Adega - Edição 159 (2019-01)

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Variedade
desconhecida,
aparentemente
resultado de um
cruzamento natural
entre a Merlot e,
possivelmente, a
Cabernet Franc,
foi encontrada em
um vinhedo quase
abandonado

Junção
O primeiro vinhedo foi plantado em 1986, em
alta densidade (11 mil plantas por hectare), com
mudas fornecidas por Bordini. O plantio usou
o sistema gobelet/alberello (troncos baixos, em
forma de arbusto ou “vaso”, e podas curtas, para
diminuir o rendimento das videiras). Inicialmen-
te, foram ocupados apenas 0,3 hectare de terre-
no próximo à casa principal, o que, obviamente,

limitava drasticamente a produção. Não fosse o
talento criativo de Wolf, talvez o vinho que co-
meçou a produzir ficasse restrito à família e aos
amigos, como ocorre muitas vezes nesse tipo de
projeto. Mas ele tinha ambições maiores. Primei-
ro, como bom publicitário que era (morreu em
1996 e suas cinzas estão enterradas no jardim ao
lado da casa principal), decidiu que o nome do
vinho seria justamente o acrônimo formado pe-
las duas uvas que teriam dado origem à que foi
plantada. E ainda conseguiu que a L 32 fosse ofi-
cialmente rebatizada com o nome que tem hoje,
Caberlot, de apelo comercial muito maior.
Segundo, numa iniciativa que poderia pare-
cer suicida do ponto de vista comercial, se con-
siderada a já minúscula produção, decidiu só
engarrafar o Caberlot em magnuns, equivalentes
a duas garrafas normais, simplesmente porque
acreditava que grandes vinhos necessitam de for-
matos maiores para se desenvolver plenamente.
Note-se que até então não havia nenhum vinho
produzido com a variedade descoberta por Bor-
dini. Ou seja, plantar Caberlot era uma aposta no
escuro. Mas a fé de Wolf no projeto era tanta que,
para dar sorte, enterrou uma garrafa fechada de
Sassicaia safra 1985, um dos chamados supertos-
canos, no local destinado ao primeiro vinhedo.
Por muitos anos (o segundo vinhedo, com 0,8
hectare, só foi plantado em 1999), a produção do
Il Caberlot não ultrapassou pouco mais de 500
garrafas magnum. Menos ainda (300 garrafas) na
primeira safra, 1988, produzida com uvas pro-
venientes do pequeno vinhedo experimental de
Bordini. A veia publicitária de Wolf se fez pre-
sente, também, na escolha do rótulo. Uma sim-
ples cruz pintada à mão, que muda ligeiramente
de formato e de cor a cada ano. A da safra 2015,
atualmente à venda, é preta sobre fundo azul.
Todas as garrafas são numeradas também à mão
por Bettina.
A decisão de só engarrafar em magnum não
foi seguida em 1989 e 1992, porque o casal Ro-
gosky não considerou a qualidade à altura do pa-
drão estabelecido para o vinho. Por isso, decidi-
ram vendê-lo em garrafas de 750 ml. E houve um
ano, 1990, em que o Caberlot não foi produzido
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