Folha de São Paulo - 24.10.2019

(C. Jardin) #1

aeee


ilustrada


C10 Quinta-Feira,24DeOutubrODe2 019


Ministério da Cidadania,Governo doEstado deSãoPaulo, por meio daSecretaria deCulturaeEconomiaCriativa,Secretaria Municipal deCultur adeSão Paulo eUnibesCultural apresentam

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Visit eamostra‘OSer Humano eaÁgua’evivencie


aimportânciados recursos hídricos parasua vida


Primeiro,as definições, que
são aproximativas.


Os millennials,também de-
signadoscomogeraçãoY,são
os humanos que nasceramen-
tre 1980 e 1995 :eles entraram
na vida adulta (seja láoque is-
sofor) depoisde 2000.
Corrijo: ascategoriascomo


“millennials” nãovalembem
para“os humanos”: elasforam
criadasparainvestigargostos
ecomportamentos deconsu-
midoreseeleitores nos países


ocidentais ou ocidentalizados.
Os millennials se dividem
em dois grupos: os queforam
criançaseadolescentes nos
anos 1990 (emgrande parte
ainda sem internet)eos que
foramcriançaseadolescen-
tesnos anos 2000.
Os dois grupos de millennials
têmduascoisas emcomum.Pri-
meiro, eles sempreforamcon-
denados por serem suposta-
mentenarcisistas, hedonistas
eimediatistas (ostrêsadjetivos

são usados de maneiraerrada,
mastantofaz agora). Segun-
do,comoassinalouaprópria
análise que os dividiu em dois
(“The Millennial Divide”),todos
eles cresceramtendo acesso à
informação 24 horas por dia.
AgeraçãoZéaquevemde-
pois dosmillenials: são os jo-
vens que nasceram entre 1995
eocomeçodos anos 2010.
Calcula-se que millennials e
geraçãoZ,juntos (vamos cha-
má-losY&Z),constituirão 37 %

do eleitorado em 2020 ,nas
próximas presidenciais dos
Estados Unidos.
Agora,vamos ao que im-
porta. Umapesquisa daAxi-
os acaba derevelar que essas
duasgerações pensam de uma
maneiraumpoucodiferente
da de seuspaiseavós.
Porexemplo, 73 , 2 %dasge-
rações Y&Zpensam queasa-
úde deveria ser um serviço
públicooferecido peloEsta-
do (só 66 , 7 %dos outroselei-

torespensa igual). Uma dife-
rençaparecida aparecequan-
doaquestãoéodireitoà
educaçãopúblicagratuita.
Fatosmaisrelevantes: 49 , 6 %
deY&Zdeclaram quepreferi-
riam viver numpaíssocialis-
ta (enquantodeclaramomes-
mo só 37 , 2 %dos outros eleito-
res). 43 , 1 %deY&Z sãoafavor
deaboliraagênciadeimigra-
çãoealfândega dos EUA(en-
quantosó 29 , 7 %dosoutros
eleitores pensamomesmo).
Épossível que,nopróprio
debateeleitoral, “socialista”
paredeser um palavrão des-
tinadoaestigmatizaroadver-
sáriocomo um americano in-
digno ou traidor.Também é
possívelqueogovernoTrump
prefira“proteger as frontei-
ras” dos EUAcom políticas
menos espetaculares do que a
construção de um muro.
Graças ao deslocamentodo
eleitorado jovem,talvez odebate
políticodoano quevem, nos
EUA, torne-se mais interessante.
Agora,oque estáacontecen-
docomosmillennialseagera-
çãoZ?Seráqueforamvítimas
do “marxismo cultural” que ti-
ra osono dos “pensadores” de
nossogoverno atual?Éocaso
de se preocuparcomumares-
surreição da utopia socialista
oucomunistaecom uma nova
GuerraFria?Comofuncionaria,
aliás, vistoque Putinéumami-
gão deTrump? Seráque Trump
estarácomos russos,contraos
jovensenovossocialistas?
Masnãoéocaso de se pre-
ocupar: asvendas de Gramsci
continuam acimade 200 mil,
na ordemdos mais pedidosda
Amazon americana;enquan-
to os livros deAynRand,após-
tola do individualismo,con-

tinuamfirmespertode 2. 000.
Os jovens americanosnãoes-
tãoseconvertendoenão se
tornaram marxistas.
Então, de ondevemodeslo-
camentodas preferências dos
millennialsedageração Z?
Pois bem, estamos sempre
prontosalistar os desastres
psíquicosesociais que “inelu-
tavelmente” se abaterão sobre
“os jovens” porcausa datecno-
logiadigital.Somos,emsuma,
facilmenteapocalípticos quan-
do se tratados efeitosdasredes
sociais, dos aplicativos, da ubi-
quidade dos smartphones etc.
Está na horadeconsiderar
outros efeitos, dos quaispou-
cose fala.Você achavapossí-
velque duasgerações segui-
das ouvissem podcastsetags
sobrequalquertema, dialo-
gassem emtemporeal como
mundo inteiro, assistissem ao
vivoaos tormentos de popula-
ções longínquaseescutassem
seus pedidos desesperadosde
socorro, sem quenadadisso ti-
vesse efeitoalgum na maneira
de essasgerações pensarem?
Alguémimaginava,por
exemplo,que nada disso pro-
duziriaosentimentodeuma
comunidade da espécie, de
umasolidariedadehumana
básica? Alguém imaginavaque
asgerações do smartphone
nuncaconstatariamque aque-
les seres, lá, distribuídos pelos
seiscontinentes, aquelesseres
eventualmentepedindoajuda
são os semelhantesdagente?
Alguémimaginavaque os
millennialseageraçãoZse
apegariamavelhariascomo
passaporte,patriotismoena-
ção, enquantoelesestão, 24 ho-
raspor dia,conversandocom
omundo inteiro?


  • Contardo Calligaris


Psicanalista, autor de ‘Hello brasil!’(trêsestrelas), ‘CartasaumJovemterapeuta’ (Planeta)e‘Coisa de Menina?’,com Maria Homem (Papirus)


alguém imaginava que millennialsegeraçãoZseapegariamavelharias?


Os jovens de hoje


LucianoSalles


|DOM.FernandaTo rres, DrauzioVarella|SEG.LuizFelipe Pondé |TER.João PereiraCoutinho |QUA.Marcelo Coelho |QUi.Contardo Calligaris|SEX.DjamilaRibeiro|SÁB.Mario Sergio Conti

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