Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

Shamron abanou a cabeça.
Há um homem na Yad Vashem que deves ir visitar. Ele poderá
ajudar-te. Vou organizar um encontro logo de manhã.
Há mais uma coisa, Ari. Precisamos tirar o Eli de Viena.
— Exatamente o que eu estava a pensar.
Shamron retirou o telefone da consola e pressionou um botão de
ligação automática.
Daqui Shamron, preciso de falar com o primeiro-ministro.


SITUADO NO ALTO DO Monte Herzel, na parte ocidental de
Jerusalém, Yad Vashem é o memorial oficial de Israel em honra dos seis
milhões de vitimas que pereceram na Shoah. É também o centro de
pesquisa e documentação sobre o Holocausto mais avançado do mundo. A
livraria contém mais de cem mil volumes, a maior e mais completa coleção
de literatura do Holocausto no planeta. Guardados nos arquivos estão mais
de cinquenta e oito milhões de páginas de documentos originais, incluindo
milhares de testemunhos pessoais, escritos, ditados, ou filmados por
sobreviventes da Shoah em Israel e em todo o mundo. Moshe Rivlin
esperava-o. Um rechonchudo acadêmico barbudo que falava hebraico com
um sotaque de Brooklyn. A especialidade residia não nas vitimas da Shoah
mas nos seus perpetradores: os alemães que serviram a mortal máquina
nazista e os milhares de ajudantes não alemães que com vontade e
entusiasmo participaram na destruição dos judeus
da Europa. Ele trabalhava como consultor pago pelo Departamento
de Justiça Americano de Investigações Especiais, compilando
documentação e provas contra nazistas acusados de crimes de guerra e
purgando Israel de testemunhas vivas. Quando não estava a pesquisar nos
arquivos de Yad Vashem, Rivlin podia ser facilmente encontrado entre
sobreviventes, à procura de alguém que se lembrasse.
Rivlin conduziu Gabriel ao edifício de arquivos até a sala de leitura
principal. Era um espaço surpreendentemente exíguo, brilhantemente
iluminado por grandes janelas até o teto com vista sobre as colinas a oeste
de Jerusalém. Curvados sobre livros abertos, um par de estudantes lia;
outro olhava fixamente para a tela de um leitor de microfilme. Quando
Gabriel sugeriu algo de mais privado, Rivlin levou-o até uma pequena sala
anexa e fechou a espessa porta de vidro. A versão dos acontecimentos que
Gabriel providenciou era simples, mas exaustiva o suficiente para que nada
importante se perdesse na tradução. Mostrou a Rivlin todo o material que

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