A Gazeta ES - 05 03 2019

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GoleirosnegrostitularesemCopasdoMundo


1950
Barbosa -Foi crucificado
por ter sofrido gol do
Uruguai na final, em
pleno Maracanã.

1966
Manga -Era reserva de
Gilmar, que se machucou.
Foi titular no último jogo
e foi criticado.

2006
Dida -Em sua terceira
Copa, foi titular e um dos
destaques do Brasil. Ainda
assim, não foi unanimidade.

BATALHA DOS


NEGROS


POLÊMICADeclaração recente de Jefferson retomou a


histórica discussão sobre racismo com goleiros no Brasil


Marcella Scaramella
[email protected]
Em pleno 2019 há quem
acredite que não dá para
confiaremgoleirosnegros.
Ficou surpreso? O racismo
deixa marcas debaixo das
travesnoBrasildesdeos
anos 50. Não é novidade
que incontáveis jogadores
no país do futebol são ne-
gros. Mas quantos camisas
1 negros atualmente de-
fendem a meta dos seus ti-
mes? Pouquíssimos. E por
qual motivo: falta de quali-
dade ou preconceito?
Os números não mentem.
Quando o assunto é Série A
do Campeonato Brasileiro,
dos 20 times, apenas um tem
um goleiro negro titular: o
FluminensecomRodolfo.No
Capixabão, titulares, temos
Walter, do Serra, Bambu, do
Atlético Itapemirim, e Paulo
Henrique, do Real Noroeste.
Na Seleção Brasileira não é
diferente. Poucos negros es-
tiveram na meta do Time
Canarinho nos últimos
anos. O goleiro Barbosa foi
umdosgrandessímbolosdo
preconceito e da persegui-
ção. Ele se tornou o vilão da
Copa de 50 na derrota do
Brasil para o Uruguai, em

plena final no Maracanã.
Considerado um dos
melhores arqueiros da-
quela época, Barbosa eter-
nizou a seguinte frase. “A
pena máxima por um cri-
me no Brasil é 30 anos. Eu
pago por aquele gol há 50”,
disse ele, que foi proibido
pela comissão técnica de
se aproximar da Seleção,
em 1994, antes do tetra. Sua
presença “daria azar”.
Depois de 1950, entre
muitos surgimentos e de-
saparecimentos de gera-
ções–comoManga,quefez
apenas um jogo na Copa de
66 -,o gol do Brasil só voltou
a ter um goleiro negro co-
mo titular absoluto em
2006, com Dida. Ele tam-
bém chegou a ser questio-
nado debaixo das traves.

Décadas e décadas se
passaram e o tabu conti-
nua. Recentemente o ex-
goleiro Jefferson, ídolo do
Botafogo, deu uma decla-
ração contundente. Cam-
peão mundial sub-20 em
2003 e hoje aposentado,
contou que ficou de fora
da seleção pela sua cor.
“Na convocação para a se-
leção sub-20, estava pratica-
mente decretado quem se-
riam os goleiros. Quando
saiu a lista, na época ia ser em
janeiro, eu estava certo que
meu nome estava lá e, para
minha surpresa, quando vi
no jornal meu nome não es-
tava. Fiquei muito chateado.”
O campeonato mudou de
data e passou para dezem-
bro. E eis que Jefferson rece-
beu a notícia: “Faltando um
mês para a convocação eu
nem estava esperando, en-
tão recebi uma ligação: ‘E aí,
está preparado para voltar à
Seleção? A gente iria te con-
vocar lá atrás, só que a gente
foi barrado, porque não po-
deria convocar goleiro ne-
gro’. Tinha uma pessoa (da
CBF) que falou que não po-
deria convocar. Essa pessoa
saiueagorapodemosfazero
que quisermos fazer’”.

“A gente iria


te convocar, só


que a gente foi


barrado. Não


podia convocar


goleiro negro”
COMUNICADO QUE O GOLEIRO
JEFFERSON RECEBEU EM 2003

VITOR SILVA/SSPRESS


Ídolo alvinegro, o
goleiro Jefferson
se aposentou
recentemente

HEULER ANDREY/MOWA PRESS

Jefferson já vestiu a camisa da Seleção, mas nunca foi titular em uma Copa do Mundo
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