Um Homem Escandaloso

(Carla ScalaEjcveS) #1

tudo a brincar.
— Igualmente — declarou ele, fazendo uma vénia acentuada com a cabeça.
Carol esticou-se sobre o balcão de braço estendido para chamar a atenção do empregado.
— Duas caipirinhas! — gritou, de sorriso rasgado. O homem assentiu, lá do fundo. Ela escorregou
para trás, para a posição inicial. — A sua mulher tem sorte — afirmou.
— Não é minha mulher.
— Namorada?
Ele abanou a cabeça, como quem pesa a questão. Fez um sorriso enigmático. Ela também sorriu.
Okay, o que quer que seja — disse.
— Tem sorte, porquê?
— Porque vocês divertem-se. Eu estou ali com o mono do meu namorado — apontou para uma
mesa atrás com uma subtil indicação de cabeça. João Pedro olhou na direcção dos olhos dela e viu
um tipo de cigarro entre os dedos, a observar as pessoas a dançar.
— Não parece muito divertido, não — concordou.
Carol encolheu os ombros.
— É um chato — queixou-se. — Está aborrecido, quer ir dormir, imagine-se. Está no Rio de
Janeiro e quer ir para o hotel. — Fez uma cara de enjoada.
— O que é que eu estou a perder? — era Cristiane a espreitar por cima do ombro de João Pedro,
agarrando-lhe o braço com sentido de posse. Ele afastou-se um pouco do balcão para lhe dar espaço
e apresentou-lhe Carol.
— É a Carol, tuga como nós — disse. E depois para Carol: — é a Cristiane, tuga como nós. —
Riu-se da sua própria piada.
Carol atirou para o lado um olá jovial. Estava novamente estendida sobre o balcão, de braços
esticados, a receber as bebidas que o empregado lhe entregava.
— Estou ali numa mesa com o meu namorado — disse. — Querem ir para lá? É mais confortável e
podemos conversar.
— Queres? — perguntou João Pedro.
— Pode ser — concordou Cristiane, depois de uma breve indecisão, mais tranquila com a
referência ao namorado.
— Venham! — gritou Carol sobrepondo-se à música, já a afastar-se na direcção da mesa.
— Quem é esta? — quis saber Cristiane.
Ele encolheu os ombros, sorriu.
— É a Carol.
— Tua amiga?
— Não, nunca a tinha visto. Mas é tuga — abriu os braços em sinal de inevitabilidade.
— Não te posso largar um minuto? — repreendeu-o em tom amistoso.
E ele, fazendo-se inocente:
— Eu não me mexi daqui.
— Pois, está bem.


Foram para a mesa. Carol apresentou-lhes o namorado, cujo nome João Pedro e Cristiane não
retiveram. Miguel? Paulo? Qualquer coisa assim. Não quiseram saber. De qualquer modo, o
namorado estava ensonado e aborrecido e assim permaneceu, nada entusiasmado com a presença

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