No domingo sentiu-se só e telefonou a Maria do Rosário, porque o papelinho com o seu
número de telefone foi a última coisa que teve a que se agarrar. Não lhe apetecia lá muito ligar-
lhe. Na outra noite, com uns copos a mais, a ideia de engatar a rapariga do restaurante parecera-
lhe fantástica, mas hoje nem sequer se lembrava da cara dela e receou que fosse encontrar uma
chata horrorosa que o deixasse ainda mais deprimido do que já estava.
Afinal teve uma agradável surpresa. Maria do Rosário não poderia entrar numa lista de
potenciais candidatas a um concurso de beleza, mas também não era mulher que deixasse um
homem irrequieto na cadeira a contar os minutos para se poder ir embora.
Jantaram num restaurante em Porto Brandão, uma pequena localidade à beira Tejo, do outro
lado do rio, e o encontro foi agradável. Conversaram de coisas simples e Zé ficou a saber das
pretensões que Maria do Rosário tinha de arranjar um emprego melhor e, talvez, de voltar a
estudar. Tinha vinte e nove anos, um cabelo escuro de caracóis indomáveis e uns olhos
castanhos melosos.
Embora não fosse o tipo de rapariga que tivesse interesses suficientemente compatíveis com
os dele para que ele ponderasse a possibilidade de algo mais profundo do que aquilo, Zé
apreciou a sua companhia e, a determinada altura da noite, pensou que era bom estar com
alguém sem segundas intenções. De facto, não pretendia levá-la para a cama e depois do jantar
foi deixá-la a casa com a promessa de voltarem a repetir uma saída em breve. Mas, quando
chegaram à porta dela e Zé estacionou o carro, beijaram-se. A língua dela revelou-se quente e
molhada, o seu corpo parecia ter um íman que atraía as mãos dele e, bem, uma coisa levou a
outra e lá se foram as boas intenções por água abaixo. Maria do Rosário levantou a saia
comprida que lhe tapava as pernas, abriu-lhe a braguilha das calças com um fervor inesperado,
saltou-lhe para o colo, ficando de costas para o volante, e enterrou-se nele até não poder mais.
Sendo assim, o que é que um homem havia de fazer?
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1