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(Pinheirojpa) #1

Economia • p. 12B
cometeu, mas porque tem um passivo potenci-
al muito grande que pode reduzir sua rentabili-
dade no futuro. O valor da ação caiu quando o
mercado quantificou esses danos e subiu diante
da alta do preço do minério de ferro.
O mundo é muito maior que isso. E a mudan-
ça da Vale tem que mirar esse objetivo mais am-
plo e permanente: transformar suarelação com
as comunidades nas quais atua, com o meio am-
biente e com os rios. Se ela não mudar de fato,
ela morre. Empresas deixam de existir quando
não sabem reagir às grandes crises. A mudança
tem que ir muito além da alteração de nomes ou
novos truques de publicidade. E preciso um co-
mando para a empresa que consiga fazer uma
transição real para uma nova Vale.
País precisa investir R$ 566 bilhões em rodovias
Cálculo da Confederação Nacional dos Transportes é mais que cinco vezes o previsto pelo governo para os próximos
30 anos com concessões à iniciativa privada. 0 modelo de leilão, outorga ou menor tarifa, será definido caso a caso
GERALDADOCA
geraldaiabsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
O plano do governo federal
para investimentos em
rodovias — que prevê um
montante de R$ 100 bilhões
nos próximos 30 anos —não
é suficiente para melhorar as
condições das estradas, ava-
lia a Confederação Nacional
dos Transportes (CNT). A
entidade calcula que, para
acabar com os gargalos no se-
tor, é necessário investir R$
566,6 bilhões, incluindo 981
projetos de integração rodo-
viária nacional e 234 em áre-
as urbanas, como corredores
expressos (BRT ou VLP).
O ministério de Infraestru-
tura prevê que os investi-
mentos serão feitos por con-
cessionárias privadas e viabi-
lizados mediante licitações.
O modelo a ser usado vai de-
pender do perfil da rodovia.
Via Dutra, Rio-Teresópolis e
Rio-Petrópolis, por exemplo,
serão oferecidas por meio do
modelo de outorga, ou seja,
quem der o maior lance ga-
nha, contribuindo para ele-
var a arrecadação do gover-
no. As três já estão qualifica-
das no Programa de Parcerias
de Investimentos (PPI).
Outros trechos de rodovi-
as serão leiloados pelo crité-
rio da menor tarifa, sem co-
brança de outorga. Ganha
quem oferecer o maior des-
conto em relação ao valor
básico do pedágio. Seguirão
esse modelo, por exemplo,
um trecho da BR-101 em
Santa Catarina e da BR-
no Pará.
META OUSADA
O levantamento da CNT
mostra que, considerando o
volume do investimentos no
setor nas duas últimas déca-
das, é pouco provável que o
governo consiga concretizar
esse plano. Em 2017, por
exemplo, as concessionárias
privadas investiram R$ 6,
bilhões. Foi o quarto ano se-
guido de queda. Parte desse
resultado se deve ao pico das
concessões rodoviárias, em
2012, quando os valores atin-
giram R$ 8,9 bilhões. A reces-
são econômica também pe-
sou no resultado.
Segundo a CNT, só em obras
urgentes, como restauração
do asfalto e readequação das
vias desgastadas, são necessá-
rios R$ 48 bilhões em investi-
mentos imediatos. Para o pre-
sidente da CNT, Vander Costa,
o volume de recursos que o go-
verno quer ver investido no se-
tor é "pífio" diante das necessi-
dades do país nessa área.
— Sem fortes investimen-
tos em infraestrutura de
transporte, o Brasil não cres-
ce —afirma Costa, acrescen-
tando que a solução passapor
outros modelos de investi-
mentos, como Parcerias Pú-
blico-Privadas (PPPs).
Costa destaca que o governo
federal —que não tem fôlego
para colocar dinheiro público
nas rodovias —também preci-
sa melhorar o modelo de con-
cessões e diz que aentidade es-
tá disposta a colaborar porque
conhece de perto os proble-
mas das estradas. Ele afirmou
que os novos contratos devem
prever, por exemplo, qualifica-
ções técnicas para o tipo de as-
falto a ser usado, a fim de asse-
gurar maior durabilidade, e
também o raio de curvas para
reduzir acidentes.
Para o presidente da Asso-
ciação Brasileira de Conces-
sionárias de Rodovias (AB-
CR), César Borges, a meta do
governo é ousada e, para ser
cumprida, seria necessário
realizar quatro concessões a
cada ano, somando 20 proje-
tos ao longo de três décadas.
Para isso, será preciso acele-
rar os processos, pois nos úl-
timos cinco anos, apenas
uma, a Rodovia de Integra-
ção do Sul (RIS), foi licitada.
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" PÁTRIA AMADA


1 .BRASIL GOVERNO FEDERAL^

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