Público - 05.10.2019

(nextflipdebug5) #1
Público • Sábado, 5 de Outubro de 2019 • 23

LOCAL


Um dos pólos da Faculdade de Ciên-
cias da Universidade de Lisboa
(FCUL), no Campo Grande, foi, na
manhã de ontem, evacuado devido
a um acidente com uma substância
perigosa, conÆrmou o PÚBLICO jun-
to do Regimento de Bombeiros Sapa-
dores de Lisboa. A situação Æcou
controlada no início da tarde.
Num primeiro momento, os bom-
beiros falaram de um “derrame” de
uma substância perigosa, mas, mais
tarde, veio a saber-se que se tratou
de uma libertação de ácido clorídri-
co, provocada pelo contacto com o
ar de cloreto de titânio que se
“encontrava num recipiente estan-
que”. Uma das salas, onde estavam
entre 25 a 30 pessoas, foi evacuada e
foi criado um perímetro de seguran-
ça. O alerta foi dado pelas 12h.
“No âmbito do projecto Coastnet,
uma rede portuguesa de monitoriza-
ção costeira, um doutorando do pro-
grama EarthSystems — Escola Dou-
toral de Lisboa em Ciências do Siste-
ma Terra — realizava numa hotte
(equipamento de protecção colectiva
adequado à actividade) uma expe-
riência com cloreto de titânio (IV),
tóxico por inalação. Da reacção des-
se agente químico com água resultou
a libertação de uma pequena quan-
tidade de vapores ácidos. Alguns
colegas do laboratório sentiram um
ligeiro ardor no nariz, pelo que foi
accionado de imediato o plano de
emergência interno, evacuado o edi-
fício e dado o alerta para os meios
externos de socorro, que em articu-
lação com o sistema de segurança da
faculdade rapidamente controlaram
a ocorrência”, explicou a faculdade
em comunicado.
O cloreto de titânio é altamente
corrosivo e considerado perigoso.
Reage à água e ao oxigénio, libertan-
do gases, e pode causar queimaduras
severas e danos oculares, assim como
irritação respiratória, se for inalado.
Fonte dos Sapadores Bombeiros
disse à Lusa, pelas 13h50, que a
“situação Æcou resolvida”, avançan-
do que “foi retirada a substância do
local”.
De acordo com a PSP, também
chamada ao local, “não houve viti-
mas a registar, nem perigo”.

Pólo da FCUL


evacuado


devido a


químico


Lisboa
Inês Chaíça

[email protected]

Deputados do PSD eleitos pelo círcu-
lo de Santarém acusam o Ministério
do Ambiente e da Transição Energé-
tica (MATE) de ter suspendido as ope-
rações de remoção de jacintos-de-
água do rio Sorraia duas semanas
depois do seu início. E consideram
que o plano de remoção, anunciado
em Agosto, pelo ministro Matos Fer-
nandes, “não passou de um embus-
te”. O MATE rejeita as acusações e
sustenta que foi necessário mudar os
meios de remoção dos jacintos para
outros locais, de modo a permitir que
os agricultores esvaziem os canteiros
de produção de arroz.
Os parlamentares sociais-demo-
cratas sublinham que, segundo infor-
mação da Agência Portuguesa do
Ambiente, esta operação, iniciada
em Agosto, teria a duração de pelo
menos nove meses. “Mas, volvidas
duas semanas, quase toda a maqui-
naria foi retirada do local e as acções
pararam no distrito de Santarém”,
refere Duarte Marques, um dos subs-
critores da pergunta, que, em decla-
rações ao PÚBLICO, aÆança que as
organizações de agricultores envol-
vidas ainda não receberam nenhum
tipo de apoio, nem sabem como é
que este plano de remoção vai ser
Ænanciado.
“Tanto na zona Ponte do Rebolo
no Biscainho (concelho de Coruche),
como em Trejoito (concelho de Bena-
vente), não há qualquer operação a
decorrer, o que é preocupante e
revoltante. A operação apresentada
pelo ministro do Ambiente e da Tran-
sição Energética não passou, aÆnal,
de um embuste”, sustentam os depu-
tados do PSD.


Ministério desmente


O gabinete do ministro Matos Fernan-
des tem uma versão completamente
diferente. “Continuamos no terreno,
nomeadamente no açude do Fura-
douro e na albufeira de Magos. A
intervenção na albufeira de Magos,
que também estava repleta de jacin-
tos, é necessária para permitir aos


Deputados do PSD acusam


Governo de suspender remoção


de jacintos no Sorraia


nas margens. Tendo em conta que o
jacinto não é tóxico, nem para o
homem nem para os animais, pode-
rá vir a ser incorporado no solo”,
acrescenta a mesma fonte.
Os deputados do PSD eleitos pelo
distrito de Santarém é que não se
mostram convencidos e dirigiram,
na quinta-feira, uma pergunta ao
ministro do Ambiente e da Transição
Energética. “Há cerca de duas sema-
nas testemunhámos o início dos tra-
balhos de remoção da praga de jacin-
tos-de-água no rio Sorraia, Ænalmen-
te, após o primeiro alerta que
Æzemos em Outubro de 2016. Na
altura, apesar do alerta, a resposta
foi vaga e revelou falta de empenho
do Ministério do Ambiente na reso-
lução deste problema. Desde 2016
que os deputados do PSD vinham a
alertar para a situação e o Governo
nada fez”, criticam.
Considerando que a visita do minis-
tro ao Sorraia e o plano de remoção
apresentado resultaram das denún-
cias feitas, os parlamentares do PSD
estranham que as operações tenham,
alegadamente, decorrido apenas jun-
to à Ponte do Rebocho (Coruche) e no
Trejoito (Benavente), zonas onde a
praga, dizem, “é mais visível pela
população”. Perguntam, por isso, que

iniciativas está o MATE disposto a
desenvolver “para acabar de vez com
esta praga em todo o rio Sorraia” e
que “medidas vão ou estão a ser
tomadas pelos organismos compe-
tentes para controlar e prevenir esta
espécie invasora no rio Sorraia”. Que-
rem também saber qual será a data
de início da actuação do MATE nesta
matéria e como pretende o Governo
Ænanciar esta operação.
Em Agosto, o MATE divulgou um
plano de retirada dos jacintos-de-água
do Sorraia elaborado pela Agência
Portuguesa do Ambiente. O docu-
mento admite que mais de metade
dos 155 quilómetros de extensão do
Sorraia estavam, na altura, afectados
pela praga dos jacintos-de-água.
O plano envolve parcerias com
autarquias locais e com a Associação
de Regantes do Vale do Sorraia e pre-
via medidas de remoção (mecânica e
manual) de jacintos a desenvolver no
curto prazo, assim como a colocação
de barreiras que impedissem a sua
maior dispersão. Recomendava, tam-
bém, acções de médio prazo, com a
execução de um plano de remoção e
controlo do jacinto-de-água no rio
Sorraia e no seu aÇuente rio Sor e a
eventual aquisição de uma ceifeira
aquática.

Praga


Jorge Talixa


Ministério do Ambiente


diz que num açude já foi


efectuada a remoção do


jacinto-de-água de uma


área superior a 2,6 hectares


Em Agosto, mais de
metade dos 155

quilómetros de


extensão do


Sorraia estavam
afectados pelo

jacinto-de-água


ADRIANO MIRANDA

O jacinto-de-água constitui uma praga que invade vários cursos de água em Portugal

agricultores conseguirem esvaziar os
canteiros de arroz. Para isso, foi
necessário deslocalizar os meios que
estavam a operar noutros locais”,
refere o MATE, em resposta ao PÚBLI-
CO. Frisa que no açude do Furadouro
(operação iniciada a 4 de Setembro)
“já foi efectuada a remoção do jacin-
to-de-água de uma área superior a 2,6
hectares” e a operação “está ainda a
decorrer”.
De acordo com o gabinete do
ministro da tutela, o material vegetal
ali recolhido “tem sido colocado na
margem da albufeira, afastado da
água, para secagem. Após a seca-
gem, o material sobrante apresenta
uma redução de volume de cerca de
70% em relação ao material vegetal
recolhido. Este material vegetal reti-
rado do rio encontra-se depositado
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