Eu e as Mulheres da Minha Vida

(Carla ScalaEjcveS) #1

Entraram na loja e pararam defronte do balcão, na risota.
— Boa noite! Queria uma lingerie preta para o meu namorado me despir — disse Sara à
empregada, enquanto Zé a agarrava pela cintura, por trás, beijava-a no pescoço e ria-se ao
mesmo tempo. — Com certeza — disse a empregada, divertida com a cena.
— Temos muitas variedades.
Zé ouviu aquela voz, brasileira, e sentiu um arrepio. Ergueu os olhos e... e lá estava ela:
Regina. O riso extinguiu-se-lhe de imediato na garganta. Regina olhou fixamente para ele, sem
desarmar o sorriso profissional, Zé engoliu em seco, Sara observou a empregada, espreitou por
cima do ombro para olhar para ele e perguntou, ainda a rir-se:
— Há algum problema?
— Não, não — disse Zé, embaraçado. — Olha, e se ficasses aqui a provar a lingerie
enquanto eu aproveito para ir comprar cigarros?
— Nem penses nisso! Eu quero que tu digas o que é que me fica melhor.
Sara ergueu o braço e pôs-lhe a mão na nuca, puxando-lhe com ternura a cabeça por cima do
seu ombro para o beijar nos lábios. Zé inclinou-se sobre ela e beijou-a, mas os seus olhos
continuaram fixos em Regina, que aproveitou a distracção de Sara para lhe acenar com a mão.
Sara virou-se novamente para a frente e Regina levou a mão ao cabelo para disfarçar.
— Vamos a isso? — perguntou Sara.
— Vamos — disse Regina.
Sara entrou para a cabina com vários conjuntos e puxou a cortina.
— Zééé — sussurrou Regina, deliciada —, seu malandro!
Por qualquer motivo que Zé não entendeu, Regina não pensou que ele tivesse entrado na loja
com Sara por mero acaso. Claro está que ela deduziu que Zé estava a querer jogar um joguinho
perverso qualquer e achou graça à ideia, porque decidiu fazer-lhe a vontade.
De forma que, enquanto Sara provava cuecas e soutiens , Regina aproximava-se de Zé,
puxava-o para ela, apalpava-o entre as pernas, beijava-o na boca e no pescoço, obrigava-o a
tocar-lhe nos seios e fechava os olhos extasiada ao sentir as mãos hesitantes dele dentro da sua
camisa. Repetiu isto duas, três, quatro vezes — numa das quais foram surpreendidos por uma
senhora que ia a entrar com uma adolescente e abriu a boca escandalizada, tapou os olhos à
filha e tornou a sair — mas, talvez por experiência, Regina parecia saber exactamente quanto
tempo Sara levava a vestir um novo conjunto e afastava-se de Zé um segundo antes de ela correr
a cortina e cantar:
— Tam, tara, tara, taram... O que é que achas?
Ao que Zé murmurava, atrapalhado e sem fôlego:
— Hum, não sei, está óptimo, acho eu, leva esse.
Mas Sara dizia:
— Não, deixa-me provar mais um.
E Regina voltava ao mesmo e Zé suspirava, tentando inutilmente repeli-la, sem poder dizer
nada, porque Sara estava mesmo ali, por trás da cortina, e pensava, quando é que este tormento
acaba?

Finalmente, Sara escolheu um conjunto e pagou.

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