Sábado, 5 de Outubro de 2019 | FUGAS | 27
55 a 70 71 a 85 86 a 94 95 a 100
Um tinto
monumental
com a marca
Alves de Sousa
a Ao primeiro olhar, a vinha de Lor-
delo parece um anacronismo. A sua
linearidade é irregular, o espaço
entre os bardos estreito, o declive
quase impossível, a aparência velha
das videiras um mistério. Por ali há
“uma diversidade que nos apaixo-
na”, diz Tiago Alves de Sousa, o enó-
logo da Gaivosa que representa a
quinta geração da família. A vinha
mais velha da propriedade que serve
de porta-bandeira da aventura dos
Alves de Sousa tem mais de 30 castas
misturadas, algumas comuns, como
a Touriga Nacional, outras raras,
como a Malvasia Preta. Estão, por-
tanto, reunidas todas as condições
para a criação de um grande vinho.
Os Vinha de Lordelo são natural-
mente icónicos. Porque representam
a identidade de uma pequena vinha,
porque exprimem aquele lugar de ar
anacrónico e a sua identidade vege-
tal. São no geral opulentos, gordos,
intensos, ricos de aroma e com uma
complexidade enorme. Para alguns,
pecam por excesso, como se na sua
génese houvesse a preocupação de
reunir no mesmo vinho todo o
potencial e todas as características
do Douro. No geral, envelhecem
admiravelmente – o 2003 está ainda
a crescer, o 2007 deve Ægurar na lis-
ta dos grandes tintos nacionais da
década e o 2011 mostra um fulgor e
uma garra tânica a recomendar mais
tempo na garrafa.
Na sua última edição, o Vinha de
Lordelo exprime a mesma Ænura
aromática e a mesma grandeza na
boca dos seus antecessores. Mas tem
a marca do ano. No nariz, com uma
expressividade e complexidade irre-
sistíveis; na boca, com as suas nuan-
ces ao longo da prova, com sensa-
ções que se desenrolam no palato
como andamentos de um concerto.
Está ainda na sua primeira infância,
o que se nota por um toque de doçu-
ra e por uma estrutura de taninos
que sobrepõe a intensidade à sua
elegância – é um dos vinhos mais
elegantes da marca. Mas não engana.
Estão lá o calor, os cheiros, a impo-
nência, a soÆsticação, a classe e a
alma dos grandes Douro. Um vinho
extraordinário a precisar apenas de
futuro. Manuel Carvalho
Proposta
da semana
Vinha de Lordelo, 2016
Quinta da Gaivosa,
Santa Marta de Penaguião
Graduação: 14,50% vol
Região: Douro
Preço: 82,60€
QM Alvarinho
Nature 2017
Quintas de Melgaço, Melgaço
Graduação: 12,5% vol
Região: Vinho Verde –
Monção e Melgaço
Preço: 15€
Entre dois estilos genéricos
construídos com a casta
Alvarinho, há a facção mais doce,
volumosa e frutada e a versão
mais seca, precisa e mineral. Este
Nature cabe claramente no
primeiro destes estilos. Aroma
intenso de fruta madura, bom
volume de boca, expressivo e
guloso, é um vinho capaz de
agradar a uma gama vasta de
consumidores. M.C.
Phenomena Rosé 2018
Quanta Terra, Alijó
Graduação: 11,5% vol
Região: Regional Duriense
Preço: 25€
Se ainda acredita que os rosés
são aqueles vinhos redondos que
se bebem à borda da piscina sob
o calor do estio, desengane-se. O
Phenomena, da dupla Celso
Pereira e Jorge Alves, é um vinho
todo-o-terreno para qualquer
estação. Produzido com base no
Pinot Noir, é um vinho com uma
tensão impressionante e uma
acidez pungente. A fruta está lá e
a solidez de uma estrutura
também. Mas o que lhe compõe
o retrato é exactamente essa
sensação vibrante de frescura
ácida que o torna especialmente
recomendável para a mesa. M.C.
Lacrau Vinhas Velhas
2015
GR- Consultores, Favaios
Graduação: 14% vol
Região: Douro
Preço: 15€
É preciso ter atenção aos vinhos
que a dupla que dá a cara pela
GR-Consultores está a fazer. Seja
nas gamas de acesso, seja nos
luxuosos vinhos de preços
superiores, as suas marcas valem
a pensa ser experimentadas. Se
for o caso, comece-se por este
Lacrau Vinhas Velhas, que é um
belíssimo e autêntico retrato do
Douro nos aromas (urze, fruta
vermelha delicada) e um belo
exemplo de harmonia na boca,
com o seu tanino firme mas
polido, uma secura final muito
gastronómica e um final
especiado que o torna
especialmente guloso. M.C.
Tapada de Coelheiros
2015
Tapada de Coelheiros, Igrejinha
Castas: Cabernet Sauvignon
(70%) e Alicante Bouschet
Região: Regional Alentejano
Preço: 29€
A marca, bem se sabe, tem uma
boa reputação e a edição deste
tinto de 2015 justifica-a. Seja no
seu aroma quente, com fruta
vermelha, ligeiro toque vegetal e
os primeiros indícios do
envelhecimento, ou na
delicadeza com que se
desenvolve na boca. A garra
vegetal da Cabernet é notória,
principalmente no tanino firme
que marca o palato, mas a
enologia, a barrica e o tempo
dão-lhe uma feição mais amena e
aprazível. Um belo tinto, com um
belo futuro na garrafa. M.C.
95
91
92
92
89
Os vinhos aqui apresentados são, na sua maioria, novidades que chegaram recentemente
ao mercado. A Fugas recebeu amostras dos produtores e provou-as de acordo
com os seus critérios editoriais. As amostras podem ser enviadas para a seguinte morada:
Fugas — Vinhos em Prova, Rua Júlio Dinis, n.º 270, bloco A, 3.º 4050-318 Porto
Vinhos