Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

escravidão, e brutalidade inimaginável. De repente, o seu próprio trabalho
parecia trivial e completamente desprovido de significado. O que é que
santos mortos no museu de uma igreja têm a ver seja com o que for? Mário
Delvecchio arrogante, o egoísta Mário Delvecchio parecia inteiramente
irrelevante.
Na sala final estava uma exposição especial de arte infantil. Uma
imagem cortou-lhe a respiração, um esboço a carvão de uma criança
andrógina, encolhendo-se de medo perante a figura gigante de um oficial
das SS.
Olhou para o relógio. Tinha passado uma hora. Deixou o museu de
arte e apressou-se de volta aos arquivos para ouvir os resultados da
pesquisa de Moshe Rivlin.


ENCONTROU RIVLIN CAMINHANDO ansiosamente no pátio de
entrada de arenito do edifício dos arquivos. Rivlin pegou em Gabriel pelo
braço e conduziu-o para dentro da pequena sala onde tinham estado uma
hora atrás. Duas grossas pastas esperavam-nos. Rivlin abriu a primeira e
entregou a Gabriel uma fotografia: Ludwig Vogel, com a farda de um
Sturmbannführer SS.
— É Radek — sussurrou Rivlin, incapaz de conter a sua excitação.
Acho que você pode ter encontrado Erich Radek!


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VIENA


HERR KONRAD BECKER, da Becker & Pull, Talstrasse 26, Zurique,
chegou a Viena na mesma manhã. Passou pelo controle de passaportes sem
demoras e seguiu até a zona de chegadas, onde localizou o motorista de
uniforme segurando um cartão onde se lia HERR BAUER. O cliente insistiu
na precaução acrescida. Becker não gostava do cliente — nem tinha ilusões
sobre a origem da conta — mas assim era a natureza da banca suíça
privada, e Herr Konrad Becker era um verdadeiro devoto. Se o capitalismo
fosse uma religião, Becker seria o líder de um sector extremista. Na opinião
avalizada de Becker, o homem possuía o direito divino de transformar o

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