A Gazeta [ES] 6 03 2019

(Pinheirojpa) #1

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ECONOMIA QUARTA,06 DE MARÇO DE 2019


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BEATRIZ SEIXAS


LEIA.AG/BEATRIZSEIXAS

Supermercados: olho no


futuro e pé no passado


O segmento supermercadista do Es-
pírito Santo começou a fazer pesquisas e
levantar informações para lançar no se-
gundo semestre deste ano um censo do
setor. A ideia da Associação Capixaba de
Supermercados (Acaps) é identificar
quantos são os estabelecimentos pelo Es-
tado, em quais bairros de cada cidade
estão localizados, qual o perfil das lojas,
quantos metros quadrados em média
tem as unidades, além de quantos em-
pregos são criados e quais as caracte-
rísticas principais dessa mão de obra.
Segundo o presidente da Acaps, João
Falqueto, este será o segundo raio-x feito
pela entidade. O primeiro aconteceu em



  1. De acordo com ele, a intenção é
    atualizar os dados e buscar informações
    mais precisas para que os empresários
    tenham condições de tomar decisões mais
    certeiras no curto, médio e longo prazos.
    “A partir dos dados, poderemos en-
    tender melhor como evoluímos nesse
    tempo e teremos um retrato mais atual
    do setor. Assim, seremos capazes de pro-
    jetar melhor as nossas ações de agora, e
    melhorar a projeção dos negócios para


os próximos anos”, ponderou Falqueto ao
citar que o lançamento do censo vai
acontecer na segunda quinzena de se-
tembro, durante a feira Acaps Panshow.
A busca por informações e por mais
subsídios para os negócios atenua um
caminho que o setor supermercadista ca-
pixaba vem traçando ao longo dos úl-
timos anos: o da profissionalização, o da
melhoria de processos e o do investi-
mento em tecnologia e inovação. Aliás,
esses “lemas” foram reforçados durante a
crise por muitos empresários como forma
de sobreviver no mercado e de manter a

saúde financeira das empresas. Aqueles
que os ignoraram, ficaram no meio do
caminho ou tentam agora se reerguer
juntamente com a própria economia, que
ainda se recupera meio cambaleante.
Mas se o setor tem olhado para frente
nos quesitos conhecimento e eficiência,
no quesito abertura das lojas aos do-
mingos aí ele já dá sinais que “anda de
lado” para não dizer para trás.
Depois de patrões e empregados con-
cordarem, na convenção coletiva de 2018,
que o funcionamento dos supermercados
nesse dia seria facultativo em todo o Es-
tado, ou seja, abre quem quer, na semana
passada voltou ao radar do setor fechar as
portas. Um verdadeiro retrocesso!
Com o carnaval, o impasse perdeu
força, mas certamente deverá retornar à
pauta dos sindicatos e das associações
de trabalhadores e patrões ao longo des-
te ano. Dificilmente o que foi definido
em 2018 será modificado sem que haja
uma nova convenção. Mas só do assunto
ter vindo à tona novamente demonstra
que precisamos amadurecer melhor al-
guns conceitos ligados ao capitalismo e
ao livre mercado.
Onde já se viu empresários alegarem
baixo movimento e prejuízos com o fun-
cionamento dominical para não simpa-
tizarem com a abertura geral nesse dia

da semana? Ora, se abrir não vale a
pena, basta ficar fechado. A solução é
simples. Na condição atual, ninguém es-
tá sendo obrigado a abrir as portas.
O problema é que fica difícil admitir
que “eu não quero funcionar, mas tam-
bém não quero que o meu vizinho o faça”.
Nenhum dono de supermercado fala isso
abertamente. Por isso que muitas vezes a
responsabilidade para os estabelecimentos
não abrirem recai sobre os trabalhadores,
que também têm sua parcela de con-
tribuição para as lojas terem ficado fe-
chadas ao longo de nove anos.
É importante deixar claro que tanto
trabalhadores quanto empresários têm
motivos e justificativas que, em muitos
casos, são válidas. Mas elas não devem
inviabilizar todo um acordo. Aliás, elas
não devem ser uma pá de cal para a
livre iniciativa.
O PhD em Economia e economista-che-
fe da Apex Partners, Arilton Teixeira, ava-
lia esse imbróglio como um desestímulo
para a competição. “Estão querendo usar o
Estado para criar um cartel. Isso vai contra
o livre mercado. Essas discussões não fa-
zem o menor sentido, ainda mais con-
siderando que temos 12 milhões de de-
sempregados e passamos por uma refor-
ma trabalhista, que certamente facilitou as
contratações aos domingos.”

Rumo à China
Empresários do Estado e representan-
tes do Sindirochas e do Centrorochas
participam da Xiamen Stone Fair 2019,
maior feira mundial do setor de rochas
que acontece na China de hoje até
sábado. Os capixabas estão indo atrás
de negócios com o país asiático, que já
é o segundo principal mercado de ro-
chas nacionais, fica atrás apenas dos
Estados Unidos. Entre 2015 e 2018, a
China aumentou a importação de pro-
dutos brasileiros em 33,4%.

Até o fim do ano sai
Na última semana, Ministério Público do
ES, governo do Estado e a BR Distri-
buidora participaram de uma audiência
para definir alguns pontos ligados à cria-
ção da ES Gás. A expectativa era de que
essa fosse a última reunião para enfim a
companhia estatal ser criada. Mas, como
o MP-ES fez alguns pedidos, tudo indica
que será necessário um novo encontro. A
previsão do procurador geral do Estado,
Rodrigo de Paula, é de que até o final de
2019 a ES Gás entre em operação.


Montenegro irá para EPL
O atual presidente da Codesa, Luis Clau-
dio Montenegro, deixará o cargo e pas-
sará a atuar na Empresa de Planeja-
mento e Logística (ELP), órgão vincu-
lado ao Ministério da Infraestrutura. A
informação é do ministro da pasta, Tar-
císio de Freitas. Ainda de acordo com
ele, a nomeação de Julio Castiglioni pa-
ra o comando dos portos públicos ca-
pixabas deverá acontecer nos próximos
dias. Enquanto isso, Castiglioni está na
Arsp, órgão regulador do ES.

| REFORMA TRABALHISTA |


Contribuição sindical diminui 90%


Entidades de patrões
e de trabalhadores
perderam recursos após
fim da obrigatoriedade


Sindicatos de trabalha-
doresedepatrõestiveram
os recursos drenados pelo
fim da obrigatoriedade da
contribuição sindical, co-
mo era esperado.
Dados oficiais mos-
tram que em 2018, pri-
meiro ano cheio da refor-
ma trabalhista, a arreca-
dação do imposto caiu
quase90%,deR$3,64bi-
lhões em 2017 para
R$ 500 milhões no ano
passado. A tendência é


queovalorsejaaindame-
nor neste ano.
O efeito foi uma brutal
quedadosrepassesàscen-
trais,confederações,fede-
rações e sindicatos tanto
de trabalhadores como de
empregadores. Muitas
das entidades admitem a
necessidade de terem de
se reinventar para manter
estruturas e prestação de
serviços.
Além de cortar custos
com pessoal, imóveis e
atividades, incluindo
colônia de férias, as al-
ternativas passam por
fusões de entidades e
criação de espaços de

coworking.
O impacto foi maior
para os sindicatos de tra-
balhadores, cujo repasse
despencou de R$ 2,24 bi-
lhões para R$ 207,6 mi-
lhões. No caso dos em-
presários, foi de R$ 806
milhões para R$ 207,6
milhões.
OantigoMinistériodo
Trabalho – cujas funções
foram redistribuídas en-
tre diferentes pastas –,
teve sua fatia encolhida
em 86%, para R$ 84,8
milhões.
Os valores podem cair
ainda mais por duas ra-
zões. Primeiro, na sex-

ta-feirapassada,1º,ogo-
verno editou Medida
Provisóriaquedificultao
pagamentodacontribui-
çãosindical.Otextoaca-
ba com a possibilidade
deovalorserdescontado
diretamente dos salá-
rios. O pagamento agora
deveráserfeitoporbole-
to bancário.
Segundo, sindicalis-
tas preveem que a arre-
cadaçãoserámenornes-
te ano, pois muitas em-
presas ainda desconta-
ram o imposto na folha
salarial em 2018 porque
tinham dúvidas sobre a
lei.(Agência Estado)

WILSON DIAS - ARQUIVO

Representantes da CUT: contribuições minguaram

EDSON CHAGAS - ARQUIVO

Luis Montenegro vai deixar a Codesa
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