Eu e as Mulheres da Minha Vida

(Carla ScalaEjcveS) #1

TRINTA E NOVE


Graça telefonou-lhe para o banco na parte da tarde e surpreendeu-o com uma proposta para
jantar.
— Pensei que podíamos jantar uma noite destas — disse.
— A sério? — exclamou Zé, a rir-se de felicidade. — É a melhor coisa que ouvi na semana
inteira.
— Bem, hoje ainda só é terça-feira — retorquiu Graça, a brincar.
— Sim, mas não sou capaz de imaginar que possa ouvir algo melhor durante o resto da
semana.
— Então, vamos jantar? Eu arranjo alguém para ficar com o Quico.
— É claro que vamos — assentiu Zé, entusiasmado. — Nem precisas de perguntar duas
vezes.
— Sexta-feira, pode ser?
— Por mim, até pode ser já hoje.
— Não abuses da minha boa vontade.
— Está bem, pronto, sexta-feira está óptimo.
Zé ficou nas nuvens. Graça a telefonar-lhe para jantarem? Não?! Aquilo era bom demais. Mal
conseguia acreditar. Recostou-se na cadeira com as mãos atrás da cabeça e olhou para o tecto
com um grande sorriso, como se agradecesse a Deus. Lisete foi encontrá-lo naquela pose
sonhadora a repetir a frase «vai correr tudo bem, vai correr tudo bem, vai correr tudo bem,
vai...»
— Ah, Lisete! Vai correr tudo bem, acredite.
— Acredito, doutor.
— Lisete, hoje pode sair mais cedo.
— Obrigada, doutor, mas, por acaso, já está na minha hora de saída. Vinha só perguntar-lhe se
precisa de mais alguma coisa.
— Não, Lisete, obrigado. Vá lá à sua vida.
— Então, até amanhã.
— Lisete.
— Sim, doutor?
— O que é que vai fazer esta noite?
Foram jantar a uma cervejaria moderna, junto ao rio, um daqueles armazéns transformados em
restaurantes para centenas de pessoas, onde não se comia lá muito bem, mas com a vantagem de
o ambiente ser despretensioso e não haver surpresas desagradáveis quando traziam a conta.
Foi a primeira vez que Zé falou com ela sobre outros assuntos para além de trabalho. Ficou a
saber que Lisete estava noiva mas não tinha a certeza se gostava o suficiente do namorado para

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