Folha de São Paulo - 24.10.2019

aeee

esporte

• AlexSabinoeJoãoGabriel

SÃOPAULOComonomede
fundodeassistênciahuma-
nitária,aresseguradoraTokio
Marine Kiln ofereceuopaga-
mento deUS$ 225 mil (R$ 916
mil) paracadafamília das ví-
timas da tragédia da Chape-
coense, ocorrida em novem-
brode 2016 ,nos arredores de
Medellín(Colômbia).
Notextodoacordo, obtido
pelaFolha,aempresa respon-
sávelpeloressegurodaaero-
nave chama 16 vezes aqueda
doavião,emque morreram 71
pessoas,de“incidente”.
Pela definição da Anac
(AgênciaNacional deAvia-
çãoCivil), incidente“éuma
ocorrência,quenão umaci-
dente, associadaàoperação
de uma aeronave,que afeta
ou possa afetarasegurança
da aeronave”. Acidenteéto-
da ocorrênciarelacionada à
operação da aeronave em que
qualquer pessoatenha sofri-
do lesões graves ou morrido.
Para especialistas,odocu-
mentopode sercontestado
naJustiça.Notexto, aTokio
Marine Kiln diz queofundo
foiestabelecido por “razões
decompaixão”.Até agora, 23
famílias aceitaramoacordo.
“Continuamos proativa-
mentecomprometidoscom
asfamíliaseseusrepresen-
tantes porintermédio da Cly-
de&Co, oescritório de advo-

cacia que administraofundo

em nome das empresasresse-

guradoras.Temosaexpecta-

tivadeque outrasfamílias se

beneficiarão dessa iniciati-

va”, afirmouaassessoria de

imprensadaresseguradora.

Osfamiliares das vítimas

que nãooacordodiscutem

osvalores naJustiça. Elesre-

quisitamaquitaçãodaapó-

licedeseguros da aeronave.

Deacordocomoadvogado

MarcelCamilo,que defende

novefamílias, estas podem

receber umvalor de US$ 2

milhõesaUS$ 4 milhões(de

R$ 8 , 1 milhõesaR$ 16 , 2 mi-

lhões) se venceremaação.

Os processos sãocontraa

Tokio Marine Kiln, Bisa (am-

basresseguradoras)eaAon,

corretoradaapólice.Ascom-

panhias alegam queoseguro

contratado não pode ser pa-

goporqueaLaMia,empresa

aérea boliviana, não poderia

voar paraaColômbia.

“Eles estão chamando de pa-

gamento voluntário paranão

admitiremaresponsabilida-

de civil. Por issoalegam que

oacidentenão estariacober-

to pela apólice. Eles nãotêm

essacerteza, senão não esta-

riam preocupados em inde-

nizareobterexoneração de

qualquer outraobrigação.Nos

termosdoordenamentojurí-

dicobrasileiroemesmo no di-

reitointernacional,atentati-

va nos pareceinócua”, afirma

RitaTaliba, sóciacoordena-

doradodepartamentoaero-

náuticodaBNZAdvogados.

Para ela,ouso dotermo “pa-

gamentovoluntário”éequivo-

cado porque as empresas não

têmcomo objetivosocialoau-

xílioavítimas oufamiliares.

“A relação delascomosaci-

dentadoséumnegócio,eopa-

gamentoaos familiaresdas ví-

timas,exonerandoasegura-

doraeresseguradoras de qual-

quer outra obrigação,éinde-

nização”,completa.

Notermo de quitação,re-

gistrado no 1 ºtabelionato de

notaseprotestodeChapecó,

as famílias secomprometem

auma série dedevereseres-

triçõesparajustificarorece-

bimentododinheiro.

Elasconcordamemnão pro-

cessarasresseguradoras ou a

LaMiaedesistir de ações que

tenhamsidoabertas.Também

aceitam os US$ 225 milcomo

“únicovalor disponível”.

Comprometem-se ainda

comanãoexistência de qual-

quer outroherdeirolegal de

uma das vítimasque possarei-

vindicar indenizações;anão

solicitar outros pagamentos

no futuro; autorizamaTokio

Marine Kilnaapresentarodo-

cumento como provaparaque

qualquerreclamação judicial

sejaextinta;tornam-se obri-

gadasareembolsararessegu-

radoradecustos processuais

anteriores;eficamproibidas

de apresentaropagamento

como provadeadmissãode

culpa noacidentepor parte

de qualquer uma das empre-

sas envolvidas (seguradoras

ouaLaMia), de suas subsidiá-

rias eparceiras ouatédeseus

diretoreseacionistas.

“Seforcomprovado vício de

consentimentodealgumafa-

mília ou se surgir umfato novo

na alçada daresponsabiliza-

çãodessas empresas,oacor-

do humanitário pode ser de-

nunciadocomo um arcabouço

deregras paraintimidar as ví-

timas”,diz oadvogado Rafael

de MouraCampos, especiali-

zado em direitoempresarial.

Odocumento citadeforma

expressa que não estãoexo-

nerados deresponsabilidades

ocasal Ricardo AlbaceteeLo-

redana Albacete, donos da ae-

ronave na épocadoacidente.

ALaMia, porém, estáincluída

como uma das empresas que

nãopodemserprocessadas.

AFolhaquestionouaTokio

Marine Kiln sobreouso da pa-

lavra“incidente”, sobreapos-

sibilidadedofundo humani-

tário sercontestado no futu-

ro equantoàexclusão de Ri-

cardoeLoredana Albacete.

Aassessoria de imprensada

empresa afirmou que “oster-

moscompletos do acordo são

confidenciaisenão podemos

comentar detalhes”.Arepor-

tagemnãoconseguiu entrar

emcontatocom os Albacetes.

liverpool goleia na Champions league

Recuperado de lesão,oatacanteegípcio Salah marcouogol

quefechouavitória por4a1do Liverpool sobreoGenk,na

Bélgica, pelo GrupoEdaChampionsLeague Paul Childs/Reuters

B8 Quinta-Feira,24DeOutubrODe2019

Fundo chama tragédia da Chape de‘incidente’

Flamengogoleiaevai àfinaldaLibertadores

Com vitória por5a0sobreoGrêmio no Maracanã, equipe carioca voltaadecidirotítulocontinental após 38 anos

FLAMENGO5
GRÊMIO 0

• DiegoGarcia

RiOdeJAneiROOFlamengoes-
tá devoltaàfinal da CopaLi-
bertadores depoisde 38 anos.
Apósempatarem 1 a 1 no jogo
de ida da semifinal,aequipe
cariocagoleouoGrêmio por 5
a 0 nestaquarta-feira( 23 ), di-
ante deumMaracanã lotado,
eavançouàdecisão.
Osgols foramdeBruno Hen-
rique,Gabriel(duasvezes),
Pablo MaríeRodrigoCaio.
Acampanha do Flamengo,
líder do Campeonato Brasilei-
ro,deixaoclube pertodeco-
roar temporadaemquegas-
toucercade R$ 190 milhões
emreforços.Aprópria dupla
deataque protagonistadesta
quartacustoucaro.
Para tirar BrunoHenrique
doSantos, os flamenguistas
investiram R$ 26 milhões. O

atacanteGabriel, empresta-

doatéofimdatemporada,re-

ceberáem 2019 cercadeR$ 15

milhõesemsalários.

Só porDeArrascaeta,acon-

tratação maiscara,adireto-

ria desembolsou R$ 80 mi-

lhões em 75 %dovínculo do

uruguaio.RodrigoCaio, ex-

SãoPauloetitular na zaga,foi

contratado por R$ 24 milhões.

Oclubegastou mais R$ 49

milhõesnacompra do meia

GersoneoutrosR$ 5 , 4 mi-

lhõescomozagueiroespa-

nholPablo Marí, entreoutros.

Nototal, de 2015 paracá,

oFlamengogastou mais de

R$ 250 milhões em jogadores.

Mesmo assim, nãoconseguia

fazerbom papelnaprincipal

competição docontinente,

torneio queoclubeconquis-

touem 1981 ,quando derrotou

ochileno Cobreloa na decisão.

Comexceçãodoano do títu-

lo,aLibertadores jamais trou-

xe boaslembrançasàequipe

rubro-negra.Desdeentão,o

Flamengodisputou outras 13

edições.Teve as quartas defi-

nal, em três oportunidades,

como melhorescampanhas.

Tambémcaiu nafase de gru-

poscincovezes, três delasre-

centemente: em 2012 , 2014 e

2017 .Noano passado,foi eli-

minado nasoitavas de final.

Em 1981 ,apósotítulo sul-

americano,oclubefoi cam-

peão mundial ao derrotar o

Liverpool, da Inglaterra. Ca-

sovençaoRiverPlate (ARG)

na decisão,oFlamengopo-

dereencontrarotime inglês.

OLiverpooléoatual cam-

peão da Champions League e

estáclassificado paraoMun-

dial de Clubes emdezembro,

no Qatar. AfinaldaLiberta-

dores estámarcada para 23

de novembro, emSantiago,

no Chile. Pela primeira vezo

torneiocontinental seráde-

cidido em jogo-único.

Para asemifinaldesta quar-

ta-feira,otécnicoportuguês

JorgeJesus haviafeitomisté-

rio naescalação do Flamen-

go,masfoiacampocomfor-

ça máxima.DeArrascaeta era

dúvida parainiciarapartida,

mas serecuperou de artros-

copia no joelhoesquerdore-

alizadahámenosdeummês.

OlateralRafinha haviafra-

turado um osso daface nase-

mana passada, em vitória por

2 a 0 contraoAthletico-PR,na

Arena daBaixada, pelo Cam-

peonatoBrasileiro, masvol-

touparaenfrentaroGrêmio.

Renato Gaúchomontouoti-

me tricolor paramarcaroad-

versário.EscalouPaulo Miran-

da na direitaequisusarliga-

çãodiretacomAndrénoata-

que.Nãodeucerto.

Aderrotaacaboucomoso-

nho gremistadeser oprimei-

ro clube brasileiroaconquis-

tarquatrovezesotítuloda

Copa Libertadores.Aequipe

venceu em 1983 , 1995 e 2017.

Apósprimeirotempo dispu-

tado,com os doistimes bus-

candoogol,oGrêmio perdeu

sua melhor chance comMai-

con. OFlamengosedeu me-

lhor aos 41 minutos. Bruno

Henrique puxoucontra-ata-

queedeixouGabriel emcon-

dições de marcar. Ogoleiro

Paulo Victor defendeu, mas

espalmou paraocamisa 27.

Apartirdesse momento,o

confrontoestevedecidido.O

Grêmio precisavadoempate,

já que o 1 a 1 levariaadecisão

paraospênaltis.Mas nãoche-

goupertodeconseguir isso.

Os donos dacasa controla-

ramojogoe, aos 24 minutos

da etapa final,oplacar já es-

tava 5 a 0 para oFlamengo.

Aequipecontouatécom

uma decisãocontroversa do

árbitroargentinoPatrício

Loustau, queconfirmou du-

vidoso pênalti sobreBruno

Henrique,convertido por Ga-

briel.FoioterceirodoFlamen-

go.Osgols deMaríeRodrigo

Caio quebraramasequência

dos doisatacantes.

Bruno HenriqueeGabriel

haviammarcadotodos osgols

do Flamengodesdeas oitavas

de final. Com setegols nacom-

petição,ocamisa 9 deixou pa-

ra trás Marco Ruben, Scarpa e

AdrianMartínez na artilharia

da Copa Libertadores. Bruno

Henriquetemcinco.

Forado estádio,aPolícia

Militar precisou utilizargás

lacrimogêneoetiros de bala

de borrachaemconflitocom

os flamenguistas. Segundore-

latos, torcedorestentaram en-

trar semingresso,oqueteria

motivadoaconfusão.

Naterça( 22 ),aPolíciaCivil

do Rioprendeu 19 pessoas,

na operação Olhos de Águia,

em apuração sobregrupo de

supostostorcedores que pla-

nejavaminvadiroMaracanã

contraoGrêmio.Uma pessoa

morreu duranteaoperação.

Gabrielcomemoraapós marcar paraoFlamengonavitória por5a0sobreoGrêmio,noMaracanã, que levouotime cariocaàfinal da Libertadores LucasTavares/Zimel Press/AgênciaOGlobo