enrolada no lençol branco, e sentou-se no banco alto no outro lado da mesa.
Ele foi buscar um prato, talheres, um copo. Abriu a geladeira, voltou-se para
trás, “leite ou suco”, perguntou. “Suco”, respondeu ela. Trouxe uma caixa de
néctar de pêssego para a mesa, serviu-lhe os ovos e deixou que ela colocasse
o suco no copo. Comeram uma garfada em silêncio, ligeiramente
constrangidos na presença um do outro naquelas circunstâncias.
– Como você se chama? – perguntou Jonas, decidindo que não valia a pena
fingir que eram velhos amantes.
Ela soltou uma risadinha curta.
– Luísa.
– Sabe quem eu sou?
– Muito bem. Você não se lembra de eu ter te pedido um autógrafo ontem à
noite?
– Ah, é verdade – disse ele, não se lembrando de tudo.
Acabaram de comer sem grandes conversas, só o suficiente para Jonas fechar
algumas lacunas de memória, preencher os buracos negros que persistiam, de
modo a perceber como as coisas se tinham passado na noite anterior. Depois
resistiu à tentação de levá-la de volta para a cama e disse-lhe que poderia
tomar um banho antes de sair. Ela percebeu a indireta e retorquiu que não se
demorava nada, pois já estava atrasada para as aulas. “Aulas onde?”,
perguntou Jonas, um pouco alarmado. “Na Universidade Nova”, respondeu
Luísa. Jonas voltou a respirar, “pelo menos, já saiu do ensino médio”, sentiu-
se mais aliviado. Ela saiu meia hora mais tarde e ele pensou que não voltaria a
vê-la.