Público - 13.09.2019

(Martin Jones) #1
Público • Sexta-feira, 13 de Setembro de 2019 • 23

LOCAL


O Pitoresco, Festival de Arte Urbana
a decorrer entre ontem e domingo
em Vila Real, quer “descentralizar a
arte” para fora da cidade, e vai home-
nagear os bombeiros locais e a Estra-
da Nacional 2, adiantou à Lusa a orga-
nização.
O festival de arte de rua, que se
realiza na localidade de Trás-os-
Montes, é organizado pela Instantes
Mutantes, em co-autoria com o
município de Vila Real, e tem como
objectivo para a quarta edição “a
descentralização da arte, para as
freguesias da cidade”, explicou
Eduardo Porto.
Uma das iniciativas irá levar à cria-
ção de um mural, pela primeira vez,
noutras zonas do concelho de Vila
Real. A localidade de Ludares, irá ter
um mural com o tema “A Pastorícia”,
por sugestão do presidente da União
de Freguesias de Constantim e Vale
de Nogueiras.
“O tema foi escolhido pela popula-
ção local, e esta mostrou interesse em
participar, em estar com os artistas.
No fundo, estamos a promover a cria-
ção de massa crítica”, defende.
Com um total de cinco novos
murais nesta edição, o festival conti-
nua a promover também homena-
gens, e este ano o alvo são os bombei-
ros locais, pelo artista Mon Devane,
e a Estrada Nacional 2, pelo artista
Godmess, esta numa associação com
a Junta de Freguesia de Vila Real.
Além de patrocinar a criação de
um mural que vai homenagear a
estrada que atravessa Vila Real e que
liga Portugal de norte a sul, entre Cha-
ves e Faro, ao longo de 739km, a fre-
guesia de Vila Real apoia também
uma oÆcina para crianças e jovens.
Já na “Rua dos Ofícios”, que tem
recebido homenagens a actividades
tradicionais como o latoeiro ou o olei-
ro, este ano focar-se-á na “tecedeira”,
pelo artista Draw e Contra.
Novidade para a edição de 2019 é
ainda o projecto Mutante Galery, que
“apresentará um novo formato de
galeria e espaço de exposição”, num
autocarro. Lusa

Pitoresco


leva arte de


rua para fora


da cidade


Vila Real


Vai ser criado um mural que
vai homenagear a estrada
que atravessa Vila Real
e que liga Portugal de norte
a sul, entre Chaves e Faro

O debate já ia longo, com apresenta-
ção de propostas de todos os partidos
representados na assembleia munici-
pal (com excepção do PS), quando
Rui Moreira pediu a palavra e prota-
gonizou, na quarta-feira à noite, o
primeiro momento de agitação no
hemiciclo portuense. Puxando dos
galões de independente, ainda que
eleito com o apoio do CDS, acusou as
restantes forças políticas de demago-
gia por levaram a debate municipal
“opiniões que ultrapassam as frontei-
ras da cidade”, em vésperas de legis-
lativas. “É uma vergonha pôr isto em
questão só porque há eleições.”
Caíam assim as esperanças que a
deputada Susana Constante Pereira
havia deixado no ar na primeira inter-
venção da noite, falando em preocu-
pações partilhadas, “divergências”
políticas ou ideológicas à parte. Foi
do seu grupo municipal, o BE, a ini-
ciativa de pedir, no final de Julho, uma
assembleia extraordinária centrada
na habitação. “Dizer que é por causa
das eleições é desvalorizar esta
assembleia”, respondeu. “As propos-
tas que fazemos são sérias.”
Apesar de a iniciativa ter partido do
BE, a preocupação foi quase transver-
sal. Para a CDU, é mesmo “o principal
problema” do Porto. Apesar de elogiar
a Lei de Bases da Habitação, recente-
mente aprovada, o deputado Rui Sá
não tirou ao Estado a responsabilidade
maior. Mas sem isentar a autarquia e a
“opção ultraliberal do presidente da
câmara, que considera o sacrossanto
mercado como o alfa e o ómega das
políticas habitacionais”. Por um lado,
apontou, uma lista de espera para
habitação social com mais de 1000
famílias mostra que “é necessário
construir mais”. Por outro, o boom
turístico que expulsou gente e inflacio-
nou as rendas.
Da bancada do PS puxou-se os galões
da lei de bases, que permitiu uma “den-
sificação legislativa” do artigo 65 da
Constituição: o do direito à habitação.
Pedro Braga de Carvalho classificou o
acesso à habitação como “uma das


“A paz, o pão, educação, saúde,


habitação... e o dinheiro?” Rui Moreira


pede mais Estado e nega pessimismo


to para 50% da redução da taxa do
IMI para habitação própria suscita-
ram mais dúvidas. A proposta foi
reprovada.
As recomendações multiplicaram-
se. E foi o BE foi quem mais ideias
apresentou, tais como alargar a sus-
pensão do AL, criar um observatório
municipal sobre as alterações na pro-
priedade do solo urbano, agravar o
IMI de imóveis devolutos em zonas
com pressão turística ou reforçar a
habitação social. Na moção, instou
António Costa a disponibilizar “imo-
biliário devoluto ou subutilizado” e
ainda “terrenos do domínio do Esta-
do” para fazer habitação “a custos
acessíveis e de renda técnica”. E tam-
bém uma “alteração no Regime do
Arrendamento Urbano” e a “cessação
das facilidades” para os vistos gold.
Todas as propostas foram recusadas.
Já a CDU conseguiu fazer passar

uma das suas propostas, a de inter-
venção nos bairros. O PAN teve luz
verde nas suas duas recomendações.
A única proposta consensual (decla-
rações de voto à parte) acabou por ser
a do grupo de Rui Moreira, num pedi-
do ao Governo para que dê meios aos
municípios para porem no terreno
projectos de renda acessível.
O deputado Raul Almeida foi o pri-
meiro a fazer a defesa do movimen-
to. Recordando que o Porto tem 13%
do edificado destinado à habitação
social (a média do país é de 2%) e que
nos últimos quatro anos se investiu
“85 milhões” na reabilitação de bair-
ros, recusou a ideia de ser precisa
mais habitação social. Rui Moreira
deixou uma proposta provocadora:
“Se acham que é preciso mais habi-
tação social, construam e a gente
arranja terrenos, nem que tenhamos
de os comprar”. A maior carência é,
no entanto, das “famílias mais
jovens” da “classe média”, defendeu.
Apontando o dedo ao Estado, não
poupou nas palavras: “Nos últimos
anos, dinheiro não vi. Produção
legislativa, sim. É a paz, o pão, edu-
cação, saúde, habitação... e o dinhei-
ro?”, perguntou.

Porto


Mariana Correia Pinto


Só quatro de nove propostas


foram aprovadas numa


assembleia municipal sobre


habitação. Um real


problema ou eleitoralismo?


Movimento de Rui
Moreira recusa

construir mais


habitação social e


aponta classe média
como prioridade [email protected]

grandes falhas do Estado social”. O
ónus da pasta é do Governo, disse, mas
a “intervenção autárquica” é essencial.
O deputado defendeu a criação de
“políticas multissectoriais”, pedindo
que não haja confronto entre a habita-
ção social e a de rendas acessíveis. Um
recado que, mais tarde, serviria que
nem uma luva à mensagem do grupo
Porto, O Nosso Movimento.
Bebiana Cunha, do PAN, fez uma
intervenção curta e objectiva, com
um “plano estratégico para a habita-
ção”, anunciou, argumentando que
“urgências de quem precisa de uma
habitação digna” não se compaginam
com “os solavancos” com que a maté-
ria tem sido tratada. Um diálogo com
o sector cooperativo pode também
ser parte da solução.
Da bancada do PSD saiu uma reco-
mendação chamada “habitação: um
direito por concretizar”. A deputada
Mariana Macedo defendeu um com-
bate à “gentrificação” e pediu progra-
mas de habitação pública capazes de
se pagarem a si mesmos. Propostas
como o reforço da habitação social
para a classe média e a criação de resi-
dências universitárias foram relativa-
mente pacíficas. Já a ideia de alargar
a ARU a toda a cidade, assim como a
isenção de IMI para jovens e o aumen-
NELSON GARRIDO

Recomendação do movimento de Rui Moreira, que pediu mais investimento do Estado, foi aprovada
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