Adega - Edição 160 (2019-02)

(Antfer) #1

76 ADEGA >> Edição^160


nal da “Direction Générale de la Concurrence,
de la Consommation et de la Répression des Frau-
des” de Estrasburgo realizaram um exame e seu
veredicto foi: “o vinho tem uma cor muito bonita,
brilhante, muito âmbar, um nariz poderoso, muito
fino, muito complexo, com aromas reminiscentes
de baunilha, mel, cera, cânfora, especiarias finas,
avelã e licor de frutas...”
Mais recentemente, porém, a bebida precisou
passar por um processo delicado, pois sua barrica
estava vazando e necessitou de reparos. “O velho
barril estava muito velho e vazou”, disse Thibaut
Baldinger, chefe da adega do Hospices de Stras-
bourg. Depois de descobrir que alguns litros eva-
poraram, o hospital colocou a bebida em um tan-
que de aço inoxidável em abril de 2014, enquanto
se aguardava a fabricação do novo barril. Xavier
Gouraud e Jean-Marie Blanchard, dois dos mais
respeitados toneleiros da França, construíram
uma barrica idêntica à anterior, em forma de ovo.
Assim, em 2016 foi feita uma rápida transferên-
cia do líquido para outra barrica e quem ajudou
no procedimento atesta que o vinho ainda vive.
A enóloga Pelagie Hertzog disse: “É um mistério
enológico. O vinho tem muita estrutura e perma-

os monges ofereciam abrigo aos pobres, peregrinos
e doentes e os pacientes costumavam “pagar” pelos
serviços com doações de terras, muitas delas, com
vinhedos, ou então de colheitas de todos os tipos,
de cereais a uvas. Foi assim que o Hospices passou
a ser dono de diversas terras, precisou criar meios
para estocar os mantimentos e, obviamente, vinifi-
car as uvas que recebia. Vale lembrar que, durante
a Idade Média, o vinho muitas vezes era ministrado
como parte do tratamento dos doentes. Aliás, diz-se
que os pacientes do hospital de Estrasburgo rece-
biam cerca de 2 litros por dia. Isso sem falar do uso
do vinho nos trabalhos religiosos, é claro.

É vinho!
A adega do hospital conta, na verdade, com três
barricas verdadeiramente muito antigas dentre
as cerca de 50 peças abrigadas em uma área de
1.200 metros quadrados. Desses barris, três estão
datados como sendo de 1472, 1519 e 1525. E,
dentro do de 1472, com capacidade para 300
litros, repousa um vinho branco seco, que, foi
atestado como apto para ser bebido da última vez
que foi analisado organolepticamente, em 1994.
Na época, enólogos do laboratório inter-regio-

Vinho só foi provado em
três ocasiões e o general
Leclerc, libertador de
Estrasburgo, foi o último
a degustá-lo, em 1944
Free download pdf