Adega - Edição 159 (2019-01)

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Filho


pródigo?


Herdeiro caçula
de Dujac está “de volta”
ao negócio da família

P

aul é o mais novo dos três filhos de Jac-
ques Seysses. Pouco se ouve falar dele
quando se trata do famoso Domaine Du-
jac – batizado assim devido, obviamente,
à contração do nome Jacques. Seus dois
irmãos, Jeremy e Alec estão muito mais presentes na
gestão da vinícola fundada pelo pai em 1967 em Mo-
rey Saint-Denis. A “ausência” de Paul, que agora tem
estado cada vez mais participativo e inclusive viajado
como embaixador da marca no mundo, deve-se não
somente a uma questão de idade – “nasci na safra
1980, que foi um ano bom, não ótimo, mas muito
melhor que dos meus irmãos [risos]” –, mas também
por sua natureza.
Apesar de ter crescido em Morey, estudou na
Inglaterra e depois foi parar na “École hôtelière de
Lausanne”, a renomada escola de hotelaria suíça.
Quando voltou para a França, com os irmãos já ge-
rindo a empresa paterna, decidiu montar um negó-
cio próprio e abriu uma empresa de construção com
amigos – “fazíamos carpintaria e telhados”. Devido a
visões diferentes dos sócios, decidiu deixar a empresa
e montar um negócio na área gastronômica, e criou
um restaurante fast-food saudável chamado My Wok
há 11 anos, que hoje já é uma franquia com cinco
unidades. No início de 2017, porém, Paul saiu da
gestão, ficando apenas como acionista.
Desde então, vem cada vez mais se dedicando

aos negócios da família. “Agora estou mais ligado ao
trabalho em Dujac, que, para mim é parte do meu
coração e alma. Temos uma família muito unida, me
dou bem com meus irmãos, nos damos bem com
nossos pais, que agora estão divorciados, almoçamos
juntos quase todos os dias. Acho que meus pais de-
vem estar orgulhosos”, afirma.
Paul conta que está bastante ligado no projeto da
nova vinícola e, obviamente, ele está mais focado na
parte da construção. Em seu tempo livre, admitiu,
gosta de jogar pôquer. ADEGA teve a oportunidade
de conversar com ele com exclusividade durante sua
passagem pelo Brasil e traz um pouco de sua visão
sobre o negócio familiar.

A construção da nova vinícola
deve-se ao aumento de produção?
Não vamos aumentar a produção, mas, em al-
guns anos em que a produção é maior, temos
pouco espaço atualmente. Os vinhos não vão
mudar, mas vai ser mais prático, mais funcional.

A produção dos últimos anos tem aumentado devido aos
rendimentos e aquecimento global?
Nos últimos anos, tivemos a sorte de que os pio-
res anos ainda foram bons. Com o aquecimento
global, estamos um pouco mais preocupados
com as geadas, mas, em termos de maturação,
tivemos vinhos mais maduros mais cedo. Agora
quase todos os anos os vinhos estão maduros e
temos boa acidez, algo que sempre buscamos –
o equilíbrio entre maturação e acidez.

E também a suavidade dos taninos?
Queremos os taninos aveludados, o equilíbrio.
É por isso que buscamos o equilíbrio na madei-
ra também. Então usamos 75% de barrica nova
nos Grand Cru e 50% nos Premier Cru.

E a questão da fermentação de cachos inteiros, que foi
um dos grandes diferenciais de seu pai quando começou,
ainda se mantém?
Todos os vinhos são quase 90% fermentados
com cachos inteiros. A questão dos cachos intei-
ros deve-se mais à vinificação, em que se pode
controlar melhor a fermentação. Quando se
tem os cachos inteiros nas cubas, geralmente
se tem 10% mais de mosto imediatamente por
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