Público - 17.09.2019

(C. Jardin) #1
Público • Terça-feira, 17 de Setembro de 2019 • 13

PEDRO NUNES

Este foi o único
frente-a-frente
televisivo entre
Costa e Rio. Os
dois líderes
voltam a
defrontar-se na
segunda-feira,
mas na rádio

antes, Rio reiterava a acusação de
que “com o PS” o país tem “a maior
carga fiscal de sempre”, lembrando
que o Governo baixou o IRS mas
aumentou outros impostos indirec-
tos como o ISP, o imposto sobre o
tabaco, imposto de selo. O líder
socialista rebateu a ideia de um
aumento da carga fiscal, justificando
o aumento da receita com a subida
do emprego e das contribuições para
a carga fiscal. Rio mostrou que trazia
preparados alguns números e lançou
os da emigração nos últimos quatro
anos: “Saíram do país 330 mil pes-
soas, é porque não estão contentes”.
O primeiro-ministro desconhecia os
dados mas assegurou que, segundo
os últimos números oficiais, o saldo
migratório é positivo.


A estratégia da CDU era assumida:
lançar uma entrevista a Jerónimo de
Sousa em cima do debate de António
Costa e Rui Rio nas três televisões de
sinal aberto como forma de protesto.
Foi isso que fez ontem nas platafor-
mas digitais, transmitindo a partir das
21h20 no seu site, no Youtube, no
Facebook e no Twitter uma entrevis-
ta ao líder comunista que fora gravada
horas antes, ao Ænal da tarde. DiÆcul-
dades técnicas atrasaram a emissão
uns 20 minutos e no Ænal, perto das
22h, tinha registado cerca de 1800
visualizações em directo.
Foi Jerónimo quem começou por
justiÆcar este gesto dos comunistas,
argumentando que recusara partici-
par nos debates das televisões pagas,
com André Silva, Assunção Cristas e
Catarina Martins devido à “óbvia a
discriminação” de as três TV entrevis-
tarem Costa e Rio e relegarem para
o cabo os outros debates. “Cria a
ideia de que há partidos de pri-
meira e de segunda, com desi-
gualdade e discriminação. Não
podíamos pactuar com isto.”
Questionado sobre os cus-
tos internos e as resistências

Maria Lopes


Jerónimo, da preocupação interna com ajuda


do PCP ao PS ao “bom bife” no prato


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mínimo em 850 euros, mas também
a rede de creches públicas e o abono
de família universal. Lamentou os
maus avanços nas áreas laboral, do
táxi e PPP, em que “o PS procurou a
sombra protectora e o pronto-socorro
do PSD e CDS”. Recusou responsabi-
lidade na existência de uma excessiva
carga Æscal, alegando que o que exis-
te é “injustiça Æscal”, e defendeu a
taxação de quem tem muito patrimó-
nio e dos grandes lucros das empresas
provenientes da robotização.
Sobre a concorrência do PAN e a
moda ambientalista, Jerónimo aÆr-
mou, divertido: “Eu também gosto de
vegetais, mas alguns dirão ‘um bom
bife também calha bem’.” A intenção
era criticar propostas de proibição de
produção de leite e de carne. “Ouvi
um candidato que agora descobriu a
ecologia dizer ‘elimine-se a produção
de carne e de leite’. Está a dizer ao
povo açoriano que o melhor é fechar
as ilhas e vir embora. O caminho é
outro: ter preocupação com as cultu-
ras intensivas, mas é preciso a susten-
tabilidade. Também gosto dos ani-
mais e de os promover, mas não se
subverta o relacionamento do homem
com os animais.”

A


protecção do ambiente
está no discurso dos
partidos que concorrem
às legislativas, com alguns
a prometerem diminuir a
pegada ecológica.
O PS prevê dar prioridade às
deslocações em veículos
híbridos, eléctricos ou à
bicicleta. As redes sociais terão
um papel importante na
divulgação do programa, a
água só será disponibilizada
em recipientes de vidro. O PS
fará menos arruadas,
mantendo apenas as do
Chiado, em Lisboa, e da Rua de
Santa Catarina, no Porto.
O PSD promete reduzir
“drasticamente” os
jantares-comício. Rio disse à
Lusa que “vão predominar os
momentos em que é possível
conversar com as pessoas e
trocar ideias”.
O PAN comprometeu-se
com uma “campanha de baixo
carbono”, com os candidatos a
usarem transportes públicos e
um carro híbrido. Os panfletos
serão de papel reciclado e
tintas ecológicas e as refeições
não incluirão “nenhum produto
de origem animal”.
No CDS, a campanha não vai
afastar-se muito do modelo
das europeias de Maio, embora
os responsáveis pela volta
nacional da presidente do
partido, Assunção Cristas,
prevejam um certo
abrandamento de ritmo das
iniciativas.
A CDU diz que vai manter os
tradicionais elementos que
compõem uma campanha
eleitoral, como as arruadas,
comícios, almoços e jantares
com militantes. “Tem de se
chegar às pessoas”, disse o
secretário-geral do PCP à Lusa.
O BE aposta na comunicação
digital, incluindo especialistas
de vídeo e redes sociais na
caravana da campanha. Ainda
assim, também mantém as
arruadas, comícios, jantares ou
visitas a feiras. PÚBLICO/Lusa

Por uma campanha


mais sustentável


no interior do PCP por dar apoio à
solução governativa que permitiu ao
PS chegar ao poder, admitiu que
“haja um ou outro descontente, com
dúvidas ou preocupados”, porque
se tratou de um “processo compli-
cado”. “Dizer que vamos sofrer con-
sequências, diga-se em abono da
justiça, se foi pelo que Æzemos tería-
mos um resultadão a 6 de Outubro”,
ironizou.
Sobre o termo “geringonça”, lem-
brou a sua génese de direita e o tom
jocoso. “Chamem-lhe o que quise-
rem; foi uma solução política para a
qual contribuímos, mas com resulta-
dos”, congratulou-se. E quando che-
gou a altura de falar sobre uma even-
tual participação num Governo de
coligação, refugiou-se na sua habitual
resposta de “governar com que pro-
grama, para quê e para quem?”
Com perguntas da jornalista e
outras apresentadas como de cida-
dãos, Jerónimo foi defendendo as
propostas do PCP aprovadas nestes
anos e apresentando as que agora
coloca numa lista de 30 medidas
de “urgência nacional”
para a próxima legislatu-
ra, que têm na sua base
o aumento geral de
salários, com o salário

A Federação Nacional das Zonas de
Caça Associativas (Fencaça) admitiu
ontem criar um partido em defesa do
mundo rural, face à possibilidade de
uma aliança de governação do país
entre o PS e o PAN.
“Se se mantiverem as previsões que
as sondagens apontam, o Partido
Socialista ganhará as próximas elei-
ções com maioria absoluta — e daí não
virá mal algum — ou estará próximo
dela — e aí é que está o busílis da ques-
tão”, diz o comunicado da Fencaça,

Luciano Alvarez


Caçadores admitem criar partido


contra “ameaça” de aliança PS-PAN


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se defenderem, assumindo, por isso,
a sua “própria defesa”.
“Se nos juntarmos, seremos segu-
ramente muitos mais do que o PAN”,
conclui o presidente da Fencaça.
“Um partido como o PAN num
Governo com o Partido Socialista é
uma séria ameaça ao mundo rural. Se
tal acontecer, não vamos Æcar para-
dos. Temos de ser nós a defender o
mundo rural”, disse ao PÚBLICO
Jacinto Amaro.
Em Portugal existem cerca de 250
mil caçadores com carta para caçar.

cujo presidente, Jacinto Amaro,
“representa hoje cerca de 120 mil
caçadores”.
“Irá o Partido Socialista fazer um
entendimento com o PAN”, pergunta
a federação. Se isso acontecer, acres-
centa, “só nos resta prepararmo-nos
para criar uma plataforma ou um par-
tido que junte todos os agentes liga-
dos ao mundo rural e às tradições,
para nos confrontarmos no Parla-
mento com as mesmas armas.”
A Fencaça justiÆca a criação desse
partido ou plataforma com o facto de
os caçadores terem deixado “de con-
tar com os partidos tradicionais” para

28,4%
A sondagem da Pitagórica para o
JN e para a TSF apontava ontem
para 28,4% de indecisos. Dava
39,2% ao PS, 23,3% ao PSD, 10% a
BE e PAN, 7,7% à CDU e 5,6% ao CDS
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