Público • Sábado, 5 de Outubro de 2019 • 51
DESPORTO
Portugal luta pela última
medalha nos Mundiais
A última esperança de Portugal con-
quistar uma segunda medalha nos
Mundiais de atletismo está a cargo
de Patrícia Mamona, que estará, a
partir das 18h35 (hora de Portugal
continental), na final do triplo salto.
Mas o melhor mesmo é o país esfriar
o ímpeto e a “sede de conquistas”,
já que a portuguesa está longe de
ser uma das favoritas.
Em Doha, a saltadora tem uma
autêntica montanha para escalar.
Ou para saltar. Mamona, que já não
seria uma das favoritas, sê-lo-á ain-
da menos agora, depois de uma
qualificação modesta. A atleta do
Sporting conseguiu lugar na final
“por um triz” — sem marca de qua-
lificação directa, acabou por ficar
com a décima das 12 vagas — e sabe
que os 14,21m conseguidos na qua-
lificação só por milagre darão direi-
to a subir ao pódio. Entre as finalis-
tas, Mamona tem a quarta marca
mais modesta em 2019 e o quinto
recorde pessoal mais fraco, pelo
que, hoje, no Estádio Khalifa, os
portugueses terão de ver superação
por parte da sportinguista. E mes-
mo superação poderá não chegar,
porque há atletas num nível bem
superior.
Não será um risco se a organiza-
ção da prova começar já a inscrever
o nome de Yulimar Rojas na meda-
lha de ouro. E a preparar já o hino
venezuelano, claro. A sul-americana
só num tremendo descalabro não
será bicampeã do mundo, já que é,
de longe, a melhor atleta em prova.
Pelo potencial e capacidades físicas
— uma gigante de 1,92m em plena
forma —, mas também pelos núme-
ros: é a única a ter saltado mais de
15 metros em 2019 e chega a Doha
com a segunda melhor marca de
sempre.
Os restantes lugares do pódio não
estão com “pré-reserva”, como o de
Yulimar, mas há altas probabilida-
des de Mamona ter, como principais
rivais, a jamaicana Ricketts, a outro-
ra campeã Ibarguen e a norte-ame-
ricana Orji.
Resta a Mamona fazer valer o
Mamona compete hoje na Änal do triplo salto, mas ontem houve provas tremendas no salto em altura,
com festa do atleta da casa, e nos 3000 metros obstáculos, com medalha de ouro decidida no photo-Änish
didato à vitória, encheu o sector do
estádio mais próximo da zona do
salto em altura.
Houve explosão com a apresenta-
ção de Barshim, festa nos primeiros
saltos — até nos fáceis — e loucura
com mais um título mundial do atle-
ta do Qatar, o segundo consecutivo.
A prova do sector feminino já tinha
sido tremenda, com o despontar da
nova estrela Mahuchikh, mas a mas-
culina não ficou atrás. Desempenho
de altíssimo nível, já que teve, sur-
preendentemente, sete atletas acima
dos 2,30m e três com recordes pes-
soais nesta prova.
A “marca da morte” foi 2,33m: três
dos sete atletas ainda em prova falha-
ram nessa marca, deixando a discus-
são das medalhas entre Akimenko,
Nedasekau, Ivanyuk e Barhshim.
Este último passou os 2,33m apenas
à terceira tentativa e, claro, houve
DYLAN MARTINEZ/REUTERS
São reduzidas as hipóteses de
Patrícia chegar às medalhas,
mas não faltam histórias de
superação no desporto
loucura: estádio em erupção e Bar-
shim aos gritos. A seguir, passou os
2,35m à primeira tentativa, “repetin-
do a dose” nos 2,37m. Tremendo
desempenho do segundo melhor sal-
tador de sempre ( já saltou 2,43m,
dois centímetros menos do que o
recorde mundial do cubano Javier
Sottomayor), a “renascer das cinzas”,
depois de estar quase eliminado nos
2,33m. E como aos 2,37m já ninguém
chegou, houve “festa rija” no Qatar.
Por fim, destaque para o desfecho
dramático dos 3000 metros obstá-
culos, com final ao photo-finish.
Kipruto e Girma cruzaram a meta
juntos e nenhum festejou. Silêncio,
espera e... festejo de Kipruto. Mas
Girma não sai de “mãos a abanar”–
não só leva a prata como bateu o
recorde nacional da Etiópia.
Atletismo
Diogo Cardoso Oliveira
[email protected]
RESULTADOS
Salto em altura (M)
1.º Mutaz Barshim (Cat) 2,37m
2.º Mikhail Akimenko (Rus) 2,35m
3.º Ilya Ivanyuk (Rus) 2,35m
400 metros (M)
1.º Steven Gardiner (Bah) 43,48s
2.º Anthony Zambrano (Col) 44,15s
3.º Fred Kerley (EUA) 44,17s
3000 metros obstáculos (M)
1.º Conselus Kipruto (Que) 8m01,35s
2.º Lamecha Girma (Eti) 8m01,36s
3.º Soufiane El Bakkali (Mar) 8m03,76s
400 metros barreiras (F)
1.º Dalilah Muhammad (EUA) 52,16s
2.º Sydney McLaughlin (EUA) 52,23s
3.º Rushell Clayton (Jam) 53,74s
Lançamento do disco (F)
1.º Yaimé Pérez (Cub) 69,17m
2.º Denia Caballero (Cub) 68,44m
3.º Sandra Perkovic (Cro) 66,72m
estatuto de outsider e evitar um
pódio totalmente americano.
Festa rija no Qatar
O dia de ontem ficou marcado, sobre-
tudo, pela primeira prova com verda-
deiro ambiente de Mundiais. Numa
competição até aqui em ambiente
“fantasma”, com estádio vazio e
silêncio em muitas provas, aquilo de
que estes Mundiais precisavam era
de um grande atleta da casa a compe-
tir numa final e, melhor ainda, a ser
campeão. E foi isso que aconteceu.
A final masculina do salto em altu-
ra tinha Mutaz Barshim e, apesar da
temporada pouco conseguida, o
público do Qatar, com um bom can-