A Gazeta 4 de março 2019

(Pinheirojpa) #1
SEGUNDA,04 DE MARÇO DE 2019 POLÍTICA
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| EM BUSCA DE APOIO |


Depois de ignorar, governo já


traça estratégia por partidos


Inicialmente, Planalto
tratou com bancadas
temáticas, mas sofreu
derrotas no Congresso


BRASÍLIA


Oprimeiromêsdetraba-
lho do Congresso expôs o
revés da principal estraté-
gia anunciada pelo gover-
noBolsonaroparaaforma-
ção de uma maioria parla-
mentar.Oapoiodasbanca-
das temáticas mostrou-se
frágil diante de orienta-
ções partidárias para der-
rotar o Planalto, como no
caso do decreto que fragi-
lizava a Lei de Acesso à In-
formação. Na ocasião, o
governo teve a seu lado
apenas57dos513deputa-
dos, sendo 50 do PSL.
Integrantes dessas ban-
cadas dizem ter avisado o
Planalto desde o início de
que esse tipo de articulação
não poderia substituir uma
negociação tradicional com
partidos. “No Congresso, a
estrutura, inclusive regi-
mental, é partidária. Não
pode ficar com discurso de
querer fazer antagonismo
develhaenovapolítica,tem
que ter uma política só e
usar os instrumentos que o
governo dispõe para apro-
var”, afirmou o deputado
Alceu Moreira (MDB-RS),
presidente da poderosa
bancada ruralista.


Alçado a um dos cargos
de vice-líder do governo, o
coordenador da frente par-
lamentar da segurança pú-
blica, Capitão Augusto
(PR-SP), vai na mesma li-
nha: “A gente já tinha can-
tado a bola sobre as banca-
das temáticas. Os partidos
se fortaleceram demais
com a fidelidade partidária
e o modelo de financia-
mento de campanha”.
Dirigente da frente par-
lamentar evangélica, o de-
putado Sóstenes Cavalcan-
te (DEM-RJ) ressalta tam-
bém a dificuldade de se for-
mar maioria sem os parti-
dos e destaca que, além dis-
so, o tratamento dado pelo
governo aos parlamentares
atrapalha qualquer articu-
lação. “A orientação de pai-
nel não é frente parlamen-
tar,épartido.Eeusoudadi-
retoria da frente parlamen-
tar evangélica e não tem in-
terlocução. Realmente não
sei a fórmula que o governo
vaiusarparafazersuabase.
Quemtemquedaressares-
postaéogoverno”,afirmou
o deputado do DEM.
Com sua ideia inicial de
articulação frustrada, o Pla-
nalto sinalizou nas últimas
semanas outra estratégia
que acabou por irritar ainda
mais os parlamentares. Tan-
to na apresentação do paco-
te anticrime do ministro da

Justiça,SérgioMoro,quanto
nareformadaPrevidência,a
primeira exposição detalha-
da foi feita a governadores e
não aos congressistas.
AideiadoPlanalto,espe-
cialmente na Previdência, é
queoschefesdosexecutivos
estaduaispressionemosde-
putados a apoiar a propos-
ta. O vice-líder do governo,
Capitão Augusto (PR-SP),
criticaaideia.“Quemvaico-
locar digital é deputado,
não é governador”, disse o
parlamentar paulista.
O governador de Goiás,
Ronaldo Caiado, afirma
que o papel no debate será
complementar. Segundo

ele, os chefes dos Executi-
vosestaduaisvãoajudarno
sentido de sensibilizar os
deputados, mas sem a pre-
tensão de substituir os par-
tidos. “Os governadores
têm uma capacidade de
ação mais limitada. É lógi-
coqueospartidostêmuma
atuaçãomaispróxima.Não
é que um deputado vai ser
pautado por governador, o
quevamosfazerémostrara
realidade de cada Estado e
sensibilizar os parlamenta-
res”, afirmou Caiado.
Um experiente líder do
centrão destaca que somen-
te no Nordeste haveria uma
influência maior de gover-

nadores sobre as bancadas,
mas é justamente nessa re-
giãoqueosgovernadoresre-
lutam mais em aprovar a re-
forma da Previdência. Com
a dificuldade nesses cami-
nhos heterodoxos, o gover-
no promoveu uma reunião
dopresidenteJairBolsonaro
com líderes de 19 partidos e
o ministro da Casa Civil,
Onyx Lorenzoni (DEM), e
afirmou a eles que cargos
disponíveis nos Estados se-
riam abertos a nomeações
políticas, desde que aten-
dam a requisitos técnicos.
Ogovernovemchaman-
do a ideia de “banco de ta-
lentos”, na tentativa de dar
umvernizàsindicaçõespo-
líticas.Tambémparatentar
desvincular essa prática do
queéchamadode“tomalá,
dácá”,oPlanaltodizqueas
composições serão com as
bancadas estaduais. A divi-
sãodoscargosnosEstados,
no entanto, sempre ocor-
reu dessa forma.
Outro recado dado pelo
governo é o de que não vai
contingenciar emendas
parlamentares,recursosem
geral usados nas bases dos
deputadosequetêmexecu-
ção impositiva. Esse dinhei-
ro, no entanto, pode ser re-
presado no mesmo percen-
tual da economia que o go-
verno fizer em outras áreas.
(AgênciaOGlobo)

LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Plenário da Câmara: o governo federal precisa de votos para aprovar propostas

EDUCAÇÃO

CONVOCAÇÃO


DE MINISTRO


Líderes do centrão co-
gitam impor um novo
desgaste ao governo
após o carnaval. A ideia
é aprovar requerimento
do oposicionista Ales-
sandro Molon (PSB-RJ)
e convocaçar o ministro
da Educação, Ricardo
Vélez Rodríguez, depor
no plenário. Ele disse
que os brasileiros são
como “canibais”.

CARLOS BOLSONARO


Presidente diz que seguirá


ouvindo sugestões do filho


BRASÍLIA


OpresidenteJairBolsona-
ro (PSL) saiu em defesa do
filho Carlos na noite de on-
tem, afirmando que há pes-
soas que querem afastá-los,
mas“nãoconseguirão”.Jun-
to com a mensagem, o pre-
sidente publicou, nas redes
sociais, uma foto em que
Carlosoamparaemumcor-
redor de hospital.
“Algumas pessoas foram
muito importantes em mi-
nhacampanha.Porém,uma
se destacou à frente das mí-
diassociais,comsugestõese
conteúdos: Carlos Bolsona-
ro, meufilho.Não poracaso
muitos, que nada ou nunca


fizeram para o Brasil, que-
rem afastá-lo de mim”, es-
creveu o presidente.
“Não conseguirão: es-
tando ou não em Brasília
continuarei ouvindo suas
sugestões”, concluiu. A in-

fluência do filho, que é ve-
readornoRiopeloPSC,tem
sido motivo de insatisfação
de alguns militares ligados
aogovernoetemgeradocrí-
ticas de políticos da base.
(Comagências)

TWITTER/JAIR BOLSONARO

Bolsonaro e Carlos em foto postada pelo presidente

NETO DO LULA


Malafaia critica publicação


de Eduardo Bolsonaro


Deputado federal, por
sua vez, em mais uma
postagem no Twitter,
tentou se justificar

RIO
O pastor Silas Malafaia
criticou a postagem do
deputado federal Eduar-
do Bolsonaro (PSL-SP),
filho do presidente Jair
Bolsonaro (PSL), sobre a
liberação do ex-presiden-
te Lula (PT) para que
acompanhasse o velório
do neto, no último sába-
do. Por meio do Twitter,
Malafaia, que na campa-
nha presidencial do ano
passado caminhou ao la-

do da família Bolsonaro,
pediu “compaixão”.
“O filho do presidente
Bolsonaro, Eduardo Bolso-
naro, perdeu uma ótima
oportunidadedeficardebo-
ca fechada na questão que
envolveofuneraldonetode
Lula. O sábio Salomão já di-
zia que até o tolo quando se
cala,sepassaporsábio.FAL-
TA COMPAIXÃO!”, postou
Malafaia na rede social.
Também no Twitter,
Eduardo havia escrito o se-
guinte: “Quando o parente
de outro preso morrer ele
também será escoltado pe-
laPFparaoenterro?Absur-
doatésecogitarisso,sódei-

xaolarápioemvogaposan-
do de coitado”.
JáMalafaiaaindapubli-
cou uma mensagem para
Lula: “MEUS SENTIMEN-
TOS. Sou avô e entendo a
dordeLula.Deusconsoleo
coração dessa família. Só
insensíveis para falarem
asneira em uma hora des-
sa. Sou 100% contra Lula,
masnessemomentodedor
profunda,nãocabeconjec-
turas políticas”.
Depoisdeseralvodecrí-
ticas, o deputado emen-
dou: “Sobre a morte da
criança, é óbvio que é um
fato lamentável e indesejá-
vel”.(AgênciaOGlobo)

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