Público - 13.09.2019

(Martin Jones) #1

30 • Público • Sexta-feira, 13 de Setembro de 2019


MUNDO


JOSE LUIS GONZALEZ/REUTERS

Os mais afectados são os cidadãos da Guatemala, Honduras e El Salvador

O Supremo Tribunal norte-america-
no autorizou a Administração
Trump, de forma temporária, a
negar os pedidos de asilo a centenas
de milhares de pessoas que tentam
entrar no país a partir da Guatemala,
Honduras ou El Salvador.
Esta medida, em particular, foi
anunciada pelo Presidente Donald
Trump em Julho, mas espera a deci-
são Ænal dos tribunais federais. Até
lá, o Supremo decidiu que a proibi-
ção da concessão de asilo pode con-
tinuar. “Grande vitória no Supremo
Tribunal dos Estados Unidos para a
fronteira em relação ao asilo!”, disse
Trump no Twitter.
Em causa está uma medida anti-i-
migração das várias que a Adminis-
tração Trump tem anunciado ou
posto em prática nos últimos dois
anos. A mais antiga e mais polémica
é a construção de um muro na fron-
teira com o México, que também
recebeu um novo impulso do Supre-

Trump autorizado a recusar


asilo a migrantes idos do Sul


mo Tribunal este ano — em Julho,
numa votação de 5-4, os juízes auto-
rizaram a Casa Branca a usar 2,5 mil
milhões de dólares do orçamento do
Pentágono para a construção da bar-
reira prometida por Trump na cam-
panha eleitoral de 2016.
Desta vez, o Supremo decidiu que
as agências de imigração podem cum-
prir as novas ordens do Presidente
Trump: se uma pessoa atravessar a
fronteira norte-americana de forma
ilegal, e se não tiver pedido asilo num
outro país antes de lá chegar, perde o
direito a fazê-lo nos EUA.
Os mexicanos são os únicos que
escapam à medida, já que não preci-
sam de passar por outro país para
entrarem nos EUA. Todos os outros,
em particular os de El Salvador, Hon-
duras ou Guatemala, têm de apresen-
tar pedidos de asilo recusados noutro
país, ou no México, para poderem
pedir nos EUA.
Esta nova medida de Trump está a
ser contestada nos tribunais porque
reverte a política vigente nos EUA
desde 1980. Até agora, a recusa dos
pedidos de asilo era feita com base
nos méritos desses pedidos, caso a
caso, e o processo não excluía nin-
guém com base no país de partida.
Desde o início do ano Æscal nos
EUA, em Outubro de 2018, foram
detidas 811.016 pessoas na fronteira
com o México, a maioria a viajar em

família (457.871) e 72.873 crianças sem
companhia. Do total, 588.875 são da
Guatemala, das Honduras e de El Sal-
vador, e 150.512 são mexicanos.
Mas é no número de famílias que
se nota mais a enorme diferença
entre os países visados pela Admi-
nistração Trump e o México: das
457.871 famílias que entraram de
forma ilegal nos EUA entre Outubro
de 2018 e Agosto, apenas 4312 eram
mexicanas.
Apesar de o Supremo não fazer
referência a qualquer votação entre
os juízes sobre o caso dos pedidos de
asilo, o facto de duas juízas da ala
liberal terem criticado duramente a
decisão sublinha a importância da
nomeação dos juízes Neil Gorsuch e
Brett Kavanaugh, ambos conservado-
res, pelo Presidente Trump.
“Mais uma vez, o poder executivo
emitiu uma decisão que tenta rever-
ter práticas antigas sobre os refugia-
dos que procuram refúgio da perse-
guição”, disse a juíza Sonia Sotto-
mayor.
Para além de Sonia Sottomayor,
também a juíza Ruth Bader Ginsburg
se pronunciou contra a decisão pro-
visória do Supremo Tribunal. Os
outros dois juízes da ala liberal, Elena
Kagan e Stephen Breyer, não se pro-
nunciaram em público.

Ordem do Supremo
Tribunal é temporária,
mas é uma vitória para
as políticas anti-imigração
do Presidente

EUA
Alexandre Martins

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A polícia de Hong Kong proibiu a
manifestação convocada para
domingo pela Frente Cívica de Direi-
tos Humanos (FCDH) que tem orga-
nizado os grandes protestos pró-de-
mocracia no território chinês.
A manifestação foi anunciada
depois de a FCDH ter considerado
insuficiente a decisão da chefe do
governo de Hong Kong, Carrie Lam,
de retirar a polémica lei da extradi-
ção que esteve na origem da eclosão
dos protestos, em Junho.
Bonnie Leung, a vice-coordenado-
ra da FCDH, que reúne mais de uma
dezena de partidos e organizações
não-governamentais, disse à Lusa,
que “o slogan que tem sido entoado
nas ruas é claro: ‘Cinco exigências:
nem uma a menos’”.
“[A lei da extradição] era a de res-
posta mais simples, mas as outras
quatro são igualmente importan-
tes”, sublinhou. São elas: a liberta-
ção dos manifestantes detidos, que
as acções dos protestos não sejam
identiÆcadas como motins, um
inquérito independente à violência
policial e a demissão de Lam e a elei-
ção por sufrágio universal do chefe
do governo e do Conselho Legislati-
vo (parlamento).
Na carta enviada pela polícia aos
organizadores da marcha, lê-se que
durante as manifestações “alguns
manifestantes não apenas comete-
ram actos de violência, incêndio
criminoso e bloqueios de estradas,
como usaram bombas de gasolina e
todos os tipos de armas para destruir
bens públicos em larga escala”.
A polícia considera ainda que a
manifestação foi convocada para
locais “muito próximos a edifícios de
alto risco”, entre eles a estação de
comboios de alta velocidade ou o
quartel-general da polícia. Os orga-
nizadores recorreram da decisão.
O governo local e a China, que no
dia 1 de Outubro celebra os 70 anos
da fundação da República Popular,
tentam travar o ímpeto dos protestos
que, na última semana, subiram de
tom com pedidos de ajuda aos Esta-
dos Unidos e à Europa.


Polícia proíbe


novo protesto


em Hong


Kong


China


Governo local tenta travar


o ímpeto do protesto


que dura desde Junho.


Organizadores vão recorrer


Breves


França

Espanha

Alemanha

Presidente do


Parlamento acusado


de favorecimento


PSOE rejeita coligação


à experiência com


o Unidas Podemos


Governo de Berlim


vai criminalizar


o upskirting


O presidente da Assembleia
Nacional francesa, Richard
Ferrand, foi acusado de
“apropriação indevida”. É
suspeito de ter favorecido
uma empresa da mulher
quando dirigia a mutualista
Mutuelles de Bretagne. O caso
eclodiu em 2017 e custou-lhe o
lugar de ministro da Coesão.
Agora que foi formalmente
acusado, Ferrand, que é a
quarta figura do Estado, disse
que não se demite.

O primeiro-ministro espanhol,
Pedro Sánchez, rejeitou a
proposta do Unidas Podemos
de uma coligação à
experiência. Pablo Iglesias
ofereceu aos socialistas a
possibilidade de romperem a
coligação após a aprovação
do Orçamento, mas Sánchez
recusou a ideia. Na
segunda-feira, o rei Felipe VI
começa a reunir-se com os
partidos para decidir se marca
novas eleições legislativas.

O Governo alemão anunciou
que vai criminalizar o
upskirting (fotografar
mulheres, sem as vítimas
perceberem, por baixo das
saias), considerando que é
“repugnante” e uma “violação
da intimidade”. Este
comportamento está a gerar
queixas em muitos países e já
é crime na Finlândia, Austrália,
Nova Zelândia e Índia.
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