômoda madeixa com a

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