Público - 05.10.2019

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24 • Público • Sábado, 5 de Outubro de 2019


ECONOMIA


Ferry Funchal-Portimão teve


uma taxa de ocupação de 60%


HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

O Volcán de Tijarafe tem capacidade para cerca de mil passageiros e 300 viaturas

Há um ano, quando o ferry que pas-
sou a ligar sazonalmente o Funchal,
Portimão e Tenerife realizou a última
viagem, uma centena de populares,
com cartazes, buzinas e pulmões
cheios, protestaram pela ligação não
decorrer durante todo o ano, ao invés
de estar resumida aos três meses de
Verão.
Este ano, na semana passada,
quando o Volcán de Timanfaya, que
a Empresa de Navegação Madeirense
(EMN) fretou ao armador espanhol
Naviera Armas, zarpou do Funchal
rumo a Las Palmas, depois de ter
transportado perto de 14 mil passa-
geiros, nas 12 rotações previstas, os
manifestantes eram em menor núme-
ro, e bem mais silenciosos. Não por-
que o ferry tenha perdido importân-
cia, mas porque a operação, que nas
regionais de 2015 foi bandeira de pra-
ticamente todos os partidos no arqui-
pélago, parece ter entrado em veloci-
dade de cruzeiro.
“O balanço que o Governo Regional
faz à operação Ferry 2019 é muito
positivo. Os dados demonstram que
a rota que liga a região ao continente
português tem vindo a ser cada vez
mais procurada e a crescer de ano
para ano”, resume ao PÚBLICO o
vice-presidente do executivo madei-
rense, Pedro Calado, sustentando o
optimismo nos números da ligação
marítima.
“A taxa média de ocupação do
navio ferry ultrapassou os 60% [este
ano], ficando muito acima dos 47%
verificados em 2018”, enumera Pedro
Calado, comparando os quase 14 mil
passageiros (13.989, números da
empresa) com os que viajaram duran-
te o mesmo período em 2011, o último
ano completo em que a operação se
realizou, antes de ser interrompida
em Janeiro do ano seguinte. Houve,
diz o número dois do governo madei-
rense, um crescimento de 40%.
Também no transporte de viaturas
houve uma subida. Em 2018, o ano de
estreia deste novo modelo de opera-
ção que concentra todas as viagens
semanais nos meses de Verão ( Julho,
Agosto e Setembro), o navio transpor-


Paula Vitorino disse, em Janeiro, nos
Estados Gerais do PS-Madeira, que
tinham sido dadas “orientações” à
Administração do Porto de Lisboa
para estudar a localização para a ins-
talação de uma rampa de acesso a
veículos, explicando que estava a ser
analisada uma portaria que pudesse
enquadrar a operação a nível comu-
nitário.
Esta questão, a de ser o Estado a
suportar a linha, que neste momento
custa ao orçamento regional três
milhões para um mínimo de 12 via-
gens por ano, em indeminizações
compensatórias ao operador, tem
dividido Funchal e Lisboa.
Menos de um ano depois de ter
tomado posse, o governo do social-
democrata Miguel Albuquerque avan-

çou com um concurso para reactivar
a linha, que foi interrompida abrup-
tamente em 2012 pelo armador espa-
nhol Naviera Armas, em choque com
as autoridades regionais da altura. O
concurso acabou por ficar deserto, e
depois do Estado recusar assumir a
operação, e Bruxelas ter autorizado
o apoio à linha, foi aberto um novo
procedimento, agora com os tais três
milhões de euros anuais. Mas só à
terceira, quando o caderno de encar-
gos reduziu o número de viagens para
12 partidas do Funchal – inicialmente
estavam contempladas viagens sema-
nais ao longo de todo o ano –, é que a
Empresa de Navegação Madeirense,
mostrou interesse.

Número de passageiros cresceu em relação a 2018 e chegou aos 14 mil. Funchal recupera discurso


de António Costa e insiste que seja o Estado a financiar a operação no próximo ano


Transportes


Márcio Berenguer


Madeira: “O actual primeiro-ministro
garantiu que já estavam a ser tomados
os passos necessários para concreti-
zar, no próximo governo, o concurso
público, com uma ligação entre o
Funchal e Lisboa”.
Neste momento, continua, o con-
trato de concessão de serviços de
transporte marítimo entre a Madeira
e o continente estabelece adjudica-
ções anuais com o operador. “Uma
vez que o Governo da República já se
comprometeu com esse processo,
possivelmente não haverá necessida-
de de manter o concurso para o últi-
mo ano, passando essa a ser uma
responsabilidade do Estado.”
Tanto António Costa como a actual
ministra do Mar, têm, nas visitas à
Madeira, abordado esta matéria. Ana [email protected]

tou 2300 viaturas, entre ligeiros,
motociclos e pesados. Este ano, foram
perto de 2900. “Em relação ao núme-
ro de veículos transportados, conclui-
se que o ferry registou um saldo posi-
tivo, com um crescimento na ordem
dos 26% face ao último ano”, conta-
biliza Pedro Calado, que coloca em
Lisboa, nas mãos do Governo, a for-
ma como a ligação marítima entre a
Madeira e o continente vai navegar
em 2020.
“As perspectivas para o próximo
ano são as de que o Governo da Repú-
blica cumpra com a promessa de
financiamento de uma ligação ferry
marítima regular todo o ano”, diz
Calado, recuperando o que foi sendo
falado na campanha para as eleições
regionais de Setembro último na
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