Folha de São Paulo - 02.10.2019

(Steven Felgate) #1

aeee


poder


A4 Quarta-Feira, 2DeOutubrODe 2019


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GRUPOFOLHA


Seráqueoproblema deleéoregime
pressupor trabalho? Ou seráque se

apaixonou pelacadeia? Ficosem saber...


Do deputado DelegadoWaldir(GO),líder doPSL, sobrearesistência
do ex-presidenteLulaasesubmeteràscondições do semiaberto


TIROTeIO


comJuliaChaib


Umacontradiçãoreveladanolivro doex-procurador-


geralRodrigoJanotvaialimentaropedido de suspeição


dosprocuradores de Curitiba,feitonoSTF,por Lula.Na


obra,Janot dizterrepreendido integrantes daforça-tare-


fa por ignorarem limites impostos pelo Supremo nafor-


mulação da primeiradenúnciacontra opetista.Àcorte,


porém,em 2016 ,quando advogados doex-presidente


questionaramTeori Zavasckisobreoato daLava Jato,


oentão chefe daPGRdefendeuacondutados colegas.


Oque disse eoque fiz


PrólogoNolivro, Janot narra
umaconversatensacomDel-
tanDallagnoleoutros pro-
curadores que, segundo diz,
opressionavamadenunciar
Lula antesde outrosinvesti-
gadosparadar sustentação
àacusação que haviamfeito,
dias antes, nocaso do tríplex.


Motivo...“Dallagnoleosde-
maiscolegas tinham vindoco-
brar uma inversão da minha
pauta de trabalho.Eles queri-
am que eu denunciasse imedi-
atamenteoex-presidente Lu-
la pororganização crimino-
sa, nemque paraisso tivesse
que deixar em segundoplano
outras denúncias”,diz Janot.


...razão...Janotregistraque
aduraconversa ocorreudias
apósaLavaJatodenunciarLu-
la, no dia 14 de setembro.No
augedadiscussão,acusado de
interferir no trabalho de Cu-
ritiba,Janotrebateu: “O mi-
nistroTeori excluiuexpressa-
menteapossibilidade devo-
cêsinvestigaremedenuncia-
remLulapor crime de organi-
zação criminosa, que seguia
no Supremo.Evocês fizeram”.


...ecircunstância“Vocês de-
sobedeceramàordem do mi-
nistro”,concluiu oentão pro-
curador,segundooprópriore-
lato.AoSTF,porém,dia 16 de
setembro,emrespostaare-
clamaçãona qualadefesa di-
zia que Lula estavasendo in-
vestigado pelos mesmosfatos
em doislugares,STFeCuriti-
ba,Janot desqualificouoargu-
mento edefendeuaLavaJato.


MuralhaPara CristianoZa-
nin,advogado doex-presiden-
te,oepisódio mostraque“to-
dos os abusos identificados e
formalizadospor meiodere-
cursos noJudiciário não pros-
peraramporque havia essa di-
nâmicainterna”.


Foradaáreadeserviço?Os
deputados doPSLque mais
atacamministros doSTFnas
redes silenciaram sobreade-
cisãodeGilmar Mendes que
suspendeu processoscontra
FlavioBolsonaro. Aquietude
intrigou os membrosdoparti-
do que acusam essaala de agir
comoportunismo,poupando
oclã Bolsonarodecríticas.


ParaFrenteseandaSe oSu-
premodefato retomar nesta
quarta( 2 )adiscussão sobreo
alcancedadecisão que, sema-
na passada, impôsfortederro-
ta àLavaJato, oministroLu-
ís RobertoBarrosovaiseguir
linhaque já vinha defenden-
do: circunscrever os efeitos
dovereditoaos novoscasos,
sem permitir que eleretroaja.

PriMeiroroundSeteminis-
tros entenderamqueréus têm
odireitodeapresentar alega-
ções finaispor último, depois
inclusivededelatores, para
garantiraampladefesa.Es-
sa ordem nãofoiseguida em
dezenas decasos da Lava Jato.

segundoroundAposição
deBarrosocoincidecomade
procuradores,quetemem a
anulação de sentenças—mas
aapostaéade queele ficará
novamentevencido.

FalaMuitoApressão do Se-
nadoparaqueogoverno cum-
praosacordos que firmou pa-
ra destravar areforma daPre-
vidência ampliouoatritoen-
trealas do Planalto.LuizEdu-
ardo Ramos (Secretaria deGo-
verno)culpa Onyx Lorenzoni
(Casa Civil) pela insatisfação.
Temditoqueocolegafez pro-
messasdemais.

corraAtéachegada de Ra-
mos, eraOnyxoresponsável
pela articulação política. O
projetoquevailiberarrecur-
sos quevãoabastecer proje-
tosindicados pelos senado-
resseráagilizado.

soacoMoMúsicaOminis-
troPauloGuedes(Economia)
voltouabuscar apoio no Con-
gressocomodiscurso de que
quer “reabilitaraclasse po-
lítica”.Ele disse em almoço
comsenadores, nestaterça
( 1 ), queoideal seriater “me-
nosdinheirona mão de mi-
nistroemais na base”.

cantodasereiaGuedes quer
ampliar os esforçosparaapro-
varopactofederativo. Ele
tambémvoltouadefender
adesvinculaçãodereceitas.
Disse que só assim,comasre-
formas,conseguirápartilhar
valorescomparlamentares e
fortaleceroLegislativo.

Daniela Lima
[email protected]
PAInel



  • Thais Arbexe
    ReynaldoTurollo Jr.


BRASÍLIAOplenário doSTF
(SupremoTribunalFederal)
prevêretomarnestaquarta-
feira( 2 )ojulgamentodeum
processoqueabreoprece-
denteparaanularsentenças
da Operação Lava Jato coma
indicação de que há maioria,
no plenário,favorável alimi-
taroalcancedadecisão.
Nasemanapassada,amai-
oriadosministrosentendeu
queréus delatoresdevem
apresentar suasalegaçõesfi-
nais —a última etapa de uma
ação penal— antes dos delata-
dos. Com isso,ações que não
seguiram esse ritopodemter
suascondenaçõesrevistas.
Os magistrados entenderam
que, para garantiroamplodi-
reitoàdefesaeaocontradi-
tório,assegurado pela Cons-
tituição,oréu delatadotem
deteraoportunidade defa-
lar por último naaçãopenal,
deformaasedefenderdeto-
das as acusações.
Ojulgamento ainda nãoter-
minou;oplacar estáem 7 vo-
tosa 3 afavor datese, que po-
de beneficiar, entreoutros, o
ex-presidente Luiz Inácio Lu-
la da Silva(PT)emaomenos
um de seus processos—odo
sítio deAtibaia (SP).
Integrantes dacortedefen-
dem,no entanto, queépreci-
so estabeleceruma espécie
deréguaparatravarumpos-
sível efeito cascataem outras
açõeseevitarumaavalanche
de pedidos ao Supremoapós
ser definidaajurisprudência
sobreotema.
Adefinição de um limite
também aconteceemmeio
acríticasàdecisãodacorte.
Em entrevistasrecentes,oco-
ordenador daforça-tarefada
Lava Jato em Curitiba,Deltan
Dallagnol, afirmou queatese
aprovadanoSupremorepre-
sentaum“tremendoretroces-
so” aocombateàcorrupção.
Magistrados ouvidos pela
Folhadizemqueatendência
équeapropostaapresentada
por AlexandredeMoraes no
julgamento da últimaquinta-
feira( 26 )tenhaaconcordân-
cia da maioria do plenário.
Moraes afirmou em seuvo-
to queacabearevisão dacon-
denaçãopararéusdelatados
quetenham pedido,aindadu-
ranteojulgamentonaprimei-
ra instância, paraapresentar
suas alegações finais porúlti-
mo—equetenham tidoesse
pleitonegado.
Namanhãdesta terça( 1 º),
após participar deuma ses-
são solene na Câmarados De-
putados,oministroGilmar
Mendesafirmou que Moraes
já apresentouocaminho “pas-
sívelepossível” de ser aprova-
do pelo plenário.
“Havendo pedidoexpresso
da defesa no momentopro-
cessual adequado parater o
‘últimoturnodeintervenção
argumentativa’,quefoinega-
do inconstitucionalmentepe-
lo juízodeorigem, háferimen-
to flagranteaodevido proces-
so penal,àampla defesa eao
contraditório”,afirmou Mora-
es no final de seuvoto.
Uma ala do Supremo defen-
de queobenefíciotambém
sejarestritoaoréu delatado
que demonstrar quefoipre-
judicado por nãoterapresen-
tado por último sua defesa.
Para criminalistas, porém,
aprópriacondenação doréu
já seriaoprejuízoaser de-
monstrado.
Partedos ministros deve de-
fender,nasessão destaquar-
ta,que não háanecessidade
deoplenáriofazerumavota-

Supremo buscaconsenso


paralimitar impacto


de decisão naLava Jato


Corte retoma votação nestaquarta, etendênciaéque magistrados


estabeleçam uma travaparaevitar efeitocascataemoutras ações


$
Entendaadiscussão noSTF

Oque SãO
ALeGAçõeS
FInAIS

Oque OSTF
DeCIDIu

Todos os
casos

Primeira
instância

Prejuízo
paraoréu

Processos
futuros

Sãoaetapa final de um
processo antes da sentença.
Éaúltima oportunidade
paraaspartesapresentarem
seus argumentos

Acorteformoumaioria
paradefinirque,emum
processo comréus delatores
edelatados, os delatados
devem enviar suas alegações
finais por último.Isso leva à
anulação da sentença de um
processo em queoprazo foi
omesmo paratodosos réus

Valeria paratodosos
casos em que delatados
apresentaram alegações finais
ao mesmotempo em que
os delatores.Poderiagerar
umaavalanche de pedidos
de anulação ao Judiciário

Somenteoréu delatado que
pediu, na primeira instância,
paraapresentar por último
suas alegações finais e
teve opleitonegado pelo
juiz poderia se beneficiar
do novo entendimento.
essaéapossibilidadecom
mais chances de passar
no plenário.Paraalguns
criminalistas,contudo,
nãoseria possível limitar
um direitoconstitucional
(à ampladefesaeao
contraditório)aum momento
específicodoprocesso

Somenteoréu delatado
que demonstrasse quefoi
prejudicado por nãoter
apresentado por último sua
defesa poderia se beneficiar
da decisão.essaexigência
poderia ser somadaàanterior,
conforme alguns ministros.
Baseia-se no princípio de
que paraque uma sentença
sejaanuladaépreciso que o
réutenha sido prejudicado.
Para criminalistas, porém,
aprópriacondenação jáéo
prejuízoaser demonstrado

Decisão só afetaria processos
futuros,enão os que já
foramjulgados em primeira
instância. essa hipótese
éaque encontramais
resistência entreosministros

çãoespecíficaparaestabele-
cerolimitedoalcancedade-
cisão —umavezqueMoraes
já tratou dotema em seuvoto.
Rosa Weber, CármenLúcia,
Ricardo Lewandowski, Gilmar
Mendes, Celso de MelloeDi-
as Toffoli acompanharam Mo-
raes evotaram pelo direitode
réus delatados semanifesta-
remapós os delatoresnas ale-
gações finais.
Houve, no entanto, diver-
gência emrelaçãoàextensão
da decisão.Oministro Lewan-
dowski, porexemplo,defen-
deu que nãoépossível limi-
tarumdireito constitucional
(à ampla defesa eaocontra-
ditório)aummomentoespe-
cíficodoprocesso.
Diantedocenário,opresi-
dentedacorte,ministroDi-
as Toffoli, passouatrabalhar
nos últimosdias paracons-
truir umconsenso emtorno
da propostadeMoraes.
Aavaliação nacorteéade

que, mesmoosministros da
chamada alagarantista,co-
moLewandowski,estariam
dispostosareferendarolimi-
te proposto.
Para chegaraumentendi-
mento, épreciso queamaio-
riados 11 ministrosconcorde
comasoluçãoapresentada.
Naoutraala, oministroLu-
ís RobertoBarrosodeveinsis-
tir natese dequeanovaregra
seja aplicada apenasapartir
de agora,enão para os pro-
cessos que jáforamjulgados
em primeirainstância.
Ministros ouvidos pelare-
portagemcalculam quees-
sa propostanão deve passar.
Qualquer que sejaadecisão
finaldoplenário do Supremo,
ela sóvale paraocaso que es-
tá em julgamento—um pedi-
do de habeascorpus de Már-
cio de AlmeidaFerreira,ex-
gerentedeEmpreendimen-
tosdaPetrobras,condena-
do porcorrupçãoelavagem
de dinheiro. Ocasofoilevado
ao plenário pelorelatordaLa-
va Jato nacorte, ministroEd-
sonFachin.
Condenadosqueconsidera-
remque seuscasosseenqua-
dramnonovoentendimento
firmado pelo Supremopreci-
sarão pediraanulação de sua
sentençanasequência.
Em agosto,aSegundaTur-
ma dacorteanulouaconde-
nação de AldemirBendine,ex-
presidentedoBancodoBrasil
edaPetrobras.Delatado,ele
foicondenado pelo então ju-
izdaLavaJatoSergio Moro
(hoje ministrodaJustiça) por
corrupção passivaelavagem
de dinheiro.
Por 3 a 1 ,osministros datur-
maconcordaramcomatese
da defesadeBendine.Para
os advogados, ele deveriater
apresentado suas alegações
finais depoisdosoutrosacu-
sados,ex-executivos daOde-
brecht quefecharamacordo
de delação premiada,porque
osréus delatorestrouxeram
acusaçõescontraele que não
puderam serrebatidas.
Moroabriu prazoparato-
dos osréus simultaneamen-
te.AdefesadeBendinerecor-
reueobteveaanulação por-
que ele nãofaloudepoisdos
delatores. Foiaprimeiravez
queoSTF anulou umasenten-
ça proferidapeloatual minis-
trodaJustiça.
TantoBendinecomoFer-
reira(que játemmaioriafa-
vorávelàconcessão do habe-
as corpus) nãoforaminocen-
tados pelo Supremo.Asdeci-
sões daturmaedoplenário
apenas anulamassentenças
deles:os processos em si não
foramextintos,voltarão para
afase de alegações finais,eos
dois podemvir aser condena-
dos novamente.
Nosdoiscasos, as ações pe-
nais devemvoltar paraapri-
meira instância daJustiçaFe-
deral em Curitiba para serem
refeitas, dandoaoportunida-
de de as defesas dos delatados
apresentarem alegações finais
depois dos delatores.
Nosúltimosdias,onovo
procurador-geral daRepúbli-
ca,AugustoAras, foiumdos
que defenderam queoSupre-
morestrinjaadecisão da mai-
oria dos ministrosque estipu-
la queréus delatoresapresen-
temalegações finais antes dos
réusdelatados.
“Esperoqueasupremacor-
te module os efeitosdessa de-
cisão,que nãotenhamosade-
bacle do sistema judicial pu-
nitivoe,mais ainda,apromo-
çãodaimpunidade”,afirmou
Aras,ementrevistaàFolha.
Leia mais sobreojulgamento
do STFnapág. A


Havendo pe-
didoexpresso
da defesa no
momento
processual
adequado
para tero
‘últimoturno
de interven-
ção argumen-
tativa’,que
foinegado
inconstitu-
cionalmente
pelo juízode
origem,há
ferimento
flagrante ao
devido pro-
cesso penal

Alexandre
de Moraes
em votona
quinta( 26 )

COMOOSTF PODeDeFInIR O
ALCAnCeDADeCISãO
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