Quatro Rodas - Edição 728 (2019-12)

(Antfer) #1

reportagem | Vida de mecânico


laboratório para checagem de equi-


pamentos como embreagem e circui-


tos elétricos e, claro, a oficina.


Ao todo, o time conta com 26 fun-


cionários, que se dividem em tarefas


na oficina e depois nas pistas entre


cada um dos quatro carros do time.


E não falta trabalho. Mesmo em uma


categoria monomarca como a Stock


Car, muitos detalhes, adaptações e


sobretudo manutenção exigem uma


estrutura e mão de obra considerável.


O supervisor do meu estágio foi


Rodrigo Fernandes, o Ferrugem,


mecânico do carro de Barrichello,


que está nesse meio desde 2003.


“Trabalhava num supermercado em


Mogi das Cruzes. Meu irmão já estava


na equipe, um dia fui assistir, comecei


a ajudar e acabei ficando”, conta.


No meu primeiro dia, Ferrugem já


está remontando o carro, que é todo


desmontado para checagens e re-


montado a cada etapa. O câmbio pas-


sa por uma manutenção, enquanto o


motor só vai para a JL (que produz os


chassis e motores da Stock) após cer-


ta quilometragem ou quando o carro


vence a prova, para a vistoria.


Comecei montando a dianteira,


estrutura com radiadores frontais e


entradas de ar que resfriam os freios.


Depois, conectamos os tubos de água


do sistema de refrigeração. Cuidado


máximo em cada encaixe, parafuso


e abraçadeira apertada, sempre se-


guindo a padronização da equipe. “Se


algo tem de ser trocado rapidamente


na pista, precisamos tirar e colocar. O


padrão é importante para não termos


imprevistos”, explica Ferrugem.


Passo aos freios, com limpeza e


instalação dos discos, seguida das


pinças e pastilhas nas quatro rodas.


Próxima fase é prender uma aleta


lateral da carenagem, que fica abaixo


da porta, e que precisou ser trocada


por conta de uma avaria na prova.


Outra peça que demandou troca foi


o difusor. A versão nova recebe uma


demão de tinta antichama, exigência


da CBA (Confederação Brasileira de


Automobilismo). Fiquei responsá-


vel pelo trabalho, com orientação da


medida certa da pincelada, afinal,


excessos geram peso extra indeseja-


do. Instalamos o difusor no carro para


marcarmos os pontos dos parafusos


na nova peça, furamos e fixamos. É


mais engenhoso do que parece.


Coloco água no sistema de refri-


geração, verifico com equipamento


de pressão que todo o ar foi excluído


e completamos o óleo. “Quer abaste-


cer?”, pergunta Ferrugem. “Claro!”


Pego o galão (o mesmo que você vê


nas corridas da Stock) e tento encaixar


no bocal do tanque. Só tento. “Pode


empurrar mesmo!” Com um pouco


mais de jeito, consigo fazer o encaixe.


“Agora vamos ligar.” Ferrugem


faz a primeira checagem e me ensina


o procedimento. Pulo no cockpit de


Rubens Barrichello. Ligo a chave do


sistema do lado esquerdo, pressiono a


ignição no botão no alto e vem o ron-


co. Depois das corridas, a JL deixa os


motores em um “modo oficina”, que


só vai até 3.500 rpm. Mesmo assim, o


barulhão dentro do galpão é música.


Uma pequena aceleração e come-


ço a trocar as marchas suavemente no


sistema em borboleta, esterçando em


alguns momentos o volante, para ve-


rificar se o câmbio funciona bem.


Com o carro ligado, fazemos a ve-


rificação externa: procuramos vaza-


mento ou peças soltas. Tudo parece


certo. Desligado o carro, montamos


o resto da carenagem (capô, traseira)


e instalamos a asa. Já está chegando a


parte final do dia, mas ainda dá tempo


de um exercício: o pit stop!


70 quatro rodas dezembro


Treinamentos de


pit stop são diários


na equipe Full Time

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