30 | FUGAS | Sábado, 5 de Outubro de 2019
Fugas dos leitores
Os textos, acompanhados preferencialmente por uma foto,
devem ser enviados para [email protected].
Os relatos devem ter cerca de 3000 caracteres.
Mais informações em http://www.publico.pt/fugas
Dois dias em Hué
a Em Hué, o nosso hostel Æcava
na rua Ngo Quyen. O nosso
quarto era num quarto andar,
sem elevador, com a agravante de
haver mais um andar entre o
primeiro e o segundo, outro entre
o segundo e o terceiro e mais
outro entre o terceiro e o quarto.
Quando chegámos, à noite, o
quarto estava um forno. Liguei o
ar condicionado e uma
ventoinha. O quarto tinha uma
varanda e era nesta varanda que
estavam Æxados os neónes azuis e
vermelhos que acendiam e
apagavam e que anunciavam o
hostel. Mesmo com as cortinas
fechadas a luz entrava pelo
quarto.
A ventoinha era grande e fazia
muito barulho. Às tantas, eu já na
cama, comecei a associar o
barulho da ventoinha a
helicópteros, a lembrar-me do
Apocalypse Now, do quarto do
capitão Martin Sheen, de The
End, de Jim Morrison. E não
conseguia dormir.
Ao jantar tínhamos ido ao Park
View Hotel. Atraiu-nos o facto de
estarem muitos vietnamitas a
jantar e em algumas mesas
tinham pratos tipo tapas, para
inglês, indicou-nos um
restaurante de comida
vietnamita. Foi lá que fomos no
dia seguinte.
O restaurante chama-se Quán
Hanh e Æca na rua Phó Dóc Chinh
11-15. O restaurante não é bom, é
excelente. Por 120 dongs
(equivalente a 4,80€) por pessoa
dá para comer cinco entradas:
bánh béo; bánh khoai; nem lui;
bánh cuonthit nuong e nem ran.
As cinco entradas estão
propositadamente escritas em
vietnamita para suscitar a
curiosidade de quem estiver a ler
esta crónica. E hoje em dia é
muito fácil traduzir.
As cinco entradas, ou cinco
pequenos pratos, como lhes
quisermos chamar, são
excelentes, com sabores variados
e muito diferentes dos a que
estamos habituados. A cerveja
custa 70 cêntimos.
Em Hué, como costumo fazer
noutras cidades que visito,
selecciono dois ou três locais
para visitar e o resto do tempo
gasto-o a passear pelas
ruas e pelos mercados,
a ouvir e sentir as gentes, o
palpitar de uma cidade.
Entretenho-me também a
fotografar a cidade à minha
maneira. Em Hué fui vistar o
Pagode de Thien Mu, um templo
histórico de sete andares que é o
edifício religioso mais alto do
Vietname. Fomos lá de barco
pelo calmo rio Perfume.
O outro local que visitámos foi
a Cidade Imperial. Esta cidade foi
criada à imagem da Cidade
Proibida, em Pequim, embora de
dimensão mais reduzida. Foi
criada nos inícios do século XIX
pelo imperador Gia Long. No
interior da Cidade Imperial
Æcava a Cidade Proibida
Púrpura, zona reservada para o
uso exclusivo da Família Imperial
Nguyen. Os imperadores
sucederam-se até meados do
século XX.
Em 1966 a Cidade Imperial de
Hué foi destruída por
bombardeamentos
norte-americanos. Alguns
edifícios sobreviveram, como o
Templo Thai Hoa ou o Templo
Can Thanh. Muitos outros
edifícios estão a ser
reconstruídos.
Esta cidade, que foi a capital
do Vietname até 1945, foi
classiÆcada em 1993 como
Património da humanidade pela
UNESCO. Augusto Lemos
@a.z.u.k.ii O Cais da Ribeira de Esgueira,
em Aveiro, pela lente de Susana Mano.
@tiagolostintheworld O Parque Nacional Blue
Mountains, na região de New South Wales,
Austrália, pela lente de Tiago Soudo.
#fugadoviajante
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os melhores instantâneos das suas férias com a #fugadoviajante
partilhar. Na mesa ao lado de
onde nos sentámos estavam seis
ou sete vietnamitas, na casa dos
trinta anos. Alguns bem bebidos
de cerveja mas muito simpáticos.
Às tantas perguntaram-nos de
onde éramos: bô dâo nha (que
signiÆca Portugal). Logo a seguir
todos falam do Cristiano, o nosso
grande cartão-de-visita. Às tantas
um deles aponta para mim e diz:
“Calito, Calito, you seem Calito.”
Não percebi nada na altura. Só
mais tarde é que Æquei a saber
das minhas parecenças com o
treinador Henrique Calisto, que
também tem bigode e cabelo
grisalho e foi treinador da
selecção vietnamita.
O empregado trouxe um menu
novinho em folha. Tinha ar de
nunca ter sido usado. Os petiscos
que os da mesa ao lado estavam a
compartilhar não constavam
nele. Aí percebemos tudo: havia
dois menus, um para vietnamitas
e outro para turistas estrangeiros.
Comemos um hambúrguer em
prato com cerveja. Não é que
fosse demasiado caro mas não é
espaço que eu recomendo a
quem vá a Hué. Um dos da mesa
ao lado, o que falava melhor