Um Homem Escandaloso

na aparência, agora tinha uma noção diferente do seu temperamento. Mas não a desiludira. No início,
João Pedro era mais calado e distraído e Cristiane sentira-se espicaçada pelo seu aparente
desinteresse sexual por ela. Quisera conquistá-lo porque estava habituada a ser seduzida pelos
homens e ele era diferente. Mas esse desafio fora ultrapassado e, para ela, já não se tratava de sexo.
Considerava-o atraente no seu jeito exótico e gostava do seu corpo grande e forte. Adorava fazer
amor com ele, mas não era isso que a fascinava mais. Pensava que tinha sido uma sorte encontrá-lo,
que ele representava uma espécie de metamorfose da espécie masculina, tal como ela a conhecia,
muito distinto de todos os outros que haviam privado a sua intimidade, homens tão bonitos quanto
desinteressantes. Não que fossem necessariamente estultos, mas eram, na maioria, presunçosos, de
uma vaidade insuportável, demasiado egocêntricos. Bem, era ela que os escolhia, portanto só se
podia queixar do seu próprio discernimento, pese embora as oportunidades dependerem das
circunstâncias. Ora, normalmente, Cristiane vivia entre cidades e as viagens, os aviões, os hotéis, a
ligeireza dos ambientes e dos estados de alma não favoreciam as relações profundas.