Uma noite em Nova York

ansiosamente    à   espera  do  seu próximo livro.  Parabéns.

Isabel  Fialho

Enviou a mensagem pensando “ele nem vai se lembrar de mim” , encolheu
os ombros, saiu da caixa de e-mail e se concentrou no trabalho atrasado.
Trabalhava numa empresa de recursos humanos e nem sempre era fácil
conciliar o emprego com os horários da filha e todas as necessidades da
criança, que lhe exigia tempo e dedicação. Isabel sentia que não conseguia
dar-lhe toda a atenção de que ela precisava, mas agora estava sozinha e com
as tarefas quase todas a seu cargo e acreditava que era só uma fase de
adaptação à vida de divorciada.

Embrenhou-se no processo atrasado que precisava concluir para o dia
seguinte e trabalhou duas horas seguidas, só interrompidas para acudir ao
choro da filha e recuperar-lhe a chupeta perdida numa confusão de lençóis.
Antes de fechar o computador passou pelo seu e-mail para ver se havia
mensagens novas e deu com uma enviada há cerca de uma hora. Era ele!
Consultou o relógio: quase uma da manhã. “É notívago, o nosso escritor” ,
pensou.

Não se tratava exatamente de uma resposta, mas sim de um convite para ela
aderir à lista de mensagens rápidas dele. Isabel ficou uns bons cinco minutos
espantada olhando para a tela do computador, ponderando se aquilo seria real.
Um escritor famoso convidava-a para se juntar à sua lista de amigos na
internet, para entrar no seu mundo exclusivo... era estranho, mas acabou
aceitando. Abriu o Windows Live Messenger e, quase ao mesmo tempo,
recebeu uma mensagem instantânea dele.

Filipe  disse   (00:52):

Olá.

Uma inquietação tomou conta dela, sentiu-se nervosa, afogueada e, não
fosse o apelo mais forte daquele simples olá e uma curiosidade maior do que
a aflição, teria desligado o programa como se este lhe queimasse as mãos.
Assim, respirou fundo e respondeu com medo.

Isabel  disse   (00:52):