– Nem sempre.
– Eu também vim atrás de uma ilusão – disse. – Ele não era a pessoa certa
para mim.
Caíram os dois novamente num breve silêncio, pensando nas suas próprias
vidas, na situação em que se encontravam.
– Amanhã terei de ir para o aeroporto ver se consigo arranjar um voo para
Lisboa – disse Catarina, mudando de assunto, ou pensando no que seria o
final da sua história de amor fracassada.
– Eu perdi o meu hoje.
– Foi? Chegou atrasado?
– Não. Digamos que adiei o regresso, de propósito.
Catarina sorriu.
– Não me diga que deixou lá alguém para quem não lhe apetece voltar.
– Infelizmente, é o caso.
– Estamos mesmo bem um para o outro, definitivamente.
– Definitivamente.
– Sabe que mais?
– Diga.
– O melhor é não pensar mais no assunto.
Filipe ergueu o copo, ofereceu-lhe uma expressão de solene aquiescência.
– Bebo a isso – afirmou.
Tocaram os copos, deram um gole, baixaram os copos, sorriram um para o
outro.
– A vida continua – disse ela.
– A nossa vida – acrescentou ele.
O rosto dela tornou-se mais doce, a sua alma mais cúmplice. Inclinou a
cabeça, os olhos brilharam.
– A nossa vida – repetiu. – Para dizer a verdade, não preciso regressar até
ao final da semana.
– Ah, também fica por aqui mais uns dias?