Folha de São Paulo - 03.10.2019

(C. Jardin) #1

aeee


opinião


Quinta-Feira,3DeOutubrODe 2019 A

erramos
[email protected]

Previdência
Essareformaépior para otraba-
lhador do queadoTemer(“Sena-
doconcluivotaçãoemprimeiro
turnodareforma daPrevidência”,
Mercado, 2 / 10 ).OqueBolsonaro
quermesmoéestar bem junto dos
quetêmocapital,sustentados pe-
lo Exércitoepor corporaçõesque
estão se lixando paraopovoesó
querem manter seusprivilégios.
SérgioNovaes(SãoPaulo,SP)

*
Bolsonaroaliviouparasua base nas
Forças Armadaseliquidoucomos
servidores civisedoINSS.Embre-
ve,osbolsominions quevendema
forçadetrabalho irão chorar san-
gue. Osofrimentopoderáser edu-
cativoeumcontrapontoàdoutri-
nação. Quevenhaentãoparaagló-
ria darazão.
Celso GalaxedeAlmeida
(Campos dos Goytacazes,rJ)

LavaJato
Houveumtempo em que eu,cheio
de esperançaseacreditando que
ajustiçaestavasendofeita,corria
aos noticiários,porvoltadas 7 h,
para saber das últimasoperações
determinadas pelo senhor Moro,
pela PFepor Dallagnol. Hoje,con-
tinuocorrendo aosnoticiários, só
queomotivoébem diferente.Pro-
curosaber das últimasdivulgações
do siteThe Intercept (“Operação
da PF mirachefedaLavaJatona
ReceitaFederal”,Poder, 2 / 10 ).
PedroSilva(ilhéus,ba)

Caos econômico
ArminioFragamostrou, em seu
simplesebrilhanteartigo“Nofinal
do arco-íristemumpotedeouro”,
29 / 9 ),atrilhaaser percorrida pa-
ra solucionarocaoseconômicoe
social em que nos encontramos.
Cabe, portanto,aBolsonaro, que
aindatempopularidadeecoragem
suficientes, adotá-lacomo virtual-
menteoúnicocaminho quepermi-
tirásolução justa eeficienteparaa
normalização do Brasil.
Marcio de Moura Castro
(belo Horizonte, MG)

Aárvore
Lembroaopresidente queplantar
árvoreséuma dasformasmaisex-
pressivas de serviràpátriaeàhu-
manidade.Otratamento usado por
ele parecedesconheceraimpor-
tância disso (“‘Interesse na Ama-
zônia nãoénoíndio nem na por-
ra da árvore’, dizBolsonaro”, Am-
biente, 1 º/ 10 ).
Walter MatheusMicheletti
(uberaba, MG)

*
Se entendibem,anoção de pro-
gresso do presidenteBolsonaro é
um riocontaminadopor mercú-
rio, oíndio trocandoopeixepelo
macarrão instantâneoeasobrevi-
vênciagarantida peloBolsaFamí-
lia.Amoradia seria apenasumca-
dastronoMinha Casa Minha Vida,
e, por fim, umacarteiradetraba-
lho jamais preenchida por um em-
pregoformal.
PauloSérgio doCarmo(São Paulo,SP)

Presidentes
OPeru inovaeestácom dois pre-
sidentes.PioréoBrasil, que não
temnenhum.
AugustoCesar de Almeida
(rio de Janeiro, rJ)

Raíssa
“Garotode 12 anosqueconfessou
morte pode serinternado portem-
po indeterminado” (Cotidiano,
2 / 10 ). Hátempos houveumas-
sassinatopraticado por dois me-
nores na Inglaterra.Tinham 6 e 9
anos.Saíram há pouco. Passaram
50 anos presosesão monitorados
pela polícia
MárioSérgioMesquitaMonsores
(ri odeJaneiro, rJ)

Olhosementes
Parabéns aorepórter Marcelo To-
ledo pelareportagem “Jogadoras
comsíndromedeDownmontam
timede futsalnointerior de SP”
(Cotidiano, 2 / 10 ), que dáadevi-
daatençãoaumtema muitasve-
zesmenosprezado.Além disso, o
projetoéfeitocom mulheres, que
muitasvezessão vistascompre-
conceitonofutebol. Esperoque a
reportagemconsiga abrirosolhos
easmentesdaspessoas.Pessoas
comdeficiência deveminteragir
socialmentecomtodos.
JoãoGabriel(Jacaraci,ba)

Suicídio
Oeditorial “Policiais que se matam”
(Opinião, 2 / 10 ), sobresuicídio,re-
conhece as duras peculiaridades do
trabalho policial. Maséimprópria
acomparaçãodoíndicedesuicídio
de policiaiscomoverificado na po-
pulação emgeral. Naspolícias,cer-
ca de 90 %dos efetivossão homens
—segmentocom maiorincidência
na população—,emuitos dosfato-
res causais presentes em boa par-
te dos suicidas vêmdasociedade,
como as dificuldades financeiras.
José VicentedaSilvaFilho,coronel
reformado da Polícia Militar
emestre em psicologiasocial
pela uSP(SãoPaulo,SP)

Idosos
Acordei ontemcomasensação
de seraúltima bolachaPiraquê
do pacote—ecomdata devalida-
devencida. Mas, após leraimper-
dível crônica“Tempo hostilpa-
ra idosos” (Opinião, 2 / 10 ), deRuy
Castro, fiquei me sentindo um pe-
tiz. Obrigado,caroRuy,por trazer
àbaila, de maneiraperspicaz,co-
mo os idosos, mesmoaquelescom
plenacompetência leitoraeescri-
tora,podem ficar sujeitos ao senti-
mentodemenosvalia...Valha-nos,
DonaBenta.
JoãoPaulode Oliveira,professor
aposentado (Diadema,SP)

Aborto
Éumatentativadecensuraopedi-
dodaministraDamares Alves pa-
ra investigar umarevistaque publi-
couartigosobremétodos dereali-
zaçãodoabortosegurocom base
em informações da OMS(“Revis-
ta fazreportagem sobreabortoe
édenunciadapor Damares”, 23 / 9 ).
Adivulgação de informação sobre
acessoaprocedimentos segurosde
abortonão implicariscos.Osris-
coseamortalidade decorrem da
criminalização da prática, que le-
vamilhares de mulheresarecor-
reramétodosinsegurosparaain-
terrupção dagravidez indesejada.
DeniseDora,artigo 19 ,JuanaKweitel,
ConectasDirei tosHumanos, e
Sonia Correa,SexualityPolicy
Watch(SãoPaulo,SP)

Água
Parabéns, parabéns, parabéns. Se-
tentavezes seteparabéns (“Políti-
ca hídrica de cidade dointerior de
Sergipeganha prêmio de sustenta-
bilidade”, 2 / 10 ).Temos derealizar.
Fazeroque precisa serfeitoede-
pois mostrarcomo deve serfeito.
Nestestempos de trevas, opadrão
éser igualacachorroque levanta,
dá umavolta, late paraosoutrose
voltaasedeitar. Projetos decons-
truircoletivamente?Nada. Zero.
Pobrestempos.
Rogériode Mendonça Lima
(Goiânia, GO)

Tapa nacara
Parabéns aos alunos da Universi-
dade deSãoPaulo (“Alunos de di-
reitodaUSP liberam R$ 3 milhões
parareformadeprédio para estu-
dantespobres”,Cotidiano, 2 / 10 ). A
inclusãoéoprincípio de um futu-
ro melhor.Umgestomagníficoque
significaumtapa nacara dos pode-
respolíticosconstituídosporratos.
MauroJoséCavaletti(Montealto, SP)

COTIDIANO(2.OUT.,PÁG.B4)Legen-
da defoto queacompanhouare-
portagem “Joias arquitetônicas vi-
ramdilema paraclubes de eliteem
SãoPaulo” afirmou incorretamente
tratar- se do ginásio do ClubeAthle-
ticoPaulistano; naverdade,aima-
gemmostraaentrada do clube.

ESPORTE(2.OUT.,PÁG.B8)Diferen-
tementedoquefoipublicado na
reportagem “‘Loucodo bem’, ar-
gentinoconquistagremistascom
raça”, ozagueirodoGrêmioWal-
terKannemann ficarádeforade
jogos do CampeonatoBrasileiro,
não daLibertadores.

PaINeLDoLeITor


folha.com/paineldoleitor [email protected]
Cartasparaal. barãodeLimeira, 425, São Paulo,CeP 01202-900. aFolhase reserva o
direitodepublicar trechos das mensagens. informe seu nomecompletoeendereço

Reportagem publicada em um jor-
naleconômicorevela que sócios,
diretoresegerentesdeempresas
viram-secondenados em 82 %dos
casos submetidosàJustiçacrimi-
nal.Odadofoiobtido mediantele-
vantamento de decisõesproferidas
porcortes estaduaisetribunaisfe-
derais entre 2013 e 2019.
Apurou-se que,como ascorpo-
rações geralmentenão figuramco-
morésemações penais, asconde-
naçõesvêmrecaindo sobreseus di-
rigentes, sobretudo em situações
nas quais as provas não permitem
identificarquemfoioresponsável
pelocometimentodos delitos.Tais
casostêmorigem em processos en-
volvendo discussões tributárias, so-
cietárias ou ambientais, porém se
desdobram emfeitos criminais a
partir de denúnciasoferecidas pe-
lo MinistérioPúblico.
Segundoapesquisa, osgestores
são apenados por decisões ouatos
deterceiros,mesmo semqualquer
evidência de que deleshajam parti-
cipado diretaouindiretamente. Um
criminalistaatribuiu esse altoíndi-

cedecondenações ao empregoin-
devido dateoriagermânica do “do-
mínio dofato”porpartedoSupre-
moTribunalFederal,nojulgamento
do chamado “mensalão”,cujaótica
se espalhou pelasdemais instâncias
judicantes, levando-asaresponsabi-
lizar osexecutivos apenascombase
na presunçãode queestes, emrazão
da posição ocupada,teriam ciência
dos malfeitos praticados.
Interessantemente, logoapósore-
ferido julgamento, ojurista alemão
ClausRoxin, um dos principais ela-
boradores dessateoria,aprincípio
concebida paraenquadrar chefes de
regimesdeexceção que praticavam
crimespor meio de subalternos, em
entrevistaconcedidaàestaFolha
em 11 denovembrode 2012 ,escla-
receuoseguinte:“A posição hierár-
quica não fundamenta, sob nenhu-
ma circunstância,odomíniodofa-
to.Omeroter que saber não basta”.
Isso porque, na área penal, para
que secondene alguémépreciso
provar cabalmentequeagiucoma
intenção de alcançaroresultado cri-
minoso ou assumiuoriscodepro-

duzi-lo.Mesmo nas hipóteses de im-
prudência,negligência ou imperícia
exige-se, paraacondenação,prova
irrefutáveldessasfalhascomporta-
mentais.Naseara civil, administra-
tivaouconsumerista, aocontrário,
as consequênciasdeumilícitopo-
demser imputadasaalguém medi-
anteasimplescomprovação do da-
no,sem qualquer indagação acerca
davontade de seucausador,porque
restritasàesferapatrimonial.
Ainflexãojurisprudencial, queco-
meça aatingir asatividades negoci-
ais, pareceagasalhar umaespécie
deresponsabilidade penal objetiva,
repudiadapelos doutrinadores, na
qualtambém não secogitadedolo
ou culpa do infrator. Consta inclusi-
ve que já estaria inibindooengenho
earrojo inerentes ao empreendedo-
rismo.Por isso,muitos estranham
oapoio aindaconferidopor parce-
la do empresariadoàescalada per-
secutória em curso no país.
Tolerainvestigações oficiosas, de-
lações direcionadas,vazamentos se-
letivos,diligênciasextravagantes,
conduçõescoercitivas,acusações
hiperbólicas,prisõesespetaculares,
penasexorbitanteseoutras medi-
das abusivas,sendo-lhecompleta-
menteindiferenteoesgarçamen-
toda presunçãoconstitucional de
inocência.Talvez acrediteque essas
práticas anômalas só alcancem de-
safetos habituais,corruptos notóri-
os ou criminososcomuns.Desavisa-
da, nãoconsegue perceberagrave
ameaçaque encerram paraasegu-
rançajurídicadetodaasociedade.

Naúltima década, poucos setores da
economia tiveram um aumentode
concorrênciatãoexpressivoquan-
toodascredenciadoras ou adqui-
rentes de meios eletrônicos de pa-
gamento—as maquininhas decar-
tão. Emmenosdedez anos,osetor
viuonúmerodecompetidores sal-
tarde 2 paramais de 20 ,ummovi-
mentoquetemsido incentivado e
acompanhadopeloBancoCentral e
querefleteascaracterísticas de um
mercado aberto edinâmico.
Aumentodeconcorrência, em
qualquer área,tendeaser significati-
vamentesalutar paratodoomerca-
do.Adisputaentreasempresas pa-
ra ganharapreferênciadacliente-
la eentregar produtoseserviços de
qualidade,comomelhor custo-be-
nefício, geraumacorrida por inova-
çãoeeficiência,oquetambémqua-
se sempreresultaemuma natural
redução de preçosemelhorescon-
dições de negociação para ocliente.
Nomercado decartões nãofoi
diferente.Comaentrada de novas
empresaseoaumentodacompeti-
tividade, omercado passouacon-
tarcom inúmerassoluções de paga-
mento, customizadas paratodo tipo
de negócio—estendendo-se, inclu-
sive,paraalém docomérciotradici-
onal. Hoje, segundo levantamento
da Abecs, associação querepresen-
ta osetor,hámaisde 9 milhões de

máquinas decartão espalhadas pelo
território nacional—uma das maio-
resemais modernasredes de acei-
taçãodecartões do mundo.
Naprática,comerciantes detodo
opaís, desde pequenas lojas,restau-
rantesebares, passandopor e-com-
merce eprofissionais autônomos,até
grandesredesvarejistas,ganharam
definitivamentemaior poder de es-
colhaemais eficiência na horadere-
alizar suasvendas.
Comtantas opções,ocustoparao
lojista contarcomesse tipo deservi-
ço caiu econtinuacaindoconsidera-
velmente. Hoje,ternobalcãouma,
duas, três ou mais maquininhas se
tornou apenas umaquestão de es-
tratégiacomercial.
Os números da Abecs mostram
que, nos últimos dez anos,ataxa
médiacobrada nas transaçõescom
cartões,conhecidacomo MDR (Mer-
chant Discount Rate), teve umaredu-
çãodequase 25 %. Apenas entreose-
gundo trimestrede 2018 eomesmo
período de 2019 ,ataxa saiu de 2 , 12 %
para 1 , 91 %, queda de 10 %. Entreos
meses de abrilemaio desteano,a
competição se intensificou: diversas
credenciadoraszeraramsuastaxas
de antecipação derecebíveis, outras
tantas anunciarammaisreduções
eaté mesmo isenções de custopa-
ra as vendascomcartão de crédito.
Esteéummomentoimportantena

história do setor.Orepasse dovalor
dasvendascomcartão de créditoem
um prazomaiscurto, sem queolo-
jista precise pagar pela antecipação,
émais umaevolução do sistemage-
rada pelacompetição e, semdúvida,
um grande benefício paraofluxode
caixa docomerciante.Algumas cre-
denciadorasfazemesserepassede
forma instantânea ou, no máximo,
no diaseguinte, talqual nasvendas
comcartão de débito.Com umce-
nário altamentecompetitivo, redu-
ções eisenções detaxas, menor pra-
zode pagamentoeopções paraes-
colheromelhor custo-benefício já
são umcaminhosemvolta.Avenda
comcartãoécadavezmaisumex-
celentenegócio para olojista.
Alémdos efeitos dacompetição,
uma transação devendacomcartão
ocorredeformamuitomaisrápida
eseguradoque outros meios de pa-
gamento.Olojistanão precisa arcar
comcustos deconcessãodecrédi-
toeinadimplência, mesmoquan-
dovendeaprazonocartão,jáque
esse riscorecai inteiramente sobre
osistemafinanceiro.Cartãoésinô-
nimoderedução de custos, aumen-
to devendaseumgrande aliado de
comercianteseempreendedores de
todoopaís, que pagam, em média,
menos de 2 %emsuastransações
—enquantooíndicedeperdacom
cheques sem fundosédequase 3 %.
Ao beneficiar os estabelecimentos
comerciaiseprestadores de serviços,
aconcorrência dos meios eletrôni-
cosdepagamentosemostravanta-
josatambém para todaasociedade,
acurtoealongoprazo.Oconsumi-
dor,porexemplo,podecomprar
produtoseserviços mais baratos,
já queocomérciotemaoportuni-
dade detransferir essareduçãoge-
raldecustos, quevemocorrendo
há quase dez anos, paraopreço fi-
nal de suas mercadorias. Isso,sem
dúvida, movimenta omercadoeaju-
daaaqueceraeconomiabrasileira.

Competição de maquininhas


beneficiaomercado


Domínio dofato


TeNDêNcIas/DebaTes


folha.com/tendencias [email protected]
Os arti gospublicadoscomassinaturanão traduzemaopinião do jornal. Sua publicação obedeceaopropósitodeestimular
odebatedos problemas brasileirosemundiaisederefletiras diversastendências do pensamentocontemporâneo


  • Ricardo deBarros Vieira
    Diretor-executivo da abecs(associação brasileiradas empresas de Cartões de CréditoeServiços)


  • Ricardo Lewandowski
    MinistrodoSupremotribunalFederaleprofessor titular deteoria do estado daFaculdade de Direito
    da universidade de São Paulo




Carvall

Condenaçõesrecaem sobre dirigentes decorporações


busca por inovaçãoeeficiênciagera redução de preços

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