Público - 17.09.2019

(C. Jardin) #1
Público • Terça-feira, 17 de Setembro de 2019 • 47

DESPORTO


O surÆsta português Frederico
“Kikas” Morais vai apostar forte nas
duas provas do circuito de qualiÆ#
cação [WQS] que vão decorrer em
águas portuguesas, primeiro nos
Açores e depois na Ericeira, em bus-
ca da requaliÆcação para o circuito
mundial.
“Kikas” chegou ontem a Lisboa
depois de uma participação muito
positiva nos Mundiais de surf que
decorreram em Miyazaki, no Japão,
que valeu uma vaga a Portugal para
os Jogos Olímpicos de 2020, e garan-
tiu que está num bom momento de
forma para atacar o objectivo de
regressar à elite mundial do surf.
“Depois do Japão, sinto-me bem,
sinto-me feliz, as pranchas estão
boas e agora é focar “heat” [bateria]
a “heat” e tentar chegar mais perto
do meu objectivo, que é voltar à
elite do surf mundial, que é das
coisas que eu mais quero neste
mundo. Sinto que pertenço, sinto
que tenho o surf para lá chegar, e
acho que o provei este ano com o
terceiro lugar no Brasil. Estou ansio-
so por voltar a competir nos Aço-
res”, realçou.
O Azores Airlines Pro, de 6000
pontos, vai ser disputado entre 17 e
22 de Setembro, na praia de Santa
Bárbara, em São Miguel, nos Açores,
e, logo a seguir, vai decorrer o EDP
Billabong Pro Ericeira, de 10.000
pontos (24 a 29 de Setembro), na
praia de Ribeira d”Ilhas, cuja onda
“encaixa como uma luva” no estilo
do surÆsta luso.
“Adoro a onda, adoro o sítio, ado-
ro a Ericeira, passo muito tempo lá.
Sinto-me em casa”, sublinhou. De
resto, este pode ser um mês funda-
mental para as aspirações de
“Kikas” de regressar ao circuito
mundial [WCT].
O surÆsta português, que em Abril
venceu o Pro Santa Cruz (3000 pon-
tos), prova do WQS que também se
disputou em Portugal, está neste
momento no 30.º lugar do ranking
do WQS e no 34.º posto do ranking
do WCT. Lusa

Frederico


Morais: “Sinto


que pertenço


à elite do surf ”


Surf


“Kikas” garantiu a presença
nos Jogos Olímpicos de
2020 depois de um bom
desempenho na etapa
nipónica do Mundial.

Breves


Atletismo

Xadrez

Maratona de Lisboa
com mais de 6000
inscritos

Nakamura eliminado
prematuramente
da Taça do Mundo

O presidente do Maratona
Clube de Portugal, Carlos
Móia, anunciou ontem que a
sétima edição da Maratona de
Lisboa já conta mais de 6000
inscritos, mas ambiciona
atingir no futuro a fasquia dos
10.000 participantes. Na
apresentação da Maratona de
Lisboa — que liga os
concelhos de Cascais, Oeiras
e Lisboa — e da
Meia-Maratona — com início
na Ponte Vasco da Gama —, o
responsável pela organização
do evento de 20 de Outubro
admitiu que a corrida de 42
km terá de aumentar os níveis
de adesão para poder elevar o
cartaz de atletas estrangeiros
convidados. Móia enfatizou
ainda a necessidade de “fazer
um percurso mais rápido”
para ir ao encontro dos
interesses dos atletas, embora
tenha já admitido que “não é
fácil encontrar um trajecto”
novo.

Hikaru Nakamura saiu pela
porta pequena da Taça do
Mundo ao ser eliminado nos
32 avos-de-final da prova, que
está a decorrer na cidade
russa de Khanty-Mansiysk. O
norte-americano parece não
conseguir ultrapassar a crise
que o tem afectado no ritmo
clássico e foi suplantado pelo
germânico de origem romena,
Peter Liviu-Nisipeanu, logo na
primeira partida do minimatch,
não conseguindo recuperar
do desaire na 2.ª partida. A
maioria dos favoritos resolveu
a seu favor a eliminatória sem
necessitar de recorrer ao
desempate com ritmos de
Ex-árbitro e comentador reflexão mais curtos.
de futebol

Um dos casos que queria abordar
referente à última jornada da I Liga
prende-se com o terceiro golo do
FC Porto, obtido aos 97 minutos e
48 segundos. A lei 7 (A duração do
jogo) no seu ponto 3, fala da
“Recuperação do tempo perdido”.
Aí se diz que o quarto árbitro deve
indicar o tempo adicional mínimo
decidido pelo árbitro no Ænal do
último minuto de cada período de
jogo. Esse tempo adicional pode
ser aumentado pelo árbitro, mas
não reduzido.
Fazendo o Ælme do que
aconteceu, e por ordem
cronológica, tivemos aos 89m57s
uma infracção cometida por Alex
Telles sobre Marlos, à entrada da
área. Esse lance precisou da
intervenção do videoárbitro (VAR),
resultando, em termos de decisão
Ænal, num livre directo, pois a
infracção foi fora da área e de um
cartão vermelho para o jogador
portista por anular uma clara
oportunidade de golo.
Ora, o quarto árbitro ao minuto
90 tinha levantado a placa a dar
cinco minutos de tempo adicional,
o que signiÆcava que o jogo
terminaria ao minuto 95. Entre a
infracção de Alex Teles e a decisão
Ænal do árbitro em punir técnica e
disciplinarmente o jogador, o pôr a
bola no local, marcar a distância da
barreira, aplicar o spray no relvado
e apitar para o recomeço de jogo,
passou precisamente 3m57s, ou
seja, o jogo esteve parado quatro
minutos. Assim sendo, o Ænal da
partida passou intrinsecamente do
minuto 95 para o minuto 99, ou seja
teve de ser adicionado aos cinco
minutos de tempo adicional inicial
mais quatro, fazendo com que o
jogo tivesse de ser prolongado atá
ao minuto 99. Perante isto
percebe-se que o golo obtido aos
97m48s foi legal, quer pela jogada
em si, quer por estar dentro do
tempo de compensação que a lei
claramente obriga o árbitro a dar.
Noutro jogo da jornada,
BenÆca-Gil Vicente, ao minuto


nove, foi assinalado, e bem, um
penálti a favor do BenÆca, por
infracção cometida por Nogueira
sobre Pizzi. Não é da infracção que
quero falar, mas sim da execução do
penálti que foi defendido pelo
guarda-redes Denis.
Quanto a Pizzi, que correu para a
bola e perto desta interrompeu a
corrida fazendo a “paradinha”, esta
acção é legal, ou seja, até chegar à
bola o executante pode fazer as
“paradinhas” que quiser. Mas após
colocar o pé de apoio no chão junto
da bola, aí é que tem de num único
movimento executar o remate, não
podendo fazer qualquer Ænta ou
simulação.
Quanto ao guarda-redes, nesta
época foram clariÆcados alguns
aspectos e modiÆcados outros.
Assim sendo, o guarda-redes deve
permanecer na linha de baliza, de
frente para o executante, entre os
postes, sem tocar neles ou na barra
transversal ou nas redes, até a bola
ser pontapeada. Não pode estar
atrás da linha de baliza e quando a
bola é pontapeada deve ter pelo
menos parte de um dos pés a tocar
ou alinhada com a linha de baliza.
Na prática foi dada a partir desta
época a possibilidade de antes de a
bola partir, o guarda-redes
movimentar um pé para a frente
reagindo antes da execução, desde
que o outro pé Æque na linha ou na
projecção da mesma. Foi também
informado que os VAR poderão
intervir nestas situações, desde que
a infracção seja muito evidente ou
clara. Na prática, num ligeiro
adiantamento não intervém.
Dentro desta perspectiva a acção
de Denis é aceitável e a sua defesa
não é passível de repetição do

Análise


Pedro Henriques


penálti. De realçar ainda que se um
guarda-redes se movimentar para a
frente não cumprindo a lei, se for
golo, em obediência à lei da
vantagem valida-se o mesmo, se não
for golo, para além da repetição do
penálti o guarda-redes é advertido
com o respectivo cartão amarelo.
Do jogo Boavista-Sporting
destaque para a expulsão de Bruno
Fernandes por acumulação de
cartões amarelos. Se o segundo, já
em tempo de desconto, pode ser
discutível, no que diz respeito ao
limite entre a imprudência e a
negligência como factor
diferenciador para ser ou não
mostrado o cartão pela entrada
sobre o seu adversário, já o primeiro
cartão amarelo resulta de protestos
por palavras da decisão do árbitro.
Um cartão evitável, num
comportamento recorrente do
capitão “leonino”, que pode e deve
repensar a sua constante atitude e
postura perante os árbitros e as suas
decisões. Por norma, isso não traz
nada de bom, nem para ele, nem
para a sua equipa.
Por Æm, abordo a questão da
protecção que deve ser dada a todos
os jogadores de futebol, no que diz
respeito a infracções sucessivas que
sofrem ao longo do jogo. Sobre
Bruno Fernandes foram cometidas
dez faltas e seis delas pelo mesmo
jogador, motivos mais que
suÆcientes para que houvesse
sanções disciplinares enquadradas
na lei 12 que prevê, nas infracções
passíveis de advertência no ponto
onde se refere ao “infringir com
persistência as leis de jogo”.

O golo do FC Porto, o penálti


do Benfica e a expulsão


de Bruno Fernandes


FERNANDO VELUDO/LUSA
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