Uma noite em Nova York

(Carla ScalaEjcveS) #1

gargalhada, e voltar a baixá-la para responder ao ouvido de quem falava com
ele. Catarina notou como ele era o centro das atenções, especialmente
femininas, e como gostava disso. Era um homem feliz, assim lhe pareceu, um
homem que tinha tudo o que a maioria das pessoas sonhava ter: beleza, fama,
dinheiro, atenção.


Catarina perguntou-se se ele repararia nela, se iria ter com ela e quanto tempo
demoraria para fazê-lo. Depois do show, a mulher da produção fora buscá-la
para conduzi-la aos bastidores, ao encontro dele. Jonas recebera-a com
entusiasmo e apanhara-a mais uma vez desprevenida ao dar-lhe um abraço
espontâneo, como se fazia às pessoas de que se gostava mais. Insistira em que
o acompanhasse à discoteca e arranjara-lhe lugar ao seu lado na pequena van
que os levara. Durante o trajeto, bastante alvoroçado com a boa disposição de
todos, mal conseguiram conversar, e depois de entrarem na discoteca, Jonas
foi positivamente engolido por uma multidão de amigos e admiradores
ansiosos por lhe falar, deixando Catarina ficar para trás. Aparentemente,
esquecera-se dela e Catarina começava a ficar com a impressão de só ter sido
convidada por capricho, pois, num instante, passara de convidada especial a
ignorada. Sentiu-se pendurada, um pouco embaraçada por estar sozinha. Foi
ao bar buscar uma bebida, para não ficar plantada no mesmo lugar o tempo
todo, acendeu um cigarro para ter as mãos ocupadas, checou o celular sem
chamadas três vezes seguidas. Pensou que, se conhecesse alguém com quem
pudesse conversar, pelo menos poderia fingir indiferença por não ter a
atenção de Jonas; pensou em ir embora, mas decidiu ficar mais um
bocadinho; afastou-se do campo de visão dele para ver a sua reação e não
aconteceu nada; pensou “não, agora vou mesmo embora, é só acabar o
cigarro”. Acabou o cigarro, acabou a bebida, colocou o copo, voltou-se na
direção da porta de saída e deu com Jonas à sua frente com uma garrafa de
cerveja em cada mão. Estendeu a mão esquerda, inclinou-se para ela.


– Quer uma? – perguntou-lhe.
– Está bem.
– Onde é que você se meteu? Andava à tua procura.
– Estava conversando com um amigo – mentiu.
– Quer ir para ali? – apontou para trás. – Arranjaram uma mesa para nós.
Agarrou-a pela mão e conduziu-a para a mesa, por entre a multidão
compacta. Catarina deixou-se guiar sem vontade própria, sentindo a mão dele
apertar a sua, desejando que não a largasse mais, caminhando atrás dele sob a

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