Alzheimer, Aneurisma e AVC - Ano 1 nº 1 (2018)

(Antfer) #1
Consultoria Leandro Teles, neurologista da Academia Brasileira de Neurologia (ABN); Tiago Fernando Souza de Araújo, neurologista e membro da
Doctoralia Foto GettyPremium.com

destrinchando o problema
“Aneurismas são dilatações anormais dos
vasos sanguíneos. Eles ocorrem por fragilidade
da parede dos vasos”, explica o neurologista.
É justamente essa fragilidade que torna seu
rompimento mais fácil. Os aneurismas podem
ocorrer em praticamente qualquer vaso do
corpo, sendo os mais comuns no cérebro, na
artéria aorta, nas artérias renais, no intestino
e nos membros inferiores. “No caso do aneu-
risma cerebral, temos uma predominância nos
pontos de bifurcação dos vasos do polígono de
Willis (uma rede de vasos que irriga o nosso
cérebro). Pessoas com doenças do tecido con-
juntivo, doenças renais crônicas e vasculopatias
(doenças dos vasos) têm o risco aumentado
em até 30%”, indica Tiago.


relação com AvC
O acidente vascular cerebral (AVC) é frequen-
temente associado ao aneurisma. Entretanto, ele
pode ser dividido em alguns tipos (confira mais
na página 8), sendo o primeiro o isquêmico, em
que há diminuição ou suspensão da irrigação
sanguínea, que distancia-se do aneurisma, e o
hemorrágico, que pode gerar um AVC. “Cerca
de 20% dos AVCs são hemorrágicos e de 80% a
90% ocorrem devido a um aneurisma rompido.
Uma vez que isso acontece, a mortalidade pode
chegar de 40% a 60%”, alerta o neurologista.


indícios
Apesar de 5% da população possuir chances
de desenvolver aneurismas, a maior parte é
pequena e assintomática, fazendo com que o
portador não saiba que está com o problema.
A manifestação clínica é perceptível somente
no momento da ruptura (com sangramento
cerebral) ou quando o aneurisma é grande e
comprime as estruturas ao seu redor, como os
nervos, causando dor. De acordo com o neuro-
logista Leandro Teles, o risco de rompimento
varia de um caso para o outro, sendo que mui-
tos indivíduos passam a vida toda sem sequer
detectá-lo. Apesar de não apresentar sintomas,
na maioria das vezes, podem existir alguns sinais:



  • Alterações visuais;

  • Confusão mental;

  • Convulsões;

  • Dor de cabeça (súbita e intensa);

  • Dor associada à atividade física ou sexual;

  • Náuseas com dor ;

  • Perda de consciência;

  • Rigidez na nuca.


riscos e consequências
De acordo com Tiago, os principais fatores
de risco para um aneurisma são idade avan-
çada (entre 40 e 60 anos), gênero masculino,
tabagismo, histórico familiar de primeiro grau,
aterosclerose (acúmulo de gorduras, colesterol
e outras substâncias, nas paredes das artérias)
e hipertensão. Um ferimento na cabeça obtido
após uma queda, por exemplo, também pode
ser um fator determinante para o surgimento do
problema. O maior perigo é quando acontece o
rompimento do aneurisma, gerando, consequen-
temente, a hemorragia, que pode ser fatal. “Para
se ter uma ideia, na ruptura de um aneurisma
cerebral, cerca de 40% dos pacientes morrem
antes de chegar ao hospital ou nos primeiros
30 dias de internação. Dos 60% que chegam ao
hospital, mais da metade apresenta sequelas
neurológicas graves na evolução”, alerta Leandro.

diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de um aneurisma não roto,
ou seja, não rompido, é realizado por meio de
exames não invasivos, como angiotomografia
e angioressonância. Geralmente, é percebido o
problema de forma acidental, ao fazer exames
por outra queixa, como dor de cabeça frequente
ou alguma batida. “Os aneurismas, uma vez
diagnosticados, podem ser acompanhados
clinicamente com exames ou tratados por
meio de duas técnicas: clipagem cirúrgica no
colo do aneurisma ou terapia endovascular
com micro-molas. A escolha entre observar e
seriar com exames ou realizar procedimento
cirúrgico depende do tamanho, da velocidade
de crescimento, do local e da forma do aneu-
risma”, explica Tiago.

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