Folha de São Paulo - 02.10.2019

(Steven Felgate) #1

aeee


poder


A8 Quarta-Feira, 2DeOutubrODe 2019



  • FelipeBächtold


SãoPauloAtese que amea-
ça derrubar sentençasdaLa-
va Jato eque será avaliada no
SupremoTribunalFederal
em julgamentonestaquarta-
feira( 2 )emergiu apósoauge
da investigação em Curitiba e
passou praticamentedesper-
cebida nosdebatesnaJustiça
Federal ao longodos mais de
cincoanos de operação.
Nasemana passada,otri-
bunalformoumaioriaafa-
vordoentendimentodeque
réus que não são delatores
devemapresentarpor últi-
mo suasconsiderações finais
nos processos, benefício que
não vinha sendoconcedido
nos processos da Lava Jato
desdeoseuinício,em 2014.
Atesefoilevada aoSTFpela
defesa doex-presidente da Pe-
trobrasAldemirBendine, que
conseguiu em agosto, comes-
se argumento, aanulaçãode
suacondenação,impostaem
primeira instânciapeloentão
juiz SergioMoro.
Adiscussão sobreesse as-
pectododireitodas defesas
inexistiu mesmo quando os
procuradores da Lava Jato e
Moroviviam embatesquase
diárioscom alguns de seus
mais duros opositores,como
os advogadosdaOdebrecht
antes da delação da emprei-
teiraeaprópriaequipe que
defendeoex-presidente Lula.
Nãoconstanos processos,
porexemplo,que os advo-
gados do petistatenhamde-
fendidoessatese nocaso trí-
plex —ainda que, naqueleca-
so,não houvesseoutros réus
comcolaboraçãoformalizada.
Desdeadecisãoque anulou
acondenação deBendine, a
tese setornou quase umcon-
senso entreadvogadoscrimi-
nalistascomo umamedida es-
sencialparagarantirodirei-
tode ampla defesaprevisto
na Constituição.
Antes dacondenaçãode
Bendine por Moro, em mar-
çode 2018 ,jáhaviam sidoex-
pedidas 39 sentenças na La-
va Jato paranaense —a mai-
oriacomréuscolaboradores.
Responsávelpela defesa do
ex-presidentedaPetrobras, o
advogado AlbertoToron diz
queainiciativadepedir pa-
ra apresentar as alegaçõesfi-
nais por último partiu de um
debate noprocessocomSer-
gio Morosobreaordem deto-
madadedepoimentos. Como
Bendine sofreria acusações
dos demaisréus, ficou deci-
dido queeleseriaoúltimo a
ser ouvidonoprocesso.
“Dissemos em petição que


Tese que deveanular sentenças passou


despercebidanoauge da operação


Hojepróximadeconsenso,ordem das alegações finaisnãocostumavaser questionadaemCuritiba


direitodesemanifestar por úl-
timoemprocesso emquefoi
acusadode homicídio.
Em Curitiba, antes deoSu-
premoanalisarocasodeBen-
dine,aJustiçaFederal de pri-
meira instância passouarejei-
taroutros pedidos similares.
Noprocesso sobreosítio
deAtibaia (SP),adefesa de
Lulafeznofimdoanopassa-
do solicitaçãosemelhante, as-
simcomo em umaoutraação
em queopetistaéréu noPara-
ná, que tratade supostofavo-
recimentodaOdebrecht por
meio dacompradeumterre-
no paraoInstitutoLula, em
SãoPaulo.
Advogados ouvidospelare-
portagemveemamedida do
Supremocomo umaevolu-
çãonecessária daleiqueba-
liza os procedimentos deco-
laboração premiada, que en-
trou em vigor em 2013 .OCó-
digodeProcesso Penal, ante-
rioraessa legislação,não tra-
ta da ordem de apresentação
dessas considerações finais.
Conhecidopor firmar al-
guns dos principais acordos
decolaboração da Lava Ja-
to,comoododoleiroAlber-
to Youssef,oadvogadoAnto-
nio FigueiredoBasto diz que
adecisão do Supremoé“tar-
diaepoderiatervindoantes”.
“Suponhaque sóadefesa
deBendinetenha vistoisso
[a necessidadedediferenciar
delatores edelatados].Ofato
de eleter enxergado issotem
que ser estendido aos demais.”
Paraele,odelatortem a
obrigação,“porforçadecon-
tratocomoMinistérioPúbli-
co”, de dizer averdade,oque
ocoloca“analogicamente na
condição detestemunha de
acusação”.
NaLava Jato,asalegaçõesfi-
naisdos delatorescostumam
ser usadas parademonstrar
queacolaboraçãoàJustiçafoi
efetivaequeoréucolabora-
dorfazjus aos benefícios ini-
cialmenteprevistos pelas au-
toridades.Aprodução de pro-
vasnoprocessoéencerrada
antes disso,mas oscolabora-
dores ainda podem, porexem-
plo,anexar documentos iné-
ditos na manifestação final.

$
Lei prevêapresentação
oraldealegações

OCódigodeProcesso
Penal estabeleceque as
alegações finais do processo
devem ser apresentadas
de maneiraoralpor até
minutos pelas partes. Porém
há parágrafoprevendo a
possibilidade de que, em
casoscomplexos, aelaboração
dos argumentos seja escrita,
oque acabousetornando
padrão,por exemplo,nos
processos da Lava Jato.
Paraosacusados que não são
colaboradores, essa etapa do
processo serve pararebater
todos os pontos da acusação
do Ministério Público, que
apresentaseus argumentos
finais em primeirolugar

amesmalógicadeveria presi-
diracronologia paraaentre-
ga de memoriais[finais] para
que pudéssemosrebateraqui-
lo que os advogados dos dela-
toresdisserem”,lembraToron.
Mororejeitouopedido
afirmandoque nãoexistia
previsão legaleabriuomes-
mo prazosem distinção en-
treréus quecolaboravam ou
nãocomaJustiça.
Asalegações sãoaúltima
grandemanifestação daspar-
tesnoprocesso.Paraosadvo-
gados de defesa,oréu delator
equivaleaumacusador den-
trodoprocesso e, sem saber
comantecedência quais são
os argumentos apresentados
por esses,odireitoàampla de-
fesa ficaprejudicado.
ComanegativadeMoro, a
defesa deBendinefoiainda
àsegunda instânciaeaoSTJ
(SuperiorTribunal deJustiça)
antes de seusargumentosso-
breoassuntoserem analisa-
dos no Supremo,mais espe-
cificamentenaSegundaTur-
ma dacorte,compostapor 5
dos 11 ministros, em agosto.
Toronanexouaseu pedido,
como precedente,decisãodo
TribunaldeJustiçadoDistrito
Federal sobre oex-dono daGol
LinhasAéreasNenê Constan-
tino,queconseguiu em 2017 o

OqueoSupremo
discutiu?Na quinta(26), o
plenário do Supremoformou
maioria emfavor datese de
que, em um processocom
réus delatoresedelatados,
os delatadostêmodireitode
falarpor último—emtermos
técnicos, devem oferecer
suas alegações finais depois
dosréus delatores. Essefoi
omesmo entendimentoda
SegundaTurma do tribunal,
em julgamentodeagosto

Que caso estáem
julgamento? Trata-
se do pedido de habeas
corpus doex-gerentede
Empreendimentos da
Petrobras Márcio de Almeida
Ferreira,condenado por
corrupçãoelavagem.Oplacar
indica queacondenação de
Ferreiradeve ser anulada. O
julgamentofoi interrompido
pelo presidentedacorte,Dias
Toffoli, edeve serretomado
nestaquarta-feira(2)

Qualfoiainterpretação
do Supremo? Amaioria
dos ministros entendeu
queafiguradodelator é
diferenciadaenão estána

mesmacondição processual
do delatado.Paragarantir
oamplo direitoàdefesa,
assegurado pelaConstituição,
os magistrados decidiram
queoréu delatado
pode apresentar suas
alegações depois doréu
delator —tendo,assim, a
oportunidade de se defender
de todas as acusações.

To das as sentenças
envolvendodelatados
edelatores podem ser
anuladas?Na sessão
destaquarta,osministros
devem discutiroalcanceda
decisão.Atendênciaéque
eles limitem as situações
em que ascondenações
poderão ser anuladas

Quantosministrossão
necessários pararestringir
onovoentendimentoda
corte?Éprecisoque a
maioriaconcordecoma
solução em discussão

Há impactodiretosobre
outras decisões da Operação
Lava Jato? Qualquer que
sejaadecisãofinal do plenário
do Supremo,ela só valeparao

caso que estáemjulgamento
—um habeascorpus de um
ex-executivodaPetrobras.
Condenados que entenderem
que seu caso se enquadra
no novo entendimento
precisam pediràJustiça a
anulação da sentença

Qual havia sidoocaso
julgado na SegundaTurma?
Em agosto, aSegundaTurma,
que julgaoscasos da Lava
Jato, decidiu anular,por
3votosa1,acondenação
de Aldemir Bendine,ex-
presidentedoBanco do Brasil
edaPetrobras.Foiaprimeira
vez queoSTF anulou uma
condenação impostapelo ex-
juiz Sergio MoronaLavaJato.
Os ministrosconcordaram
comatesedadefesa de
Bendine. Paraosadvogados,
ele deveriaterapresentado
suas alegações finais depois
dos outros acusados,ex-
executivos da Odebrecht
quefecharam acordo de
delação premiada, porque
os réus delatores trouxeram
acusaçõescontraele que
não puderam serrebatidas.
Moroabriu prazoparatodos
os réus simultaneamente

$
Entendaoque deve acontecer no julgamentodestaquarta (2)

Gilmar Mendescom oex-presidenteJosé Sarneyemsessão da Câmaranestaterça (1º); oministrodisse queoentendimentodo
colega AlexandredeMoraes sobrejulgamentodestaquarta é‘passívelepossível’ de ser aprovado pelo plenário PedroLadeira/Folhapress

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