Público - 15.10.2019

(C. Jardin) #1
Público • Terça-feira, 15 de Outubro de 2019 • 17

Decoração Exterior


Transit AdvertisingitAd tii

Av. António Augusto de Aguiar, Nº88 - 3º 1050-018 Lisboa +351213515300 [email protected]

Topos


Painéis


SOCIEDADE


O antigo director do Departamento
de Recursos Hídricos do Litoral
Sebastião Teixeira admitiu ontem, no
julgamento do caso da queda de uma
arriba que provocou cinco mortes no
Algarve, que as autoridades não
tinham sinalizado então o risco de
desabamento do leixão. A lei não
obrigava a fazê-lo. “A placa de ‘zona


Estado não sinalizou risco de


queda de arriba que matou cinco


pessoas, porque lei não o obrigava


perigosa’, que se encontrava no lei-
xão, foi colocada pelo concessionário
da praia, e só tive conhecimento [da
colocação dessa placa] depois do aci-
dente.” A arriba caiu em Agosto de
2009 na praia Maria Luísa e a legisla-
ção que regulamenta as zonas de
praia em risco só saiu três anos
depois.
Os familiares das vítimas pedem,
pela “omissão” da administração
pública de garantir a segurança das
praias e dos banhistas, uma indem-
nização que ascende aos 911 mil
euros. Sebastião Teixeira admitiu
que, em 2009, quando se deu a der-
rocada, não existia qualquer plano
de sinalização para identificar e aler-
tar para as zonas de perigo. As placas
triangulares com a representação de

sinalização, Sebastião Teixeira salien-
tou que a Administração da Região
HidrográÆca (ARH) aÆxou um sinal
de perigo de desmoronamento de
arribas, à entrada da praia. “Qual foi
o critério?”, perguntou a juíza Patrí-
cia Martins. “As placas foram adqui-
ridas por concurso público e coloca-
das caso a caso de acordo com a
sensibilidade dos técnicos”, explicou
o antigo director do departamento
responsável pela gestão do litoral
algarvio, entre 2008 e 2012. Desde
1995, há registos de cerca de 400
desabamentos de arribas nas praias
algarvias.

“Larga experiência”
O facto de o concessionário da praia
Maria Luísa se ter substituído à ARH,

na aÆxação de placas de sinalização
de “perigo” junto ao leixão, não cau-
sa estranheza a Sebastião Teixeira. O
concessionário “tem uma larga expe-
riência e conhecimento” dos fenóme-
nos que ocorrem naquela zona bal-
near. As cinco vítimas foram apanha-
das quando passeavam junto à zona
de rebentação, e outros encontra-
vam-se deitados ao sol. “Por que
razão o local não estava balizado,
para evitar aproximação?”, questio-
naram os advogados. “Não adiantava,
porque na maré seguinte o mar leva-
ria as balizas”, explicou. E tirou ila-
ções para futuros estudos sobre o
ordenamento do litoral: “Aprende-
mos todos com este acidente.”

Algarve


Idálio Revez


Foi o concessionário da


praia Maria Luísa que fez a


sinalização. Só depois do


acidente foi criada lei sobre


zonas de risco na costa


PUBLICIDADE

[email protected]

uma rocha a desmoronar-se, coloca-
das nos acessos principais às praias,
disse, “foram aÆxadas, de acordo
com a sensibilidade dos técnicos”. Só
depois de se ter veriÆcado o acidente
é que passaram a existir normas
escritas. O decreto-lei sobre os planos
de sinalização das praias foi publica-
do em Julho de 2012.
A praia Maria Luísa é considerada
uma das mais vulneráveis do ponto
de vista da erosão costeira. O leixão
que tombou, aÆrmou Sebastião Tei-
xeira, “é uma pérola geológica” do
ponto de vista cénico, tal como outros
que existem na região. Por isso, o
perigo e beleza coabitam no mesmo
espaço, e as advertências dos riscos
nem sempre são levadas a sério.
Embora não existisse um plano de
Free download pdf