chamou pelo nome de Klein. Não escutando resposta, entraram. As cortinas
estavam fechadas, a sala de estar estava densamente sombria.
— Herr Klein? — gritou ela novamente. — Está aí? Herr Klein?
Gabriel abriu as portas duplas que davam acesso à cozinha e olhou
para dentro. O jantar de Max Klein estava em cima da pequena mesa, intato.
Percorreu o corredor, parando uma vez para espreitar para dentro da casa
de banho vazia. A porta do quarto estava trancada. Gabriel martelou com o
punho e chamou pelo nome de Klein. Não obteve resposta.
A porteira foi ter com ele. Olharam um para o outro. Ela abanou a
cabeça . Gabriel segurou a maçaneta com as duas mãos e atirou o ombro
contra a porta. A madeira desfez-se e ele tropeçou para dentro do quarto.
Aqui, como na sala de estar, as cortinas estavam fechadas. Gabriel
levou a mão à parede e tateou no escuro até encontrar um interruptor. Um
pequeno abajur de mesa lançou um cone de luz sobre a figura deitada na
cama.
A porteira suspirou.
Gabriel avançou lentamente. A cabeça de Max Klein estava coberta
por um saco plástico transparente, e um cordão de ouro entrançado
envolvia seu pescoço. Seus olhos fitavam Gabriel através do plástico
embaciado.
— Vou chamar a polícia — disse a porteira.
Gabriel sentou-se aos pés da cama e enterrou o rosto nas mãos.
LEVOU VINTE MINUTOS até o primeiro polícia chegar. A sua
conduta apática sugeria a presunção de suicídio. De certo modo isto era
melhor para Gabriel, porque a suspeição de comportamento criminoso
teria alterado significativamente a natureza do encontro. Foi interrogado
duas vezes, uma pelos polícias fardados que responderam primeiro à
chamada, depois outra vez por um detective da Staatspolizei chamado
Greiner. Gabriel disse chamar-se Gideon Argov e que trabalhava para o
escritório de Jerusalém do Escritório de Investigação e Reclamações do
Tempo de Guerra. Que viera a Viena depois do atentado para estar com o
seu amigo Eli Lavon. Que Max Klein era um velho amigo do seu pai, e que o
seu pai tinha sugerido que o visitasse para ver como é que o velhote estava.
Não mencionou o seu encontro com Klein duas noites antes, nem informou
a polícia das suspeitas de Klein sobre Ludwig Vogel. O seu passaporte foi
examinado, como o seu cartão de visita. Números de telefone foram
escritos em pequenos blocos de notas pretos. Condolências foram
oferecidas. A porteira fez chá. Foi tudo muito educado.