Público - 15.10.2019

(C. Jardin) #1

10 • Público • Terça-feira, 15 de Outubro de 2019


POLÍTICA


Madeira


Márcio Berenguer


Indicação do centrista José


Manuel Rodrigues para a


presidência da assembleia


não reúne consensos, nem


mesmo dentro do CDS


[email protected]

O XIII Governo Regional da Madeira,
o primeiro sem maioria absoluta,
toma posse hoje à tarde, mas é de
manhã, no parlamento regional, que
decorre o primeiro teste ao acordo
político que PSD e CDS assinaram
para governar o arquipélago nos pró-
ximos quatro anos. Os sociais-demo-
cratas, que foram os mais votados nas
regionais de 22 de Setembro — elege-
ram 21 deputados num parlamento
de 47 lugares —, indicaram para a pre-
sidência da Assembleia Legislativa o
centrista José Manuel Rodrigues.
A indicação rompe com a tradição
de ser o partido mais votado a ficar
com presidência do principal órgão
de governo próprio da região autóno-
ma, e está longe de reunir consensos,
mesmo no interior do CDS. “As pes-
soas percebem que houve aqui uma
chantagem”, considerou esta semana
a centrista Isabel Torres que, na legis-
latura que agora termina, foi vice-pre-
sidente da assembleia. “Temos de
respeitar a vontade dos eleitores e dos
votantes”, acrescentou à RDP-Madei-
ra, lembrando que o partido “apenas”
elegeu três parlamentares.
Isabel Torres critica a forma como
este dossier foi tratado — “sem a ele-
vação e a dignidade que a instituição
merece”. Já José Tranquada Gomes,
presidente do parlamento desde
2015, suspendeu na sexta-feira o man-
dato de deputado. A sua saída evita
que tenha de cumprir o protocolo e
empossar José Manuel Rodrigues e
desobriga-o de votar no nome do pre-
sidente do CDS-Madeira. “Não Æcaria
bem [com a minha consciência]”,
admitiu, referindo-se à disciplina de
voto imposta pelo PSD-Madeira.
O PSD-Madeira está comprometido
com a eleição de José Manuel Rodri-
gues e quer que o primeiro teste à
inédita coligação de governo seja bem
sucedido. Para isso, é importante que
Rodrigues, que cheÆou o CDS duran-
te 18 anos, levando os centristas a
liderar a oposição em 2011 e em 2015,
seja eleito à primeira. A votação é
secreta e o presidente necessita de


Coligação PSD-CDS


enfrenta primeiro


teste no parlamento


regional


maioria: 24 deputados. Estas contas
obrigam a que os 21 deputados do
PSD (mais os três do CDS) respeitem
a disciplina de voto.
Albuquerque, que ontem entregou
ao representante da República para
a Madeira, Ireneu Barreto, a compo-
sição do novo executivo regional,
rejeita qualquer tipo de “chantagem”
da parte de Rodrigues ou do parceiro
de coligação. A opção, explicou aos
jornalistas à saída da audiência, foi
assegurar o comprometimento do
CDS com a coligação de governo, em
nome da estabilidade.
Bem mais pacíÆca, embora com
críticas à esquerda pelo aumento do
número de secretarias regionais (pas-
sou de sete para nove), é a composi-
ção do governo que hoje toma posse.
O CDS Æca com duas pastas — Econo-
mia, nas mãos do líder regional Rui
Barreto, e Mar e Pescas à responsabi-
lidade de TeóÆlo Cunha, secretário-
geral do partido, num executivo que
tem, tal como o anterior, Pedro Cala-
do na vice-presidência.
Eduardo Jesus (Turismo e Cultura),
Augusta Aguiar (Inclusão Social e
Cidadania) e João Pedro Fino (Equi-
pamentos e Infra-estruturas) são
outras caras novas no governo lidera-
do por Albuquerque, em que Jorge
Carvalho (Educação, Ciência e Tec-
nologia), Pedro Ramos (Saúde e Pro-
tecção Civil), Humberto Vasconcelos
(Agricultura e Desenvolvimento
Rural) e Susana Prada (Ambiente,
Recursos Naturais e Alterações Climá-
ticas) são reconduzidos.

Governo de PSD-CDS toma
posse hoje na Madeira

Ana Catarina Mendonça Mendes vai
ser a nova líder parlamentar do PS,
soube o PÚBLICO. O lugar de secretá-
rio-geral adjunto dos socialistas será
ocupado por José Luís Carneiro, que
desempenhou o cargo de secretário
de Estado das Comunidades no
Governo que agora cessa funções.
Aos 46 anos, Ana Catarina Mendes
substitui Carlos César à frente da ban-
cada do PS, numa legislatura em que
os socialistas têm uma posição refor-
çada no Parlamento, tendo já eleito
106 deputados sem estarem ainda
apurados os votos da emigração (que
elegem mais quatro parlamentares).
A nova líder parlamentar terá,
assim, a tarefa de organizar a bancada
do PS e de gerir as relações entre os
socialistas e os diversos partidos com
representação no hemiciclo. Uma
missão complexa, já que o PS, não
tendo maioria absoluta, terá de viver
de negociações permanentes para
aprovar legislação caso a caso.
Outra missão difícil está destinada
a José Luís Carneiro como secretário-
-geral adjunto: a de preparar o PS
para as autárquicas de 2021. Em cau-
sa está a necessidade de o PS crescer
no poder local, soube o PÚBLICO.
Um objectivo que se apresenta difí-

José Luís Carneiro


será secretário-geral


adjunto do PS


cil, pois o PS ganhou as autárquicas
de 2013, com um total de 149 câmaras
presididas em exclusivo por si. Era
então líder do partido António José
Seguro, a cuja direcção máxima José
Luís Carneiro pertencia. Em 2017, o
PS já sob liderança de António Costa
ganhou de novo o escrutínio autár-
quico elegendo 159 presidentes de
câmaras em listas a que se apresentou
sem coligações. Agora, o objectivo é
tentar aumentar este resultado.
Com 48 anos, José Luís Carneiro
tem experiência governativa, mas
também autárquica e de dirigente do
PS. Em 2005, entra como deputado
na Assembleia da República, tendo
nesse ano sido eleito presidente da
Câmara de Baião, cargo que ocupou
até 2015, tendo anteriormente sido
vereador.
A nível partidário, José Luís Carnei-
ro foi presidente da federação distrital
do PS do Porto entre 2012 e 2016. Inte-
grou o secretariado do PS durante a
liderança de António José Seguro,
entre 2011 e 2015.
Como secretário de Estado das
Comunidades do primeiro Governo
de António Costa teve em mãos a
organização da resposta aos emigran-
tes portugueses face ao “Brexit”, a
organização do apoio aos portugue-
ses e lusodescendentes na Venezuela,
bem como a organização do processo
eleitoral nos círculos da emigração,
depois do alargamento do recensea-
mento, devido ao facto de este passar
a ser feito através do cartão do cida-
dãos nos círculos da Europa e de fora
da Europa.

[email protected]

Partidos
São José Almeida

António Costa prepara
reorganização do partido
antes de escolher governo.
Ana Catarina Mendes será
líder parlamentar

Actual secretário de Estado deixa Governo e dedica-se ao partido

NELSON GARRIDO

A decisão sobre o processo discipli-
nar aberto pelo Conselho das Ordens
Nacionais (CON) a Joe Berardo rela-
tivamente às condecorações que lhe
foram concedidas irá ser tomada
“seguramente antes do Natal”. Quem
o aÆrma é o relator do processo,
Mota Amaral, que está a preparar o
relatório Ænal, depois de ter recebido
as respostas de Berardo à nota de
culpa que lhe foi enviada.
O processo disciplinar a José
Manuel Rodrigues Berardo, que foi
condecorado como comendador da
Ordem do Infante D. Henrique em
1985 e recebeu a Grã-Cruz da mesma
ordem em Outubro de 2004, foi
aberto em Maio, na sequência da sua
audição na comissão Parlamentar de
Inquérito à CGD.
O CON abriu esse processo depois
de receber um parecer do presiden-
te daquela comissão, que constitui a
posição Ænal do Parlamento sobre o
assunto, na qual se considera “que a
conduta e a natureza das declarações
do Senhor José Berardo nesta Comis-
são podem ser consideradas matéria
relevante para avaliação do cumpri-
mento dos deveres legais dos mem-
bros das Ordens”, segundo um
comunicado do CON divulgado no
site da Presidência da República.
De acordo com a Lei das Ordens
HonoríÆcas, os membros são obriga-
dos a “defender e prestigiar Portugal
em todas as circunstâncias; regular
o seu procedimento, público e priva-
do, pelos ditames da virtude e da
honra”. A lei determina ainda que,
“sempre que haja conhecimento da
violação de qualquer” dever, deve
ser instaurado processo disciplinar”.
Mas isso nunca tinha acontecido.
Ao PÚBLICO, Mota Amaral não
antecipou o sentido do seu parecer,
mas aÆrmou que conta ter o relatório
pronto no prazo máximo de um mês,
de forma a que o CON possa marcar
uma reunião plenária para decidir
sobre o desfecho do processo.

Comendas


de Berardo:


decisão antes


do Natal


Comendas
Leonete Botelho

Mota Amaral está a
elaborar relatório que
depois será discutido em
plenário no Conselho das
Ordens Nacionais

[email protected]
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