Essa conversa acontecera durante uma das suas primeiras saídas, há cerca
de seis meses, ainda antes de se tornarem namorados, mas hoje, com o teste
positivo tremendo na mão insegura, Isabel amaldiçoou-se por ter dito aquilo.
Na altura, lembrava-se, pensara que não devia ter sido tão sincera, que os
homens se assustavam com o relógio biológico das mulheres e ele poderia
deixar de procurá-la. Todavia, dissera-o, no meio de uma conversa, sem
cautelas, sem calculismos, simplesmente saíra-lhe a verdade, o que sentia
sobre o assunto. Rui não se afastara, era certo, mas, ao descobrir que estava
grávida, Isabel receou que essa conversa se virasse contra ela. Todavia, Rui
acreditou nela, não a acusou de nada e aceitou a situação como um erro dos
dois.
– Não estava esperando isso – reconheceu –, mas não é o fim do mundo.
– Não está zangado comigo?
– Não, não estou zangado contigo.
– Que bom, Rui, porque eu estava cheia de medo que você reagisse mal.
– De qualquer modo – disse ele, com um sorriso –, já planejava casar
contigo.
– Você está falando sério?
– Estou, Isabel. Quer casar comigo?
– Quero, sim. Quero muito casar com você.