gargalhada, respondeu-lhe “quer agora! Isso é champanhe demais”. “Não, te
quero mesmo”, insistiu ele. E ela, incrédula, “deixa disso, você mal me
conhece”. “É verdade”, reconheceu ele, “mas gosto de você desde que te vi
pela primeira vez e nunca me engano nessas coisas”. Catarina riu, divertida.
Secretamente lisonjeada, inclinou-se para ele, juntou os lábios ao seu ouvido e
sussurrou-lhe uma sentença irrefletida: “Você vai ter de fazer melhor do que
isso para me cativar, já sou crescidinha demais para ser enrolada com esse
papo docinho e essa lábia”. Depois se despediu dele, levantou-se e atravessou
a pista de dança, desaparecendo dentro de uma nuvem de fumaça artificial. O
seu último olhar para trás, por cima do ombro, registou a imagem de um
Jonas sorridente, de braços abertos, estendidos ao longo das costas do sofá,
como um conquistador refastelado no seu reino.
Ao sair para a rua, Catarina respirou fundo o ar fresco da noite. Tinha as
pernas trêmulas e o coração ansioso. A postura confiante de minutos atrás
morreu-lhe no rosto afogueado. Perguntou-se o que lhe dera para provocá-lo,
achou que estava louca para se deixar ir atrás de uma fantasia sem pensar nas
consequências. Chegou até o carro, sentou-se ao volante, fez uma pausa,
decidiu que aquilo acabava ali, agora, antes que fosse demasiado tarde. Mas a
determinação do seu pensamento não lhe ecoou convincente no espírito como
uma ordem do coração. Foi, tão somente, um grito da alma, assustada com o
futuro.