Público - 05.10.2019

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2 • Público • Sábado, 5 de Outubro de 2019

DESTAQUE


DIA MUNDIAL DO PROFESSOR


Estes professores


sub-30 são


uma raridade.


O que os move?


Em dia de manifestação de professores, três jovens docentes


com menos de 30 anos partilham o que os motiva e preocupa


e o que esperam do futuro. Reconhecem que a entrada


na proÄssão é um desaÄo, mas há esperança


Rita Marques Costa


A


inda não são 10h30 quando
Manuel Pereira, represen-
tante da Associação Nacio-
nal de Dirigentes Escolares
(ANDE) e director do Agru-
pamento de Escolas de Cin-
fães, atende o telefone. É hora do
intervalo e, por isso, está na sala de
professores. Perguntamos se conhece
docentes com menos de 30 anos. A
resposta é taxativa: não. Mas mesmo
assim lança a pergunta ao grupo de
docentes que está na sala. Do outro
lado, percebe-se que ninguém se acu-
sa. “Só vejo cabelos brancos e pinta-
dos”, brinca.
Este não é um caso isolado. O que
todas as entidades contactadas pelo
PÚBLICO referem é que estes jovens
que estão a entrar na proÆssão são
uma raridade. Encontrá-los, dizem,

é como achar uma agulha no palhei-
ro. E as estatísticas conÆrmam-no: na
mais recente edição do relatório Edu-
cation at a Glance, de 2019, a Organi-
zação para a Cooperação e Desenvol-
vimento Económico (OCDE) estimava
que só 1% dos professores portugue-
ses tem menos de 30 anos. Por cá, o
Perfil do Docente 2017/2018 também
sinaliza o fenómeno e mostra que é
no 3.º ciclo e ensino secundário que
há menos docentes com menos de 30
anos.
A tendência não é recente, mas tem
vindo a agravar-se nos últimos anos
— em 2005, 16% dos docentes tinham
menos de 30 anos. E não é apenas
Portugal que se vê a braços com o
problema. Prova disso é que o rejuve-
nescimento da classe e a valorização
da proÆssão foi o tema escolhido pela
Internacional da Educação — estrutu-
ra que reúne as organizações sindi-
cais de professores de todo o mundo

— para marcar o Dia Mundial do Pro-
fessor, que se assinala hoje.
Em Lisboa, a manifestação dos pro-
fessores, marcada para as 14h30, tam-
bém vai estar subordinada a esse
tema. O protesto realiza-se anualmen-
te e sempre na mesma data, mas este
ano assume contornos distintos por
coincidir com o dia de reÇexão para
as eleições legislativas. Por isso mes-
mo, a Comissão Nacional de Eleições
já avisou que vai estar atenta ao pro-
testo, onde a propaganda eleitoral é
estritamente proibida.
Joana Cabral, de 24 anos, é profes-
sora de GeograÆa no Agrupamento
de Escolas Afonso de Albuquerque,
na Guarda. Confessa que, por estar
no início da carreira, a maioria das
preocupações dos colegas não a afec-
ta directamente, mas mesmo assim
vai à manifestação. “Daqui a uns anos
posso ser eu.” Mas por enquanto os
sinais até são positivos. As condições João Terroso, 28 anos, é professor de Matemática, e Ana Ferreira, de 28, de
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